domingo, 29 de maio de 2022

A TOUPEIRA COM ORELHAS DE BURRO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A porcina Margarida Cardoso vai lançar outra fossa de longa-metragem. Já escolheu as actrizes e os actores. O financiamento está garantido pelos diamantes de sangue da UNITA, o orçamento do estado português mais uns dinheiros da kitanda do 27 de Maio. O artista principal vai ser o Onete, também conhecido por rato cego ou engenheiro à civil. A fita é uma mescla do livro “1984” e o “Tri8unfo dos Porcos” (Animal Farm) de George Orwell. No Ministério da Verdade fica o Fernando Pacheco. A Polícia do Pensamento é a Francisca Van-Dúnem, uma espécie de chicote do Big Brother, que é a alma danada do Savimbi. 

Os porcos estão a ser escolhidos a dedo. Já foi feita uma selecção durante o Congresso da Nação. Chico Viana tem garantido o papel do primeiro porco triunfador. A concorrência vai ser feroz. A direcção da UNITA, em peso, quer entrar na fossa de grande-metragem. A porcina Margarida vai ter tanta mão-de-obra, que escolher os porcos para o filme vai ser uma maka mundial. Mas o Chivukuvuku está garantido. A Luzia Moniz também faz parte do elenco. Fica com o papel de criar as falsas notícias que vão mobilizar os seguidores.

A parte mais espectacular da fossa de longa-metragem, o clímax da obra porcina, vai ser quando os animais da quinta se juntam à volta do Onete e começam a escavar um túnel entre a fábrica da Mission, nos Coqueiros, e o Palácio da cidade Alta. Toupeiras e ratazanas de esgoto vão ter muito que escavar. 

O Big Brother quer o túnel para esconder os votos das próximas eleições. Escavado o buracão, na noite das eleições os votos são roubados e escondidos no túnel. A Polícia do Pensamento, por ordens do Big Brother, anuncia às angolanas e aos angolanos que a Comissão Nacional de Eleições foi vítima der um ataque informático e os votos desapareceram. Fernando Pacheco, o ministro da Verdade, avança com um comunicado onde tudo é esclarecido: A Oposição roubou os votos, antes de serem contados, para o MPLA não fazer fraude!

Chivukuvuku, um dos porcos triunfantes, entra em cena, espalhafatoso e ameaça:

 - Se contarem os votos desaparecidos, nós reduzimos Angola a pó! E mandou uns porcos novatos, sicários da BRINDE, guardar o túnel onde os votos foram atafulhados, desde a fábrica da Mission até ao Palácio da Cidade Alta.

Na segunda sessão do Congresso da Nação, o Justino Pinto de Andrade (já foi porco na fossa de longa-metragem “Sila”) lança para a selecta assistência a grande questão: Como o Onete conseguiu escavar um túnel entre a Fábrica da Mission e o Palácio da Cidade Alta? A resposta foi um clamor: Milagre, milagre, milagre!

Um dirigente do PRS, que entra na fossa de longa-metragem como figurante, pede a presença imediata da Polícia do Pensamento. Francisca Van-Dúnem prometeu responder quando for ministra do Governo de Angola, depois do tirocínio em Portugal.

O povo, empolgado, exige a presença do ministro da Verdade. Fernando Pacheco dá duas de conversa fiada e remete a resposta para a ADRA, que é o seu alter ego.  O Big Brother entrou na sala, sobrevoou a assistência e exigiu aos seus seguidores que facilitassem o triunfo dos porcos. A Francisca ajoelhou, o Fernando salivou, o Justino arrotou e a alma danada do Savimbi saiu a voar, como entrou. Foi fazer ia suma fogueira na Jamba para queima das elites femininas que ousem resistir às suas violações sexuais.

Neste ponto entra em cena o narrador, que sou eu, Artur Queiroz, o Homem Pássaro, o Homem Número Um o Homem do Século XXI. Apagaram-se as luzes, o Justino arrotou a CASA-CE, o Fernando Pacheco disparou uma verdade em surdina, a Francisca policiou e o Onete fugiu da sala, de mansinho, deixando a cadeira vazia.

