quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

BOLSONARO EXTRADITADO, OU A BANHA DA COBRA QUE ENGANA E VENDE?

Do Brasil, de Portugal, da lusofonia e do mundo. A seguir é este o trato do Curto do Expresso com um título sugestivo tipo banha da cobra: “Bolsonaro Extraditado”. Não. O “monstro fascista” está por lá pelos EUA – a Casa Branca e Grande Desgraça que Veio ao Mundo sabe o que faz de acordo com as secretas cujos operativos tem no Brasil e países das ilhargas brasileiras, muitos disfarçados de diplomatas. Tão depressa o Brasil não vai ter sossego ou, provavelmente, nunca mais. Sem dó nem piedade os EUA estão com Bolsonaro e regimes que lhes obedeçam. O que Biden diz a reboque de outros dos seu clã de hipócritas não vale, não conta para a verdade da história. A União Europeia segue-lhe obedientemente as passadas como boa e fiel organização colonizada pelos EUA. Quem não sabe isto sobre os vendidos europeus que andam por aí a tramar-nos no continente europeu e arredores?

Pois. Mas viemos aqui para divulgar o Expresso Curto em forma de newsletter. É o que faremos já a seguir. Leiam e pensem, não dói nada. Estejamos atentos ao estilo assimilado dos novos jornalistas em Portugal e em tantos outros países. Redação Única é como  muitos dos mais antigos e calejados definem a fabricação das notícias, dos comentários, etc. Comprar uma publicação ou outra vai quase dar no mesmo. Até parece que são máquinas a botarem palavras. Também chamam a isso “lavagem ao cérebro”, manipulação em massa, etc… Nós, por cá, preferimos arroz de polvo. Que petisco!

Bom dia e siga para o Curto. A seguir. Mais do mesmo. Porque não?

MM | PG

BOLSONARO EXTRADITADO

Cristina Peres, jornalista de internacional | Expresso

Este é o tempo verbal que a administração norte-americana gostaria de já ter usado perante a incómoda presença do ex-Presidente do Brasil, que se encontra em exílio auto-imposto em território americano desde que perdeu a reeleição, em 3 de outubro. Se por pressão do Congresso Jair Bolsonaro vai ser extraditado ou não ainda é uma incógnita. Contudo, o Presidente americano, Joe Biden, foi claro na condenação dos ataques de 8 de janeiro à democracia no Brasil em conjunto com os líderes do México (Andrés Manuel López Obrador) e do Canadá (Justin Trudeau) a partir da cimeira sobre migrações que os reuniu no México. Biden convidou Lula da Silva a visitar a Casa Branca em fevereiro, visita que vai coincidir com o fim da validade da extensão do visto concedida a Bolsonaro para permanecer nos Estados Unidos. Jair, que esteve a ganhar tempo de novo agarrado a dores abdominais, já abandonou o hospital da Florida onde esteve internado e regressou à residência que tem ocupado em Orlando, Florida.

Nas ruas do Brasil milhares de pessoas manifestam-se exigindo sanções contra os apoiantes do ex-PR do Brasil, que está cada vez mais isolado, e o Ministério Público pede o bloqueio dos seus bens. “Bolsonarista típico” é a descrição dos primeiros financiadores identificados da invasão das sedes dos três poderes. Em apenas 24 horas, o ministério da Justiça brasileiro recebeu 30 mil denúncias de suspeitos por terem participado ou organizado a insurreição de Brasília. O setor agrícola de bastiões de Bolsonaro está sob holofote das autoridades, que divulgaram o código por eles usado para convocar a invasão de Brasília: “Festa da Selma”. Trata-se de uma alusão à palavra “Selva”, uma expressão comummente associada às forças armadas brasileiras que se tornou na palavra de ordem para os veteranos.

A simbiose da extrema-direita nos Estados Unidos e no Brasil está na origem da semelhança entre o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021 e a invasão das casas dos três poderes em Brasília dois anos e dois dias mais tarde. A análise da ligação dos movimentos das famílias e grupos de influência dos dois ex-PR, Donald Trump e Jair Bolsonaro, permitiu ao especialista em desinformação David Nemer prever em 2021 a preparação de um golpe semelhante nas eleições brasileiras de 2023, como pode ler no “The Guardian”.

“Brazil: The Mob leaves Its Mark”, declaração do International Crisis Group (organização não governamental que prevê, analisa e monitoriza conflitos em todo o mundo) de 10 de janeiro de 2023 relativo ao assalto aos três poderes no Brasil: “O assalto às instituições do Estado brasileiras evocou a incursão de 2021 no Capitólio dos Estados Unidos. Tal como na sequência desse evento, o papel da contenção pelas forças da ordem sobrepõe-se à tarefa mais delicada de identificar os círculos políticos e financeiros que tornaram a rebelião possível”.

Se ainda não ouviu aqui fica o link para a edição extra do podcast O Mundo a Seus Pés sobre o 8 de janeiro em Brasília.

OUTRAS NOTÍCIAS

“TAP no olho do furacão” implica turbulência séria: pré-aviso de greve para dias 25 e 31 avança em simultâneo com a Comissão de Inquérito.

Centeno pede “alguma paciência”: bancos demoram a subir juros dos depósitos.

Banco Mundial avisa: a economia global está “perigosamente perto” de uma recessão.

A Uniqlo, retalhista japonês com lojas em praticamente todo o mundo, anunciou que vai aumentar 40% os salários aos trabalhadores no Japão para lhes permitir fazer face à inflação. Leu bem: 40%.

Operação Vórtex: promete complicar-se. A casa do vice-presidente do grupo parlamentar do PSD “foi objeto de busca”.

