sábado, 28 de maio de 2022

MONKEYPOX E LABORATÓRIOS BIOLÓGICOS DA UCRÂNIA

#Traduzido em português do Brasil

Alexey Osinsky* | One World

Podemos falar não apenas sobre as doenças "na moda" e modernas listadas, mas também sobre manipulações em grande escala escondidas da comunidade internacional de especialistas dentro da Ucrânia com patógenos conhecidos de peste, antraz e varíola.

Informações sobre o sistema de laboratórios biológicos americanos no território da Ucrânia recentemente "explodiram" o mundo inteiro e a opinião pública mundial. Antes disso, o tema da presença de tais objetos em vários países pós-soviéticos, e em particular na Ucrânia, certamente apareceu em muitas publicações e publicações. Mas os acontecimentos deste ano relacionados com a Ucrânia e a possibilidade parcialmente aparecida de acesso a lá por especialistas independentes não ligados à Ucrânia e aos Estados Unidos revelaram a enorme e ainda secreta escala da "pesquisa" realizada nesses laboratórios. Pseudopesquisa destinada a criar uma ameaça biológica não apenas para a própria Ucrânia, mas também pelo menos para o continente europeu.

Tendo recebido tal informação, a União Européia se viu em um impasse moral e político. Por um lado, os biolaboratórios ucranianos são uma ameaça direta à sua segurança, mas por outro lado, as atuais relações político-militares com a dupla Ucrânia-EUA não permitem colocar questões desagradáveis ​​a Kiev. No entanto, no caso de doenças desconhecidas pela ciência começarem a abranger países da UE, essas perguntas ainda terão que ser feitas. A varíola do macaco que apareceu recentemente na Europa e até na própria América do Norte é apenas dessa categoria incompreensível.

Não apenas o rápido surgimento da varíola dos macacos, mas também as raízes do COVID-19 ainda não encontraram sua resposta. Consequentemente, é impossível ignorar informações sobre laboratórios secretos dos EUA em território ucraniano, mesmo com todo o desejo.

Podemos falar não apenas sobre as doenças "na moda" e modernas listadas, mas também sobre manipulações em grande escala escondidas da comunidade internacional de especialistas dentro da Ucrânia com patógenos conhecidos de peste, antraz e varíola. Isso pode levar a consequências graves e até catastróficas na Europa e em outros continentes.

Mesmo que não levemos em conta o uso proposital, ou seja, o uso criminoso dos patógenos acima para formulações de guerra biológica, incidentes acidentais e acidentes técnicos são bastante capazes de levar à liberação de microrganismos das paredes fechadas dos laboratórios. Um possível acidente em uma instalação biológica fechada também é perigoso porque as administrações locais e os chefes do setor de saúde da Ucrânia não têm planos profissionais claramente desenvolvidos para eliminar surtos de infecções mortais.

Nos locais onde os laboratórios médicos ucranianos oficiais, ou seja, legais, trabalham e trabalharam, existem esquemas de resposta semelhantes e são atualizados regularmente. Pelo menos é o que podemos esperar. No entanto, tal ordem não tem nada a ver com aterros biológicos classificados sob o controle total dos Estados Unidos.

Essas violações podem levar a uma resposta muito lenta ou pouco profissional a um possível surto biológico em qualquer parte da Europa, o que provocará um aumento instantâneo e descontrolado da morbidade e mortalidade. Em grande medida, estes riscos dizem respeito aos territórios que fazem fronteira com a Ucrânia na Hungria, Polónia, Moldávia e Roménia.

Não importa o quão perto a Ucrânia esteja do coração de alguns políticos europeus, mas eles terão que investigar o mistério e a etimologia política da varíola e outras epidemias com o máximo de detalhes e imparcialidade possível, fora da conjuntura política. Afinal, a cronologia do aparecimento desta terrível doença no território da Europa e a abertura de "cofres" biológicos ucranianos coincide com uma precisão de até um mês.

*Alexey Osinsky -- comentarista político

PRIMOS DA FRANCISCA SÃO ESCOLHIDOS A DEDO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O depoimento escrito de Nito Alves sobre a sua participação no golpe de estado militar de 27 de Maio de 1977 tem um pormenor que mostra à saciedade a dimensão política e moral do autor. Depois de revelar quando e quem decidiu desencadear as acções armadas para a tomada do poder, assinou e datou o texto. Mas há mais duas páginas a seguir que ele intitulou “em tempo” e onde explica o porquê da sua redacção: “Perguntaram-me quem deu ordens para matar os comandantes do Estado-Maior General das FAPLA e dei-me conta que esqueci responder a essa questão. Pedi mais papel para responder agora”. E ele respondeu.

Em duas páginas extra, Nito Alves declara que José Van-Dúnem e Sita Vales deram directamente as ordens para a execução dos comandantes Bula Matadi, Dangereux, Eurico e Nzaji. Eu sei que aos mentores do banditismo político custa muito que lhes lembrem isto. Por isso mesmo, vou lembrar. 

Os quatro assassinados, a mando de José Van-Dúnem e Sita Vales, eram membros do Estado-Maior General das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). O país estava em guerra pela soberania nacional e a integridade territorial contra mercenários, tropas zairenses e da África do Sul. O comandante Dangereux enfrentou as tropas do regime racista de Pretória no Leste. Ele e os seus camaradadas de armas impediram que os invasores dividissem Angola e anexassem as províncias onde existia exploração diamantífera. Depois de derrotar o inimigo na Grande Batalha do Luena, o comandante Dangereux foi nomeado vice-chefe do Estado Maior General das FAPLA.