Narrador: As toupeiras andaram a escavar um túnel entre a Fábrica da Mission, nos Coqueiros, e o Palácio da Cidade Alta. A Comissão Nacional de Eleições foi instalada no espaço onde se fabricava laranjada, cocopinha e a pepsicola. O Estado Angolano gastou milhões de barris de petróleo na obra. E neste tempo todo das escavações do túnel, nem uma só toupeira denunciou a obra secreta. Povo! A condição das toupeiras é bufar. Como foi possível que nem uma alertasse os partidos da oposição para o túnel? As toupeiras já não são o que eram.

Caras e caros assistentes a este Congresso da Nação,. O que fazer a um líder partidário  que põe a circular junto da opinião pública que a CNE tem mm túnel secreto que liga o edifício ao Palácio da Cidade Alta? E o povão fradou: Entrega-se à polícia do Pensamento! (Aqui a Francisca salivou e ficou logo a imaginar como comer o Onete).

Prossegue o Narrador: O que fazer a um líder partidário que acredita que um edifício público, construído com fundos públicos, tem um túnel secreto que liga a sala de escrutínio dos votos com o gabinete do Presidente da Republica? O ministro da Verdade assobiou para o lado.

Hoje o Presidente da República é João Lourenço e o partido maioritário o MPLA. Se em Agosto o partido vencedor das eleições for outro, o seu cabeça de lista é o novo Presidente da República. O que vão fazer ao túnel secreto escavado pelas toupeiras e ratazanas de esgoto do Onete?

O filme acaba com o Onete a fugir desvairado, com os savimbistas todos a persegui-lo, por ter perdido as eleições e ser mentiroso compulsivo.

Assim acaba a triste história do Adalberto da Costa Júnior, o Onete. A polícia do Pensamento, de castigo, mandou-o para a quinta dos animais com orelhas de burro. Vai ter o fim dos grilos. Sabem qual é? Esses insectos cantadores morrem com os cornos enterrados no chão e de rabo para o ar.

*Jornalista

IMPOSTOS E COMPETITIVIDADE

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Esta semana foi repleta de informações e acontecimentos que retratam bem os perigosos caminhos que estão a ser percorridos à escala global e europeia.

Em Davos, foi descaradamente promovido o belicismo e a luta interimperialista. Os muito ricos proclamaram que a "globalização" vai de vento em popa e assenta numa economia muito "competitiva". A Oxfam confirmou-o ao denunciar que a pandemia lhes propiciou, em dois anos, uma acumulação de riqueza igual à que tinham obtido nos vinte anos anteriores. Que essa "chocante" apropriação de riqueza faz tábua rasa de obrigações sociais e ambientais, e é quase isenta de impostos. E que dela resulta uma enorme pobreza e sofrimento.

Em Portugal, as declarações do presidente da República sobre possíveis "benefícios" com a guerra, a falta de respeito por quem trabalha e pela "geração mais qualificada de sempre", que elementos da maioria PS mostraram na Assembleia da República ao falarem de políticas laborais e salariais, a secundarização de delicados problemas com que o país se debate, agora mencionados no relatório semestral da Comissão Europeia, mostram-nos duas preocupantes realidades; no plano político começa a "não haver gente adulta na sala"; no plano económico, consolida-se o baixo perfil de especialização da economia.

O objetivo de aumentar a produtividade, embora levado a sério por algumas empresas e serviços públicos, no geral não é assumido, e o do aumento dos salários encostou às boxes. Parece estar em marcha uma estratégia - que se evidencia na discussão da Agenda do Trabalho Digno e se acentuará na discussão da proposta de acordo sobre rendimentos e competitividade e no debate do próximo Orçamento do Estado - que consiste em, através de medidas fiscais, dar aos trabalhadores umas migalhas para melhoria dos seus rendimentos, isentando os patrões de aumentos salariais.

A propósito do relevo dado, pelo relatório "Taxing wages 2022" da OCDE, à constatação de que é elevada a carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho em Portugal (IRS), dirigentes patronais e comentadores doutorados no senso comum neoliberal lançaram-se na promoção da tese de que os elevados impostos são o empecilho à competitividade das empresas. Ora, os custos globais do trabalho, que incluem todas as contribuições sociais imputadas aos empregadores, só pesam no plano global dos custos das atividades das empresas e dos serviços públicos cerca de 25%.

