quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

AGRESSORES E DESTRUIDORES DE ANGOLA SÃO AMIGOS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Orçamento Geral do Estado (OGE) 2023 foi aprovado, esta segunda-feira, na generalidade com 117 votos a favor, 80 contra e quarto abstenções. Como a UNITA tem 90 mandatos, dez deputados andavam a passear no dia da votação ou as tratar de sabotagens. O documento fica pouco tempo na especialidade porque os sicários do Galo Negro não têm ideias nem propostas. Está resolvido.

O Presidente João Lourenço está triste por ver a degradação dos grandes estádios de futebol, construídos para o Campeonato Africano das Nações. Outras infra-estruturas desportivas importantíssimas estão igualmente degradadas. Face ao descalabro, disse o Presidente da República: “Não deve ser o Estado a gerir as infra-estruturas desportivas, no entanto, espero que nos ajudem a encontrar as melhores soluções para invertermos o quadro. Precisamos de ideias para ver se saímos da situação em que nos encontramos hoje”.

Sua excelência estás mais Chicago Boy do que os ditos cujos. Quem disse a sua excelência que o Estado não pode gerir as infra-estruturas desportivas? Pode e deve. O que não pode é abandoná-las. O que não pode nunca, é permitir que os responsáveis pelos equipamentos desportivos deixem apodrecer tudo e se limitem a receber os vencimentos e as mordomias.

O Estado não pode ter uma Secretaria de Estado de Desporto que, pelos vistos, só serve para enfeitar. Não pode, de forma nenhuma, deixar as infra-estruturas desportivas sem um orçamento. O que não pode é deixar andar. O Estado, nesta e noutras matérias, não pode ser negligente como tem sido. Os privados só ajudam se lhes for garantido um porco gordo e depois devolvem um chouriço.  

Entreguem as infra-estruturas desportivas aos clubes através de contratos onde fica incluída a obrigação da manutenção permanente. Paguem-lhes por esse serviço. Além da manutenção, os clubes, ao abrigo dos contratos, são obrigados a criar escolas de formação desportiva. Garantir o acesso ao desporto às crianças e jovens. Está garantido.

O senhor ministro dos Transportes, Viegas de Abreu, fez uma afirmação inquietante: “Eu acho que nós temos que ter noção de que as infra-estruturas e particularmente as dos Transportes e logísticas são infra-estruturas estratégicas. E é óbvio que elas são vítimas de sabotagem e actos de banditismo, que têm que ser devidamente combatidos. São necessárias medidas urgentes dos órgãos de Defesa e Segurança para um combate sem fronteiras a este fenómeno”.

No último trimestre do ano passado, foram registados vários descarrilamentos de comboios. O mais grave ocorreu em Outubro. Descarrilaram três carruagens de uma composição que seguia para a cidade do Luena. Ficaram danificadas mais de 900 travessas da linha férrea.

Em Abril descarrilaram 26 vagões de um comboio que circulava entre o Lubango e a cidade do Namibe. Entre Viana e Luanda é o pão nosso de cada dia. As sabotagens são permanentes. Que se saiba, até agora nenhum dirigente ou deputado da UNITA foi preso. Mas toda a gente conhece os gangues que trabalham para o Galo Negro no bota fogo e deixa arder! O senhor ministro tem razão: “As infra-estruturas e particularmente as dos Transportes e logísticas são estratégicas”. Os sicários e terroristas da UNITA também sabem disso.

Vamos visitar o Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale. Em 1960, O Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 134 onde considerou que o regime racista da África do Sul era uma ameaça à paz mundial. Em 1962, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a Resolução 1761 que recomendava aos Estados-membros a cortarem as relações diplomáticas, comerciais e militares com a África do Sul. Também vedava a passagem de navios e aeronaves sul-africanas pelos seus territórios. 

Em 1963, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 181 que impôs o embargo às remessas de armas, munições e qualquer tipo e veículos militares ao país. Os EUA, os países da CEE (hoje União Europeia) e Israel ignoraram a resolução.

Em 1973, a ONU aprovou uma resolução onde o regime de apartheid da África do Sul foi declarado um crime contra a Humanidade. EUA, CEE (União Europeia) e Israel continuaram a ser coniventes. 

Em 1977, a Resolução 418 da ONU transformou a recomendação do embargo de 1963 em imposição. Fornecer armas à África do Sul passou a ser considerada uma grave ameaça à paz e segurança mundiais. O Presidente Reagan forneceu os mísseis Stinger ao regime racista de Pretória através do criminoso de guerra Jonas Savimbi. França e Reino Unido forneciam a aviação da guerra contra Angola. Alemanha os tanques oliphant. EUA os canhões de longo alcance. Para furarem as decisões da ONU, vários países em vez de enviarem armas e equipamentos, transferiam para a África do Sul o seu fabrico! Os japoneses passaram a fabricar lá os seus automóveis e motociclos!

Angola enfrentou a coligação mais agressiva e reaccionária que alguma vez se formou à superfície da Terra., E venceu os invasores sul-africanos, seus apoiantes e o seu biombo, a UNITA. Com a ajuda imprescindível da União Soviética, Cuba, Jugoslávia, Argélia, República Popular do Congo e outros países amigos. EUA, União Europeia, Reino Unido, Portugal nunca perdoarão ao MPLA por ter libertado África e o Mundo do regime racista de Pretória, declarado pela ONU como um crime contra a Humanidade.

Hoje a mesma coligação apoia os nazis de Kiev. O Presidente João Lourenço colocou-se ao lado dos que ontem agrediram, ocuparam, mataram milhares de angolanos e destruíram Angola. Arrastou Angola e o MPLA para essa infâmia. Não contem com, o meu silêncio conivente. A visita do embaixador mobutista que Biden mandou para Angola é um insulto e um ultraje. Cuspiram nas tumbas dos nossos Heróis.

*Jornalista

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