O comandante Bula Matadi era um dos esteios da cúpula das FAPLA. Sempre ao lado do comandante Xyetu, chefe do Estado-Maior General das FAPLA. Após a assinatura do cessar-fogo com Portugal e a instalação da delegação oficial do MPLA em Luanda, o comandante Bula foi um dos mais importantes construtores do novo edifício militar que congregou as forças necessárias para a Guerra de Transição ou II Guerra de Libertação Nacional.

O comandante Eurico foi o comissário político da Frente Norte. Depois do 25 de Abril de 1974 teve um papel decisivo na preservação da província de Cabinda como território nacional. Com os comandantes Pedalé, Bolingô, Delfim de Castro, Max Merengue, Foguetão e Kimba, foi um dos Heróis da Grande Batalha do Ntó. Quando foi necessário transformar as forças guerrilheiras em forças armadas nacionais, Agostinho Neto chamou-o para o Estado-Maior General das FAPLA onde comandou o importantíssimo sector do Pessoal. Os últimos são os primeiros. Comandante Nzaji. O seu papel na área das informações militares, na II Região (Cabinda) é lendário. O MPLA percorreu até agora um longo caminho de vitórias. Parte importante desse percurso tem a pegada inapagável do comandante Nzaji.

Angola | João Lourenço diz estar "dentro dos prazos legais" para convocar eleições

"Tão logo realize a reunião do Conselho da República, convocarei as eleições", prometeu o Presidente angolano na inauguração da nova CNE. Oposição acusou João Lourenço de atrasar convocação para fazer campanha eleitoral.

O Presidente angolano, João Lourenço, disse esta quinta-feira (26.05) que está "dentro dos prazos" legais para convocar as eleições gerais, previstas para agosto, o que acontecerá após ouvir o Conselho da República.

"Não vai acontecer [a convocação das eleições] antes de eu realizar a reunião do Conselho da República, portanto fiquem atentos, a partir do momento em que houver a reunião do Conselho da República é possível que minutos, horas ou dias depois as eleições sejam convocadas", afirmou hoje João Lourenço quando questionado pelos jornalistas. 

Em declarações após inaugurar a nova sede da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), localizada no perímetro do Palácio Presidencial, em Luanda, João Lourenço disse estar "dentro dos prazos legais" para convocar as eleições gerais de agosto próximo.

Desafio não significa instabilidade

A Constituição e a lei "são muito claras quanto ao período em que o Presidente da República deve convocar as eleições, portanto elas devem ser convocadas num período dentro dos 90 dias que antecedem o fim do atual mandato", disse.

"O fim do mandato termina em 26 de setembro e estou dentro dos prazos, posso esticá-lo no máximo, mas não o vou fazer, tão logo realize a reunião do Conselho da República, convocarei as eleições", prometeu João Lourenço. 

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, criticou recentemente o Presidente angolano e do MPLA, partido no poder, de "retardar a convocação das eleições para aproveitar fazer campanha eleitoral".

Para João Lourenço, a realização de eleições, previstas para a segunda quinzena de agosto próximo, "é sempre um momento de grande desafio", mas considerou que "um grande desafio não tem que significar necessariamente instabilidade".

"Portanto, a mensagem que deixo ao povo angolano, sobretudo aos líderes políticos é que a disputa pelas eleições deve ser feita dentro de determinadas regras, dentro do civismo e que ganhe o melhor, vamos todos, e aqueles que estiverem em condições de concorrer, vamos todos à luta, ao jogo", exortou.

A ESQUINA PATRIÓTICA ILEGAL MAS UNIDA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

De mansinho, sem ninguém dar por ela, Adalberto da Costa Júnior, Filomeno Vieira Lopes e Abel Chivukuvuku foram atirados para o caixote do lixo doméstico. Nem sequer são recicláveis como vidro, plástico ou papel. Lixo mesmo e nauseabundo. Amigas e amigos criticavam-me porque apresentava a Frente Patriótica Unida (FPU) como uma esquina dos três amigos. E vaticinei, desde o primeiro instante, que os esquinados não tinham futuro. Eu sabia que os homens grandes da UNITA, savimbistas radicais, reprovaram a coligação com “um mulato vaidoso (Filomeno) e um traidor (Abel)”. Exigiram o fim do projecto.

Filomeno Vieira Lopes nunca teve votos, não tem assinaturas para legalizar partidos, jamais terá um lugar na política angolana. Ninguém gosta de equilibristas e muito menos de quem muda de pele como a cobra surukuku. Nada tinha para dar à esquina. Abel Chivukuvuku, o torcionário favorito do Savimbi, terrorista encartado numa academia de Marrocos, protagonista dos mais graves crimes da BRINDE (polícia secreta do Galo Negro), instigador das fogueiras da Jamba, desde que se entregou ao governo, em 1992, passou a ser um traidor para os radicais da UNITA. Não consegue assinaturas para constituir um partido político. Quanto a votos, só tem o dele, das cinco mulheres, de um irmão e dois filhos. 

Adalberto da Costa Júnior não teve coragem de informar a opinião pública de que os radicais da UNITA o proibiram de avançar com a Frente Patriótica Unida. Combinou com Filomeno e Abel continuarem a fingir que a esquina existia. Levaram a vigarice ao ponto de colocarem cartazes nas ruas, com a xipala dos três. Adalberto aparece com pose de artista do cinema. E por baixo da sigla FPU a mensagem triunfal: “Povo Já Ganhou”. Filomeno Vieira Lopes, sempre com o sofrimento da prisão de ventre estampado no rosto fala assim: “Chega Angola Levanta. Abel Chivukuvuku, ainda sibilando que vai reduzir Angola a pó, como nos tempos do Savimbi, diz ao eleitorado: “ Agora ou Nunca Abra Visão Povo”.