Os grandes problemas que bloqueiam a melhoria da produtividade e também dificultam a competitividade das empresas são outros: i) a especialização da nossa economia assentar em setores de baixo valor acrescentado, como é o caso do turismo, que se viciaram na sobrevivência pela imposição de salários baixos; ii) a crónica secundarização da indústria e sobrevalorização de serviços pouco inovadores; iii) o deficiente posicionamento de empresas e setores nas cadeias de valor; iv) a baixa produtividade resultante de deficiências organizacionais das empresas e serviços públicos; v) os atrasos na modernização, o depauperamento e a falta de planeamento da Administração Pública.

A competitividade não emperra nos custos do trabalho, nem porventura no facto do tecido empresarial ter muitas pequenas empresas, mas sim naqueles bloqueios, no desperdício de recursos com os roubos na banca e com negócios ruinosos para o Estado, na falta de pressão, designadamente pela melhoria dos salários, para as empresas se modernizarem.

*Investigador e professor universitário

Portugal - Sondagem | Mais de 80% pedem novas medidas para atenuar a crise

Maioria considera insuficiente a atualização de pensões e salários e defende que devia haver limites aos aumentos de preços da energia e bens essenciais.

A esmagadora maioria dos portugueses (81%) considera que o Governo tem de aprovar novas medidas para atenuar os efeitos da crise económica agravada pela guerra na Ucrânia. Limitar os aumentos dos preços da energia e de bens essenciais e baixar impostos são medidas defendidas como prioritárias por mais de metade dos inquiridos na sondagem feita pela Aximage para o JN, DN e TSF.

O Orçamento do Estado foi aprovado anteontem; dias antes (as 805 entrevistas foram feitas entre 19 e 24 de maio), cerca de 80% dos inquiridos responderam que a atualização das pensões e o aumento previsto para a Função Pública são insuficientes.

Os 81% de inquiridos que responderam que são precisas novas medidas escolheram três prioritárias entre uma lista de propostas. Uma maioria (71%) elegeu limites aos aumentos dos preços da energia, à subida dos preços de bens essenciais (66%) e a baixa dos impostos (58%). Foram as três medidas mais votadas tanto por homens como por mulheres, por todos os grupos etários e também por todas as regiões.

Menos de metade escolheu outras medidas, como mais apoios sociais às famílias desfavorecidas (43%), apoios à produção de bens alimentares (22%) ou às empresas (16%).

PASSISMO NEGRO: A DIREITA REFORÇADA, MONTESTERCO VENCEU*

PSD ensaia regresso ao passado

Após a derrota frente a Rui Rio, Luís Montenegro conseguiu, finalmente, ser eleito presidente do PSD, derrotando Jorge Moreira da Silva nas eleições directas para a liderança dos social-democratas.

Este sábado, para além da eleição do presidente social-democrata, decorreu também a eleição de delegados para o 40º congresso nacional do PSD que se realiza nos dias 1, 2 e 3 de Julho, no Coliseu do Porto.

Luís Montenegro foi líder parlamentar do PSD entre 2011 e 2017, onde se destacou na defesa das políticas do governo de Passos Coelho, nomeadamente no brutal corte de rendimentos e direitos realizado entre 2011 e 2015.

O ex-líder parlamentar dos sociais-democratas, para além de ter sido um dos rostos da derrota da direita e do desespero que se seguiu no PSD, que tardou a acordar para a nova realidade política resultante das eleições legislativas de 2015, foi protagonista no ataque político a medidas como o aumento extraordinário de pensões, a gratuitidade dos manuais escolares ou a reposição de salários e feriados.

AbrilAbril*Título PG

LONGA VIDA AOS INJUSTIÇADOS PARA RIREM NO FIM – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornalismo é assassinado impiedosamente na Ucrânia por propagandistas desalmados. Nos Media ocidentais impera uma Recdacção Única, a forma mais terrível de censura. Hoje, 27 de Maio, consultei os canais ocidentais e todos tratavam da “crise dos cereais” atribuindo à Federação Russa a fome no mundo e particularmente nos países mais pobres de África. Até puseram comentadoras e comentadores a carregar nas tintas, para que ninguém duvidasse da crueldade dos russos.