A vigarice começou no dia 5 de Outubro de 2021, quando Adalberto da Costa Júnior, ladeado por Filomeno e Abel anunciou, em Luanda, o nascimento da “Frente Patriótica Unida (FPU), enquanto coligação eleitoral”.  Neste acto foi anunciado que o líder da coligação seria ele próprio e o objectivo é “protagonizar a alternância do poder político em Angola”. Abel Chivukuvuku, líder de um nado-morto chamado PRA-JA Servir Angola, disse aos jornalistas que ele e mais duas centenas de simpatizantes “apreciaram a utilidade da Frente Patriótica Unida, a sua viabilidade e modalidades de participação”.

Adalberto Costa Júnior informou que o nascimento da FPU “foi o culminar de um amplo processo de negociações que termina hoje, com a formalização da Frente Patriótica Unida. Já temos os documentos fundamentais terminados e estamos em condições de corresponder às expectativas criadas pela coligação junto do eleitorado”.

A ESPUMANTE RAIVA DOS LOBOS QUE PUTIN PÔS A DANÇAR…

Martinho Júnior, Luanda

… A DESCOBERTO TRÊS MESES DEPOIS DO INÍCIO DA LIBERTAÇÃO DO DONBASS!

A RÚSSIA COMEÇOU A ASSUMIR A SUA IIª GRANDE GUERRA PÁTRIA

Um dia após o início da “Operação Especial”, faz agora 3 meses, ousei fazer esta curta intervenção:

“PUTIN FAZ DANÇAR OS LOBOS!

Agora é que são elas!

De tanto fazer dançar os outros, finalmente Putin faz dançar os lobos, na arritmia dantesca de suas próprias contradições, evitando (ainda) que por ora ninguém caia desamparado no tapete do grande salão global!

A dança é ainda em slow, sem o hipersónico rufar dos tambores Avangard, ou Kinzhal em último rufar, mas pode acelerar bruscamente se algum lobo-dançarino entrar em stress, para além da verborreia e da espuma!

Putin teve o prémio de sansões por esta introdução em slow, mas o que ele prognostica com um (aparente) mínimo de esforço, é o futuro para as dalilas emergentes irrevogáveis (haverá Sanção sem Dalila?), no chão dos que esgotaram sua arte para o humor, e passaram para o canto da sala para espumar de raiva com o volte-face que se operou!

Os bebés gémeos (obrigado Pepe Escobar pela microimagem do parto) que nasceram quando os histéricos lobos iniciaram finalmente a dança, pouco experimentados a quem os faça dançar, são por si filhos pródigos: eles podem crescer, lenta ou rapidamente, tudo depende dos fermentos, pois os nascituros são mesmo pequeninos, têm apenas 1/3 do tamanho dos Oblasts que constituíram o seu berço genético, cobrindo o leste da Ucrânia, a parte suculenta do agora lobo-zombi 404!…

Bom, a partir de agora tudo é possível entre o mínimo e o máximo, o que é próprio do grotesco da dança dos lobos pouco habituados a quem os faça dançar!”

… Penitencio-me contudo pela incompleta afirmação de há 3 meses: Putin não está apenas a fazer “dançar os lobos”, está a fazê-los dançar com tanta raiva que os lobos estão à beira de intempestiva loucura!

A POLÓNIA ENQUANTO CORREIA DE TRANSMISSÃO DO ZOMBI-HÍBRIDO UE-NATO

Não é só a posição físico-geográfica da Polónia que a faz actuar como um “pivot”, no âmbito das várias “correias de transmissão disponíveis” nos relacionamentos a oeste da Ucrânia formatada pelo golpe Euro Maidan, mas também identidades socioculturais, sociopolíticas e históricas, o que fortalece o espectro de interinfluência que impacta sobre a corrente situação.

Nesse sentido a Polónia influi e ao mesmo tempo é porta de entrada de influência do “produto” ideológico instalado por via do golpe em Kiev: passa para dentro do ocidente da EurÁsia a ideologia “banderista” que na sua fórmula neonazi está a influenciar o espectro sociopolítico europeu com alterações que se estão a reflectir em cadeia nos parlamentos europeus, de Bruxelas aos parlamentos nacionais!...

É esse portanto o veículo que permite ao zombi-híbrido UE-NATO a formulação neonazi de sua superestrutura ideológica, a ponto de ter cortado todas as hipóteses de diálogo em busca de consensos na região de fronteira com a Federação Russa, a cavalo no vazio a que antes havia condenado o Acordo de Minsk, o Acordo da Normandia…

A trilha anglo-saxónica de permanente hostilização da Rússia continua a imperar!

A Polónia tornou-se no receptáculo do grosso de refugiados ucranianos no exterior da Ucrânia, mais de 3 milhões, por que a paulatina nazificação que passou pela exclusão sociocultural e sociopolítica desde a Euro Maidan, se havia instalado com maior intensidade nas cidades, de Kiev a Cracóvia, passando por todas as maiores cidades a ocidente do Dniepre!

O presidente polaco considera que esses refugiados são “hóspedes”…

A Polónia tornou-se simultaneamente, enquanto “pivot” do zombi-híbrido, no maior factor de atracção e emissão de mensagens e de mensageiros em relação à Ucrânia, num frenético ciclo sob brasas, numa aceleração inusitada que se sucedeu ao “ponto-morto” resultante das anteriores restrições por causa da pandemia!...

É com a Ucrânia que a Polónia tem as segundas maiores fronteiras terrestres a leste do seu próprio território, 498 km, o que concorre para nos dar uma ideia da interdependência, se tivermos em conta que as fronteiras com a Rússia e Bielorrússia (a norte e a leste) estão praticamente fechadas!

Neste momento a Polónia está em stress em função da arritmia assimétrica da situação conjuntural envolvente e interna, o que é agravado pelo desequilíbrio no seu entorno, com a única abertura a leste nas fronteiras com a Ucrânia, além dos 100 km com a Lituânia. 

Se como lobo está a dançar em desordenados compassos, pouco habituais, que se sucedem em cascata uns aos outros, dança com uma raiva acumulada, ressabiada e revanchista, “queimando” as hipóteses de calmamente restabelecer o diálogo em busca de consensos com a Federação Russa (209 km de fronteiras com o Oblast de Kaliningrado) e com a Bielorrússia (375 km de fronteiras), diálogo esse que jamais deveria ter deliberadamente abandonado, fosse a que pretexto fosse!

O stress é agravado por que muitos dos contenciosos insolúveis inerentes à Ucrânia exclusivista e retrógrada da Euro Maidan, estão a ser absorvidos!...

Nunca será numa via de ódio que se vai alcançar segurança colectiva vital comum!

JULIAN ASSANGE, PRESO POLÍTICO POR CRIME DE TRANSPARÊNCIA

#Publicado em português do Brasil

Fundador do WikiLeaks escancarou a grande paranoia das tecnocracias: na era digital, nenhum crime está bem guardado. Por isso buscarão punir de forma exemplar quem ousar expor os segredos dos poderosos à luz pública

Eugênio Trivinho | A Terra é Redonda | em Outras Palavras

A indignação internacional

A comunidade internacional escolheu o último 25 de fevereiro para unificar esforços em favor de Julian Assange. O ciberativista australiano, fundador do WikiLeaks, é um refugiado e preso político desde 2010. Após viver asilado na Embaixada do Equador em Londres, no bairro de Knightsbridge, durante sete anos, o mais famoso e perseguido programador de computador deste século foi, após autorização da Embaixada, retirado do imóvel pela Polícia Metropolitana, em 11 de abril de 2019, e conduzido a um estabelecimento policial no centro da cidade.

Desde então, o jornalista, natural de Townsville, permanece sob custódia da Scotland Yard, na prisão masculina de segurança máxima de Belmarsh, em Thamesmead, sudeste de Londres. O desenvolvedor de software livre, nascido em 3 de julho de 1971, aguarda o julgamento definitivo sobre a apelação dos Estados Unidos para que ele seja extraditado para o país.

A condição de asilado, interrompido pelo governo do Equador sob a alegação de que Assange infringiu convenções diplomáticas e determinações legais do país, não deixou de ser uma espécie de “prisão domiciliar”. Julian Assange não podia sair das dependências da Embaixada: o trânsito para os logradouros britânicos daria à Polícia Metropolitana londrina a prerrogativa jurídica de prendê-lo imediatamente, a pedido dos Estados Unidos e da justiça britânica (neste caso, por ele ter descumprido termos de sua liberdade provisória no país). Em fevereiro de 2016, a Organização das Nações Unidas (ONU) se pronunciou a respeito, defendendo o direito de ir e vir do refugiado sem ameaça à sua liberdade.1

Desde então, diversas manifestações e protestos em prol da vida de Assange foram observados no Brasil e em várias metrópoles no mundo inteiro. A indignação generalizada atou o absurdo internacional da situação ao arruinamento da liberdade de imprensa e de expressão. Organizações jornalísticas e de defesa de direitos humanos e civis, como a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Anistia Internacional (AI-USA), a Human Rights Watch (HRW) e a Electronic Frontier Foundation, entre mais de 20 outras, bem como advogados, jornalistas e escritores exigiram à Presidência e ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos a suspensão das acusações, a fim de que o processo judicial seja encerrado.2

Documento endereçado ao segundo órgão, em 08/02/2021, argumentou, com acerto, que a incriminação de Assange feria completamente a atividade de imprensa em âmbito global. Ouça-se um trecho significativo do texto (em tradução livre, com adaptações formais):

“a acusação do governo [dos Estados Unidos contra Assange] representa uma séria ameaça à liberdade de imprensa [tanto no país quanto no exterior]. (…) [Ela] ameaça a liberdade de imprensa porque muito da conduta descrita na acusação é a conduta com a qual jornalistas estão normalmente envolvidos – e com a qual devem estar –, para realizar o trabalho que o público necessita que eles façam. Na maioria das publicações noticiosas, jornalistas falam regularmente com fontes, pedem esclarecimentos ou documentação adicional, e recebem e publicam documentos que o governo considera secretos. Em nossa opinião, um tal precedente neste caso poderia criminalizar efetivamente as práticas jornalísticas comuns”.3

UM LIVRO O CORONEL E A FOSSA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O livro é a vida em todo o seu esplendor. Segundo Gramsci, todos os livros são excelentes quanto mais não seja porque devemos que honrar quem teve a ousadia de se sentar à frente de uma página em branco e depois corajosa e solidariamente partilhou as suas palavras com os outros. O meu livro chama-se NZUMBI O GENERAL DE TODAS AS FRENTES. Acaba de sair da gráfica e está disponível para quem quiser ler. O autor é Matias Lima Coelho, o General Nzumbi. Num dos capítulos relata os últimos dias, horas e minutos de Jonas Savimbi. É a primeira vez que uma testemunha do precioso e histórico acontecimento partilha esses factos com a Humanidade.

Outro capítulo é dedicado à libertação do Norte de Angola. O General Nzumbi era o chefe do estado-maior de uma unidade das FAPLA aquartelada no Ambriz, que foi incumbida de uma missão: Acabar com todas as bases da FNLA e escorraçar os restos das tropas zairenses. O comandante Bakalof foi ao Ambriz recrutar tropas para o golpe de estado militar do 27 de Maio de 1977. As palavras do General Nzumbi no seu livro: 

“No dia 27de Maio estava com a tropa, em exercícios, entre o quartel e a praia. Às oito e meia da manhã fui informado de que havia maka em Luanda. A Rádio Nacional estava a dar de novo o programa Kudibanguela. Eu tinha corrido com a tropa desde as cinco e meia da manhã. Mandei formar os homens. Um camarada informou: Em Luanda há uma maka estranha! Coloquei imediatamente os homens de prevenção. Mandei o comissário político, Progressista, falar com a tropa. E ele começou logo a dizer que “temos de combater os vícios burgueses”!  Percebi que ele sabia de tudo! O problema é que era meu colega de quarto! 