Qualquer principiante de jornalismo sabe como confirmar e reconfirmar os factos manipulados na Redacção Única. Mas ninguém está interessado em salvar a honra do Jornalismo. 

A República Popular da China é a primeira produtora mundial de cereais. E a segunda exportadora. Os EUA são os segundos produtores nundiais de cereais. E os primeiros exportadores! A Federação Russa está em quarto lugar e a Ucrânia em nono. O Canadá, que se tem mostrado tão preocupado com a fome no mundo causada pela situação na Ucrânia, é o décimo exportador mundial de cereais. A França vem logo a seguir. E sucessivamente a Austrália,  Polónia, Reino Unido, Roménia, Espanha, Itália, Dinamarca, Bulgária, República Checa, Suécia, Lituânia, Eslováquia, Finlândia e Letónia! Números oficiais.

Os cereais da Ucrânia e da federação Russa não interessam para nada, desde que os países da OTAN (ou NATO) com o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) à cabeça, substituam as exportações dos dois países.

A lista dos produtores e exportadores de cereais está desvendada e a Redacção Única desmentida. Agora vamos falar de produtos alimentares. Os EUA são os primeiros exportadores do mundo. O quarto é o Canadá e o oitavo a Austrália. Isto quer dizer que a coligação que aposta em enfraquecer a Federação Russa, pode e deve socorrer os países com fome. 

Um pormenor importante. Na União Europeia, os maiores produtores de cereais são primeiro a Roménia, segundo a Espanha e terceiro a Itália. Todos países da OTAN (ou NATO) participantes na guerra de enfraquecimento da Federação Russa. Se há fome no mundo, é porque estes países apostam nessa arma para colocarem todos  contra os russos. Os portos da Ucrânia podem ficar bloqueados eternamente, que daí não vem fome ao mundo. Basta que o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) em vez de vender armas, passe a vender produtor alimentares, de preferência a crédito, aos países pobres.

A Redacção Única também pôs a tocar as trombetas da propaganda no que toca aos misseis disparados na Ucrânia. Dizem as assassinas e assassinos do Jornalismo que nunca tinham sido usados tantos mísseis desde a II Guerra Mundial, como os que usou a Federação Russa na Ucrânia. Uma aldrabice ignóbil. O ensaio dos primeiros engenhos balísticos de grande dimensão para fins militares, foram gerados no âmbito do programa alemão das “armas-maravilha”(wonder weapons) de Hitler. A União Soviética desenvolveu esses estudos e em Outubro de 1962 colocou os primeiros mísseis em Cuba. Recolheram a casa e ninguém os usou.

O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) entrou na corrida e apanhou os soviéticos. Foi na Guerra Irão-Iraque (1980-1988) que foram lançados mísseis. Fornecidos pelas potências ocidentais a Bagdade e Teerão. Na Guerra do Golfo a capital do Iraque foi atacada com mísseis norte-americanos que rebentaram com a cidade milenária e com o país que é berço da dita civilização ocidental. Mataram milhares e milhares de civis. Ninguém se admirou. Ninguém condenou. Poucos reportaram. Eu vi bombardear Bagdade e escrevi. Washington despejou bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki, quando o Japão, derrotado, estava de joelhos. No Iraque atacaram com centenas ou milhres de mísseis.

Na II Guerra mundial ninguém tinha essas armas.

Hoje, 27 de Maio, morreu Mário Mesquita, jornalista. Na sequência do 25 de Novembro de 1975, ele e Vítor da Cunha Rego assumiram a direcção do jornal Diário de Notícias. Foram eles que fizeram do maior jornal português, a folha de couve que é hoje. Os dois directores decidiram despedir duas dezenas d jornalistas. Eu também entrei na lista. Mandaram-me uma carta onde diziam que eu estava despedido, “por não ser pluralista”. Respondi informando os dois beneficiários do golpe militar, que tinha sido contratado como jornalista e não como pluralista. Portanto, considerava o despedimento ilegal. Mas como não confio nos aparelhos repressivos da classe dominante, um dia havia de resolver o assunto à minha maneira, porque tiraram o pão aos meus filhos. Na altura já tinha três, que comiam desalmadamente.