Vou recuar um pouco no tempo. No dia 2 de Maio estava em Luanda e fui matabichar com o comandante Ndalu, que nessa altura já era o comandante da IX Brigada. Estava comigo o Zé Kandongo que o comandante Kianda salvou da morte, quando libertámos o Soyo. E disse-me ele: - Viste ontem a derrota do MPLA? Quando o Neto começou a falar todo o mundo deu as costas. O Neto foi derrotado. 

Não lhe dei troco mas fui dizendo que os discursos anteriores do comício tinham sido muito longos e o calor apertava. Era natural que as pessoas saíssem do estádio antes do discurso de Agostinho Neto.

À noite perguntei ao comandante Ndalu: O que se passa?

E ele respondeu: Está tudo bem. Amanhã volta para junto das tuas tropas. Vou arranjar uma avião para te levar, estás há muito tempo fora.

“ANTI-CHINA”: QUAD LANÇA PLANO DE VIGILÂNCIA MARÍTIMA

#Traduzido em português do Brasil

A iniciativa da Quad foi projetada para permitir que as nações do Indo-Pacífico rastreiem a pesca ilegal e as incursões de navios chineses em tempo real.

Zaheena Rasheed | Aljazeera

Comprometendo-se a fornecer “benefícios tangíveis” para as nações da região do Indo-Pacífico, os líderes do Quad lançaram um plano de vigilância marítima que, segundo analistas, é seu movimento mais significativo até agora para combater a China.

O Quad – uma aliança informal composta por Japão, Estados Unidos, Índia e Austrália – diz que a Parceria Indo-Pacífico para Conscientização do Domínio Marítimo (IPMDA) ajudará as ilhas do Pacífico e os países do Sudeste Asiático e do Oceano Índico a rastrear pesca ilegal e outras atividades ilícitas em suas águas em tempo real. Embora o Quad não tenha mencionado a China pelo nome, a iniciativa visa atender reclamações de longa data de países da região sobre a pesca não autorizada por barcos chineses em suas zonas econômicas exclusivas, bem como a invasão de navios da milícia marítima chinesa nas águas disputadas de o Mar do Sul da China.

O Quad não forneceu detalhes da iniciativa, mas um funcionário não identificado dos EUA disse ao jornal britânico Financial Times que o grupo planeja financiar serviços comerciais de rastreamento por satélite para fornecer inteligência marítima às nações do Indo-Pacífico gratuitamente.

Ao monitorar frequências de rádio e sinais de radar, a iniciativa também ajudará os países a rastrear barcos, mesmo quando tentam evitar a detecção, desligando seus transponders, conhecidos como Automatic Information Systems (AIS). Essa inteligência será então compartilhada em uma rede existente de centros regionais de vigilância baseados na Índia, Cingapura, Vanuatu e Ilhas Salomão.

Greg Poling, membro do Sudeste Asiático no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede nos EUA, descreveu o IPMDA como “ambicioso” e disse que “poderia ser extremamente útil” para estados em desenvolvimento em todo o Oceano Índico, Sudeste Asiático e Ilhas do Pacífico. “Esse esforço pode reduzir seriamente o custo e aumentar as capacidades de monitoramento da pesca ilegal e do comportamento das milícias marítimas chinesas”, disse ele.

Com uma estimativa de 3.000 navios, a frota de água distante da China é de longe a maior do mundo.

Fortemente subsidiada pelo governo chinês, a frota é classificada como a pior no Índice Global de Pesca Ilegal , que rastreia a pesca ilegal, não autorizada e não regulamentada em todo o mundo.

Embarcações chinesas foram acusadas de pescar sem licença pelo menos 237 vezes entre 2015 e 2019, enquanto vários barcos chineses foram detidos por pesca ilegal ou invasão em Vanuatu, Palau, Malásia e Coreia do Sul nos últimos anos. Centenas de embarcações chinesas também foram descobertas pescando lulas, com seus transponders desligados, em águas norte-coreanas.

Além da pesca ilegal, a frota chinesa também é acusada de atacar a vida marinha ameaçada e protegida nos oceanos do mundo, incluindo tubarões, focas e golfinhos, de acordo com a Environmental Justice Foundation, um grupo de campanha sediado no Reino Unido.

Pequim rejeita as alegações de pesca ilegal, dizendo que “cumpre rigorosamente” as regulamentações internacionais. Ele diz que também reforçou o monitoramento de sua frota de águas distantes e impôs moratórias voluntárias de pesca para conservar recursos, inclusive no norte do Oceano Índico.

A VIDA DA LIBERTADORA DEU UM FILME – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A artilharia de pólvora seca começou a disparar. No dia 27 de Maio disparam a última salava e daqui a um ano voltam ao foguetório. Na versão de 2022, uma cineasta portuguesa entrou no espectáculo com um filme sobre Sita Valles. A heroína deles é apresentada como alguém que lutou pela libertação de Angola. Mais aldrabice menos aldrabice, tanto faz. Nem pela libertação dela lutou, quanto mais pela libertação de Angola. Mas cinema é ficção. Eu até vi um filme onde uma feiticeira transformou os soldados de Ulisses em porcos, grunhindo numa praia.

Para não fastidiar quem me lê, vou escrever (pela última vez!) que Sita Valles em Angola nunca foi nada, nunca fez nada. Entre meados de 1975, quando chegou a Luanda vinda de Lisboa, onde vivia, e Março de 1977 era apenas uma funcionária do Departamento de Organização de Massas (DOM) do MPLA na Vila Alice. Levantava-se, matabichava, ia para o emprego e bichanava aos ouvidos de quem tinha pachorra para ouvi-la: Cuidado com os esquerdistas! Atenção aos esquerdistas! A pequena burguesia é perigosa porque está sempre a trair a revolução! 

A meio da tarde saía do emprego e ia à vida dela. No escritório da Vila Alice ainda tive que ouvi-la um par de vezes. Fora do emprego nada sei da sua vida. E mesmo que soubesse, não partilharia com os meus leitores. Apenas partilho uma parte que me prece essencial para perceber toda a mistificação que se criou à volta de Sita Valles. Quando chegou a Luanda, foi namorada de Nito Alves. Mais tarde, como é público, foi companheira de José Van-Dúnem. Ambos eram dirigentes do MPLA e foram membros da direcção política e militar do golpe de estado de 27 de Maio de 1977.

Golpe de estado. Não foi tentativa. Foi uma acção armada que teve o centro em Luanda mas decorreu em todo o país. Na madrugada de 27 de Maio de 1977 os golpistas tomaram a IX Brigada que, na época, era a maior unidade militar de África pois estava dotada de artilharia (BM21, Grad, Monacaxito ou ainda Órgãos de Estaline), tanques de última geração e tropa bem treinada. Um desses tanques, de madrugada, rebentou com a porta da prisão de São Paulo e os golpistas (comandados pela Virinha e a Nandi) mataram o dirigente do Ministério da Defesa Hélder Neto e pessoal da guarnição. Depois libertaram os presos que quiseram fugir.

Sita Valles, empregada do DOM do MPLA, cumpriu as suas funções, à luz do dia, entre meados de 1975 e Março de 1977, menos de dois anos. Clandestinamente estava no golpe destinado a afastar do poder os “burgueses, os esquerdistas e os traidores”. Mas também assassinar Agostinho Neto, como informou o líder do golpe, Monstro Imortal (Jacob Caetano).

Guiné-Bissau | PAIGC disposto a "ceder" para integrar Governo de Sissoco

Crítico do Presidente da República, o PAIGC diz que espera uma "presença razoável" no Governo e que, se for preciso, fará "cedências".

O 'bureau' político do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) autorizou a comissão permanente a avaliar a participação do partido num futuro Governo de iniciativa presidencial proposto pelo chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló.

Em entrevista à DW, o dirigente do PAIGC, Manuel dos Santos, que deverá encabeçar a delegação negocial, não entra em detalhes quanto às condições do partido para a sua participação no Governo, mas deixa claro que quererá uma "presença razoável" na nova formação.

DW África: O PAIGC vai integrar um Governo de iniciativa presidencial?

Manuel dos Santos (MS): É evidente que, com o fim da 10ª legislatura, temos que preparar a 11ª. Isso envolve recenseamentos eleitorais, eleições e uma Comissão Nacional Eleitoral, que hoje não existe... Portanto, achamos que o PAIGC não pode estar ausente desta preparação das próximas eleições. Essas são as razões que motivam o partido a entrar neste Executivo, para além do facto de o PAIGC poder dar uma contribuição positiva no melhoramento da situação geral das populações aqui na Guiné.

Agora, vamos negociar a entrada. Em princípio, serei o chefe da delegação negocial que se vai sentar com os representantes do Governo para vermos qual será a distribuição dos pelouros do Estado, que vão ou não caber ao PAIGC.

DW África: O que irá pesar nessa negociação? Ou seja, o que faria o partido recuar na intenção de fazer parte desse Governo?

MS: O que está em causa é que nós, para participarmos num Governo desses, temos que ter uma presença razoável no Governo ,que vai tomar decisões importantes sobre os problemas que houve recentemente - sobre a CNE, sobre o recenseamento eleitoral, sobre as eleições e todo o processo.

DW África: E já têm condições claras a apresentar nessa negociação?...

MS: Nós, PAIGC, temos ideias claras, sim.

DW África: O que é para o PAIGC uma "presença razoável" no Governo a que se refere? Tem alguma exigência concreta?

MS: Temos, sim, mas não vamos divulgar, como é óbvio. Isso far-se-á durante as negociações.

DW África: O PAIGC tem-se pautado por uma posição bastante crítica relativamente ao Presidente guineense e está em permanente rota de colisão com Sissoco Embaló. Ao integrar agora um Governo de iniciativa presidencial, não temem que possa suscitar críticas, nomeadamente de alguma incoerência por parte do partido?

MS: Isso não nos incomoda muito, porque a finalidade do PAIGC é trabalhar para o povo da Guiné, e se nós temos que fazer algumas cedências nesse aspeto, fá-lo-emos. Aqui não se trata de posições de orgulho ferido ou de incoerência. O camarada presidente do partido [Domingos Simões Pereira], quando saiu do encontro com o Presidente, disse claramente que os interesses do país estão acima da necessidade que ele tem de preservar a sua imagem e da eventual [falta de] coerência de que nos podem acusar.

DW África: Esta semana participou num encontro com o Presidente. Com que impressões saíram desse encontro?

MS: Saímos com a impressão que há, de facto, uma mudança por parte do Presidente e há uma certa distensão no clima. Penso que isso é bom para podermos chegar a um entendimento que viabilize a próxima legislatura e que ponha o país em melhores circunstâncias.

DW África: Caso as negociações avancem e o PAIGC integre este novo Governo, quais serão as prioridades do partido?

MS: Por um lado, nós queremos dar uma contribuição para melhorar a situação geral do país, devido à experiência que nós temos e, por outro lado, temos que preparar a próxima legislatura - atualizar o recenseamento de eleitores, mudar a Comissão Nacional de Eleições e todo o seu staff e realizar as próprias eleições. Essas são as nossas prioridades.