Não precisei de sujar as mãos. Morreram os dois. Pum, pum, pum! E eu cá ando a navegar, embora com sérios riscos de ir ao fundo a qualquer momento. Longa vida aos injustiçados, para verem passar na correnteza do rio, os cadáveres dos seus algozes, flutuando de nenúfar em nenúfar. 

Amanhã contem com a fantástica história do Onete, construtor de túneis entre a fábrica da Mission e o Palácio da Cidade Alta.

*Jornalista

O Projeto Grã-Bretanha é a última encarnação do blairismo zumbi

#Traduzido em português do Brasil

Alex Mair | Jacobin

Por dois anos, Tony Blair apoiou a guerra de Keir Starmer para expulsar os socialistas do Partido Trabalhista. Agora os blairistas estão lançando o Projeto Grã-Bretanha – a mais recente tentativa de criar uma força über-neoliberal para destruir qualquer vestígio de social-democracia.

Desde que Keir Starmer foi eleito líder do partido em abril de 2020, a maioria do Partido Trabalhista Parlamentar se esforçou para lembrar aos membros mais amplos que, acima de tudo, ele é um vencedor de eleições de boa-fé. Starmer é, seus apoiadores insistem, uma certeza absoluta para reivindicar 10 Downing Street para o Trabalho depois de mais de uma década na oposição. Depois que ele foi eleito líder pela primeira vez, ex-luminárias blairistas imediatamente vieram a público com suas felicitações. O próprio Tony Blair tuitou seus elogios por meio de sua fundação de caridade, dizendo que Starmer assumiu “a responsabilidade de fornecer uma oposição coerente e eficaz” e esperava que ele transformasse o Partido Trabalhista em um “candidato sério e eficaz ao governo”.

No entanto, pouco mais de dois anos em sua liderança, há fortes indícios de que o quadro não é de todo cor-de-rosa. Em público, Blair e seu assessor de longa data Peter Mandelson continuam apoiando Starmer e seu expurgo da esquerda de seu partido. No entanto, nos bastidores, Starmer parece ter perdido o apoio dos blairistas. Em particular, as dúvidas vêm crescendo há algum tempo sobre a elegibilidade tão anunciada de Starmer. Blair já havia dito isso em voz alta em maio de 2021, depois que o Partido Trabalhista perdeu a eleição de Hartlepool, um assento que o Partido Trabalhista ocupou duas vezes sob Jeremy Corbyn. Escrevendo no New Statesman , Blair disse que Starmer era “sensato, mas não radical”.

O artigo de Blair no New Statesman foi, até agora, o sinal mais claro de que Blair et al. já não acredito que Starmer tem o toque mágico. Isso até algumas semanas atrás, quando o Projeto Grã-Bretanha foi criado. Seu propósito exato permanece incerto, exceto que busca uma alternativa mais centrista ao Trabalho de Starmer.

PREPARAM UMA NOVA GUERRA PARA O APÓS DERROTA FACE À RÚSSIA

Thierry Meyssan*

A guerra na Ucrânia é uma ilusão de óptica. Por trás das aparências de unidade da OTAN e da sua consolidação com novos aderentes, vários dos grandes jogadores jogam em tabuleiros opostos. Na realidade todos os que não estão cegos pela sua própria propaganda sabem que o seu campo vai perder e que ele idealiza já outros inimigos noutros campos de batalha. Washington faz das tripas coração e utiliza a pressão russa para cerrar fileiras.

Na frente do palco, a OTAN afirma ter sido reforçada pela « loucura de Putin ». A Ucrânia, poderosamente armada pelos Ocidentais, realiza uma contra-ofensiva e repele o « invasor ». No plano internacional, as sanções dão frutos. A Finlândia e a Suécia, sentindo-se ameaçadas, decidiram aderir à Aliança Atlântica. Em breve os Russos derrubarão o « ditador » do Kremlin.