Cláudia Marques | Deutsche Welle

DEVIDO A PROBLEMAS INFORMÁTICOS ESTAMOS A REDUZIR O NÚMERO DE POSTAGENS NO PÁGINA GLOBAL. PRINCIPALMENTE PELA MOROSIDADE QUE O PROCESSO IMPLICA. CONTAMOS RESOLVER AS "AVARIAS" ATÉ À PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA 30 DE MAIO. – Redação PG

MALI E O PROJETO FRANCÊS NO SAHEL DE ÁFRICA

#Publicado em português do Brasil

Apesar de toda a conversa sobre comércio, Vijay Prashad diz que o verdadeiro foco do G5 Sahel sempre será a segurança.

Vijay Prashad | Peoples Dispatch | em Consortium News

Em 15 de maio, a junta militar do Mali  anunciou  que não faria mais parte da plataforma do G5 Sahel.

O G5 Sahel foi criado em Nouakchott, Mauritânia, em 2014, e reuniu os governos de Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger para colaborar com a deterioração da situação de segurança no cinturão do Sahel – a região logo abaixo do deserto do Saara na África — e aumentar o comércio entre esses países.

Nos bastidores, ficou claro que a formação do G5 Sahel foi incentivada pelo governo francês e que, apesar de toda a conversa sobre comércio, o verdadeiro foco do grupo seria a segurança.

No início de 2017, sob pressão francesa, esses países  do G5 Sahel criaram  a Força Conjunta do G5 Sahel (FC-G5S), uma aliança militar para combater a ameaça à segurança representada pelas consequências da guerra civil argelina (1991-2002) e os detritos de Guerra da OTAN em 2011 na Líbia.

A Força Conjunta do G5 Sahel recebeu o  apoio  do Conselho de Segurança das Nações Unidas para realizar operações militares na região.

O porta-voz militar do Mali, coronel Abdoulaye Maïga, disse em 15 de maio que seu governo enviou uma carta em 22 de abril ao general Mahamat Idriss Déby Itno - presidente do conselho militar de transição do Chade e presidente cessante do G5 Sahel - informando-o da decisão do Mali.

A falta de movimento na realização da conferência dos chefes de Estado do G5 Sahel, que deveria ocorrer no Mali em fevereiro, e na entrega da presidência rotativa do FC-G5S ao país, obrigou o Mali a tomar a ação de deixar tanto a plataforma FC-G5S quanto a G5 Sahel,  disse o Coronel Maïga  na televisão nacional.

A CEGUEIRA DA EUROPA DIANTE DOS ABISMOS DA GUERRA

Por que a guerra de informações é mais eficaz no Velho Continente. Como “patriotismo” é usado para avultar gastos militares – e implodir políticas sociais. A esquerda, em vez de criticar Otan e defender a paz, capitula ao discurso anti-Rússia

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

Quando a guerra de informação atinge as proporções que hoje tem, o público é condicionado para rejeitar o que quer que se afaste da narrativa que se pretende impor. Esta nunca é totalmente falsa nem totalmente verdadeira. O que a caracteriza é não querer ser questionada para poder mobilizar ao máximo as emoções de um público cativo. Muitas perguntas, que noutro contexto pareceriam óbvias, não chegam a ser suprimidas porque nem sequer se fazem. São perguntas absurdas. Imaginemos algumas.

1) É possível ganhar uma guerra a uma potência nuclear?

Nos últimos 70 anos, a doutrina da dissuasão nuclear assentou na resposta negativa a esta pergunta. Se a atual guerra na Ucrânia conduzir a uma resposta diferente, constituirá uma subversão total das teorias militares e geoestratégicas. Se tal for o caso, outra pergunta emerge: em que situação fica quem ganha? E quem perde? As ruínas dos vencedores distinguem-se das ruínas dos vencidos? Estas perguntas conduzem a uma outra ainda mais crucial: quaisquer que sejam as provocações, pode uma potência nuclear iniciar uma guerra, sendo certo que sobre as guerras só se sabe quando começam e nunca quando acabam nem como acabam? Se se entender que as respostas convencionais da dissuasão nuclear ainda prevalecem, então impõe-se de imediato a negociação, e nela todos devem participar e todos têm de ceder algo, tal como aconteceu no Tratado de Vestefália de 1648.

QUEM TE AVISA É TEU AMIGO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O presidente Vladimir Putin participou no Fórum Económico da Eurásia, que decorre em Bishkek, no Quirguistão. Com calma aconselhou a União Europeia, os países da OTAN (ou NATO),o Reino Unido e os EUA a não roubarem os fundos russos congelados ou confiscados nos bancos do Ocidente. Disse textualmente: “A violação de regras e regulamentos no campo das finanças e do comércio internacional não leva a nada de bom. E só vai trazer problemas a quem o fizer”. E mais uma vez avisou que aqueles que só conhecem a palavra sanções, sanções, sanções estão a prejudicar-se seriamente.

Esse nem é o problema mais grave. O Jornalismo é um dos pilares do regime democrático. Até nos EUA, Reino Unido, Portugal ou na Ucrânia. A partir de 24 de Fevereiro, foi assassinado. Ninguém está preocupado com esta catástrofe. Todos os dias procuro reacções das instituições de regulação ou auto-regulação, mas nada. Assim está bom. Assim como? Um tal Paulo Jerónimo é apresentado pela RTP (canal público português) como “enviado especial à Ucrânia”. Quando vai para o ar, ele limita-se a dar palpites. Hoje estava em Odessa mas só falou de Kherson, a 750 quilómetros de distância.

Imaginem que há um acontecimento importante no Sambizanga e o Jornal de Angola manda uma equipa de reportagem para o Huambo e desde a Granja os repórteres contam tudo o que está a acontecer no bairro do Mantorras. Com imagens e tudo! Ou aconteceu um acidente grave na cidade do Porto e a RTP manda a sua equipa de reportagem para Faro. Pode? Pelos vistos, no jornalismo deles, pode. 

Uma tal Cândida Pinto hoje fez uma grande reportagem a partir de Boryspil mas só falou de acontecimentos a 400 quilómetros de distância. Misturou opiniões com os recados que lhe deram os agentes da pide do Zelensky. O conselho de redacção da RTP remete-se ao silêncio quando uma profissional engana miseravelmente os consumidores. O Sindicato dos Jornalistas está mudo e quedo. A Comissão da Carteira Profissional vê jornalistas travestidos de propagandistas e nem um ai. A  Entidade Reguladora para a Comunicação Social nada regula. O Jornalismo jaz morto e arrefece.

Os Media do mundo ocidental repetem de segundo a segundo mentiras hediondas. Primeira aldrabice. Putin é que começou esta guerra. Andam há três meses a mentir. Convenceram as opiniões públicas de que a guerra na Ucrânia começou no dia 24 de Fevereiro. Mentira. Começou em 2014, quando o golpe de estado dos nazis triunfou em Kiev. Desde e então, o país está em guerra. E segundo a ONU, no Leste da Ucrânia a guerra atingiu formas de genocídio.

Outra mentira hedionda. O Batalhão de Azov começou como nazi mas agora são todos democratas. Até porque nas últimas eleições (quando Zelensky foi eleito) a extrema-direita ucraniana teve poucos votos. A verdade é esta: O partido que ganhou as eleições, Servo do Povo, é “populista” e inegavelmente de extrema-direita, ainda que Zelensky tenha prometido aos eleitores legalizar a prostituição. De resto, os partidos de esquerda foram todos ilegalizados após o triunfo do golpe nazi de 2014. Russos e russófonos não têm direito de voto.

Mais uma aldrabice grave. As assassinas e assassinos do Jornalismo dizem que o advogado Viktor Medvedchuk é “um amigo de Putin”, por isso está preso. Este político ucraniano, em 2014, foi alvo de sanções do governo dos EUA por ser contra os nazis que derrubaram o presente eleito, em eleições livres e justas, Víktor Fédorovytch Ianukóvytch.  

Medvedchuk, em 2018, surgiu como o grande opositor ao regime golpista, ao liderar a Plataforma de Oposição - Pela Vida. Contados os votos, tornou-se o mais forte opositor de Volodymyr Zelensky. Em 2021, ele e a sua mulher, Oksana, foram acusados de financiar as milícias separatistas de Donestk e Luhansk.  Nunca provaram a acusação, mas como o Poder Judicial está subjugado aos nazis do governo, foi aberto um processo e respondeu pelo crime de traição. A PIDE de Zelensky condenou-o a prisão domiciliar.

Portanto, desde 2021 que o líder da oposição ucraniana está preso. Depois de 24 de Fevereiro, foi transferido para uma prisão de alta segurança, de onde foram libertados bandidos de delito comum para serem armados e irem combater as tropas russas. Motivo invocado: Ele abandonou a prisão domiciliária. Explicou aos seus captores que saiu de casa por razões de segurança, devido aos bombardeamentos. Foi para local mais seguro mas nunca fugiu. 

Atenção! O grande democrata Zelensky mandou prender o líder da Oposição, Viktor Medvedchuk, acusado de traição. Mas nunca provaram a acusação. Hoje está na cadeia porque ia fugir! Imaginem que o Presidente João Lourenço manda prender o engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior, por ter anunciado que vai trocar a integridade territorial em Cabinda e nas Lundas, por uns quantos votos. Pura traição. Deixem-mo andar à solta que ele vai responder junto dos seus correligionários, quando forem contados os votos e todos perceberem que a UNITA, finalmente, ficou reduzida a nada.

Viktor Medvedchuk, líder da Oposição na Ucrânia, é apresentado como “o amigo de Putin”. Adalberto da Costa Júnior é amigo dos racistas de Pretória e ninguém o prende. Rui Rio é amigo da onça mas ninguém o prende. André Ventura do Chega é empregado do Luís Filipe Vieira e fizeram dele deputado. 

As assassinas e assassinos do Jornalismo continuam a dizer e escrever que as tropas chechenas são “mercenários do Kadyrov”. Mentira. São militares da Federação Russa que tem 22 repúblicas. Cada república tem constituição própria, presidente, parlamento. Algumas são a pátria de minorias étnicas, mas em qualquer caso, a maioria das populações é russa. São elas: Adiguésia, Bascortostão, Buriácia, Altai, Daguestão, Inguchétia, Cabárdia-Balcária, Calmúquia, Carachai-Circássia, Carélia, Komi, Mari El, Mordóvia, Iacútia, Ossétia do Norte-Alânia, Tartaristão, Tuva, Udmúrtia, Cacássia, Chechénia, Chuváchia e Crimeia. Antes de 24 de Fevereiro, passaram a fazer parte da Federação Russa as repúblicas de  Donetsk e Lugansk. A federação tem mais 47 províncias que em alguns casos são estados autónomos.

O kota Kissinger tem razão. Troquem território por paz, já que os nazis foram quase todos à vida. Já têm pouco tempo. 

*Jornalista

DEVIDO A PROBLEMAS INFORMÁTICOS ESTAMOS A REDUZIR O NÚMERO DE POSTAGENS NO PÁGINA GLOBAL. PRINCIPALMENTE PELA MOROSIDADE QUE O PROCESSO IMPLICA. CONTAMOS RESOLVER AS "AVARIAS" ATÉ À PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA 30 DE MAIO.

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