Esta magnífica narrativa é contrariada pelos factos: só cerca de um terço das armas ocidentais chega à linha da frente. Mas o Exército ucraniano está exausto. Ele recua em quase todo o lado e algumas façanhas não mudam em nada o quadro geral. Dois terços das armas ocidentais, nomeadamente as mais pesadas, estão já disponíveis no mercado negro nos Balcãs, particularmente no Kosovo e na Albânia, que se tornaram os principais locais de tráfico na matéria. As sanções ocidentais representam um risco de fome, não na Rússia, mas no resto do mundo e particularmente em África. A Turquia e a Croácia opõem-se à adesão de novos membros à OTAN. É possível convencê-los, mas à custa de mudanças políticas radicais às quais os Ocidentais sempre se opuseram.

Mesmo que a Rússia seja sábia o suficiente para comemorar a sua vitória bem alto, como soube fazer na Síria, esta aparecerá como o fracasso da maior força militar da história, a OTAN. Uma vitória sem apelo, uma vez que a Aliança Atlântica se envolveu fisicamente na luta, enquanto na Síria permaneceu à margem dos campos de batalha da Síria. Muitos Estados vassalos de Washington irão tentar soltar-se. É provável que os seus dirigentes civis permaneçam mentalmente virados para o Ocidente, enquanto os seus chefes militares se voltarão mais rapidamente para Moscovo (Moscou-br) e Pequim. Nos próximos anos, as cartas serão redistribuídas. Não se tratará de passar de um alinhamento com Washington para outro alinhamento com os novos vencedores, mas de criar um mundo multipolar onde todos serão responsáveis por si próprios. O que está em jogo não é uma redefinição de zonas de influência, mas o fim da mentalidade que estabelece uma hierarquia entre os povos.

Nessa perspectiva, é fascinante observar a retórica ocidental. Muitos especialistas do velho mundo explicam que a Rússia quer reconstruir o seu império. Garantem que ela já reconquistou a Ossétia e a Crimeia e ataca agora o Donbass.

Eles reconstroem a história, falsificando em seu apoio citações do Presidente Putin. Todos os que estudam a Rússia contemporânea e verificam os dados sabem que é falso. A adesão da Crimeia à Federação da Rússia e as que virão da Ossétia, do Donbass e da Transnístria nada têm a ver com um império, mas com a reconstituição da nação russa, desmembrada no decurso do colapso da União Soviética.

Neste contexto, uma pequena parte dos dirigentes ocidentais começa a contestar as escolhas do seu suserano norte-americano. O mesmo fenómeno ocorreu durante um trimestre, no fim do mandato do Presidente francês Nicolas Sarkozy. Este, vendo o desastre humano que ajudara a provocar na Líbia e o seu fracasso na Síria, aceitara negociar uma paz separada com Damasco. No entanto Washington, furioso com esta independência, montou a sua derrota eleitoral em favor de François Hollande. Nos dias que se seguiram ao seu acesso ao Eliseu, esse relançou a máquina de guerra ocidental por uma década. Foi precisamente nesse momento que a Rússia se decidiu a intervir na Síria. Durante dois anos ela apurou o desenvolvimento de novas armas, depois veio combater os jiadistas armados pelo Ocidente e dirigidos pela OTAN a partir do seu Allied Land Command (Comando Terrestre Aliado-ndT) na Turquia.

Se as palavras de ordem da OTAN triunfaram na imprensa ocidental, os nossos estudos sobre a história, a importância e o lugar dos banderistas na Ucrânia contemporânea circularam largamente nos círculos dirigentes do mundo inteiro. Muitos « aliados » de Washington recusam-se agora a apoiar estes « Ucranianos » que sabem serem neo-nazis. Eles consideram que neste combate é a Rússia que tem a razão. Desde já, a Alemanha, a França e a Itália autorizaram certos membros do seu governo a conversar com a Rússia, sem que isso mude a política oficial dos seus países. Pelo menos estes três membros da Aliança Atlântica fazem cautelosamente um jogo duplo: se as coisas derem torto para a OTAN, eles serão os primeiros a mudar a casaca.

De forma idêntica, a Santa Sé, que quase chegou a pregar uma nova cruzada contra a « Terceira Roma » (Moscovo) e divulgou fotos do Papa rezando com as esposas de banderistas do Regimento Azov, contactou igualmente não só com o Patriarca Cirilo, mas também com o Kremlin.

Todos esses contactos, por mais discretos que sejam, desautorizam Washington, que tenta já afastar os emissários secretos. Mas, precisamente, o facto de serem oficialmente demitidos dá mais latitude a esses emissários para negociar. O importante é que eles possam dar contas a quem tem direito do que fazem. Trata-se aqui de um jogo perigoso tal como prova a derrota eleitoral do Presidente Sarkozy quando tentou se libertar do seu patrocinador norte-americano.

MILITARES RUSSOS VENCEM BATALHA POR LIMAN. BOLSAS AFU DIMINUEM

VER VÍDEO - comentário em inglês

South Front | texto traduzido em português do Brasil 

Nos últimos dias, o principal desenvolvimento militar nas linhas de frente de Donbass foi o assalto à cidade de Liman, no norte da República Popular de Donetsk. Krasny Liman é uma das primeiras cidades que foram capturadas pelo exército ucraniano com intensos combates em junho de 2014.

Os confrontos na área recomeçaram semanas atrás, quando os militares russos se aproximaram das aldeias próximas e assumiram o controle de Yampol. Em meio à feroz resistência das unidades ucranianas, as forças lideradas pela Rússia entraram em Liman pelo norte em 23 de maio . Durante os combates, duas pontes sobre o rio Seversky Donets foram destruídas. Como resultado, os militares ucranianos deixaram suas posições.

Em 26 de maio , os militares russos reivindicaram o controle de Liman. As Forças Armadas da Ucrânia (AFU) reconheceram a perda. As operações de limpeza continuam nas aldeias e florestas ao sul da cidade.

A nova ofensiva das tropas russas nesta área é dificultada pela necessidade de atravessar o rio Seversky Donets, onde a ameaça de ataques das forças ucranianas às unidades russas é alta. Assim, espera-se que o comando russo não dê continuidade às operações ofensivas ativas na região, mas concentre forças para operações na área de Severodonetsk-Lisichansk, onde o agrupamento ucraniano de cerca de 10.000 militares permanece isolado das principais rotas de abastecimento e riscos ser pego em um cerco estratégico no futuro próximo.

A luta continua nos arredores de Severodonetsk. As forças lideradas pela Rússia atacam as posições da AFU na cidade, mas até agora evitaram entrar nos combates de rua. Confrontos violentos atingiram a estação de ônibus no distrito oriental de Severodonetsk. Forças russas invadem a cidade de Borovskoe, ao sul da cidade. Unidades chechenas alegaram ter entrado na cidade de Lisichansk. Os combates provavelmente atingiram os arredores da cidade.

Um dos principais campos de batalha no Donbass é a frente ao longo da linha Seversk-Soledar-Bakhmut-Toretsk. As forças conjuntas da Rússia, DPR e LPR estão avançando do leste. Eles já cortaram a estrada entre Bakhmut e Lisichansk em Belogorovka e Nahornoe. A última fortaleza ucraniana no leste em Zolotoe está quase cercada.

Nas linhas de frente de Donetsk, a luta feroz por Avdeevka continua. As linhas de frente na região permaneceram quase inalteradas desde 2015.

O batalhão DPR Somália e outras unidades apoiadas pelas forças russas estão avançando para os arredores orientais de Avdeevka de Novoselkovki-2 e Novobakhmutovka. Até agora, as unidades DPR conseguiram garantir uma posição ao longo da rota para Konstantinovka.

Ao mesmo tempo, forças conjuntas estão avançando na direção sudeste, da vila de Spartak. Os confrontos atingiram a zona industrial, que há 8 anos é palco de fortes confrontos.

South Front - 28maio2022

À BEIRA DO ABISMO. A BATALHA POR MARIUPOL PELOS OLHOS DE UMA TESTEMUNHA

VER VÍDEO -- comentários em inglês

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