Haiti à beira do caos. Os últimos dez senadores abandonaram os cargos deixando o Haiti sem políticos eleitos. O domínio dos gangues está a prevalecer quando a população está a sofrer de má nutrição e um surto de cólera não pára de ganhar dimensão.

Moçambique. As forças regionais que combatem a violência jihadista no território lançaram uma investigação após ter surgido um vídeo nas redes sociais onde se veem soldados atirarem corpos para uma pira ardente, declarou o exército da África do Sul (SANDF), incidente que deve ter ocorrido em novembro do ano passado, escreve o site Africanews com a agência AFP.

Jogos de guerra provam que Taiwan é capaz de deter um ataque da China a um preço altíssimo.

Carros engolidos por um escoadouro num subúrbio de Los Angeles, esgotos a invadirem as ruas da zona da baía de São Francisco e a subida das águas que já provocaram evacuações em partes do condado de Monterey: há três semanas que a Califórnia vem a ser fustigada por “uma parada de tempestades”, como lhe chama o Serviço Nacional de Meteorologia. E vai continuar.

Turquia apoia plano de paz de Volodymyr Zelensky e França fornece à Ucrânia os primeiros tanques de fabrico ocidental. Siga aqui o direto sobre a guerra na Ucrânia. Visita a Kharkiv da ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, alimenta esperança de fornecimento de tanques alemães Leopard 2. Pelo seu lado, o Reino Unido está a considerar a entrega de “uma mão cheia” de tanques Challenger 2 ao país invadido pela Rússia. A Arménia cancelou os exercícios militares da aliança liderada pela Rússia frustrada por Moscovo não assegurar trânsito livre no corredor que liga a Arménia a Nagorno-Karabakh.

O verão de 2022 foi o mais quente de sempre desde que existem registos. Onze países europeus registaram os seus máximos.

A 80ª edição dos Globos de Ouro 2023 aconteceu esta noite. Se tiver sido um bom espectador vai saber logo do que se fala quando ler que “Os Espíritos de Inisherin” e “Os Fabelmans” vencem nas salas de cinema e “House of Dragon” e “The White Lotus” vencem no sofá.

FRASES

“[Os ucranianos] devem saber que podem contar com a nossa solidariedade e com o nosso apoio [o que] inlcui mais entregas de armas”, Annalena Baerbock, ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha durante a visita a Kharkiv, no leste da Ucrânia

“Há muito para fazer no que diz respeito à relação com o mar”, Filipe Duarte Santos, professor universitário e investigador em alterações climáticas ao JN

“Em particular, o Conselho de Administração da TAP deve esclarecimentos ao Parlamento e aos portugueses”, Brilhante Dias, presidente da bancada do PS

“Se esta é a primeira família do Reino Unido como serão as outras?”, Marina Hyde, na sua coluna de opinião do jornal “The Guardian” a propósito do livro do príncipe Harry a quela ela chama “É o príncipe Harry Voando sobre o Ninho dos Windsor”. O Expresso já leu “Spare”, o livro que promete abalar a monarquia britânica

SUGESTÕES DE PODCASTS

"Os números não mentem, há 2% de mulheres que levantam capital de risco no mundo". No segundo episódio de O CEO é o Limite, Cátia Mateus recebe Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ia e conselheira do presidente norte-americano Joe Biden para a estratégia de desenvolvimento da inteligência artificial no país. Uma conversa sobre ir além das “limitações aparentes” e o desafio de ser mulher, estrangeira, cientista e empreendedora no mercado tecnológico americano

https://expresso.pt/podcasts/o-ceo-e-o-limite/2023-01-09-Daniela-Braga-CEO-da-Defined.ia-Os-numeros-nao-mentem-ha-2-de-mulheres-que-levantam-capital-de-risco-no-mundo-65d75194

Começar de novo com menos lei e mais ética, menos Governo e mais TAP. A Comissão Política desta semana debate a situação da TAP e de Fernando Medina. Com a crise política a abrandar, estarão “safos”? O primeiro-ministro garante que o governo está coeso, embora ainda lhe falte uma secretária de estado. O PSD concorda com o Marcelo: não é o momento para derrubar o governo

https://expresso.pt/podcasts/comissao-politica/2023-01-10-Comecar-de-novo-com-menos-lei-e-mais-etica-menos-Governo-e-mais-TAP-e4bac166

Há regras que os jogadores são obrigados a saber. Depois, há a que apareceu no Benfica-Portimonense. Começando pela queixa de insultos racistas alegadamente ocorridos no Vitória-Rio Ave e do protocolo dos ‘Três Passos’ que os árbitros devem seguir quanto tal acontece, no episódio desta semana do A Culpa é do Árbitro, com Duarte Gomes, segue-se para o raro lance que mostrou uma lei do jogo pouco vista no Estádio da Luz

https://expresso.pt/podcasts/a-culpa-e-do-arbitro/2023-01-10-Ha-regras-que-os-jogadores-sao-obrigados-a-saber.-Depois-ha-a-que-apareceu-no-Benfica-Portimonense-9e948d24

O QUE ANDO A LER

Por causa e a propósito de um (curto) artigo que escrevi para a edição dos 50 anos do Expresso sobre deep fakes e media sintéticos intitulado (na versão digital) “Inteligência artificial aterrou com estrondo na política mundial: ver já não garante que se possa crer” não parei as leituras. O assunto é tão fascinante quanto polémico e traz consigo uma certeza: veio para ficar. Aparte a potência que tem para alimentar teorias da conspiração (provavelmente o aspeto menos interessante), vem levantar uma quantidade de questões, muitas delas relacionadas com regulação ou a dificuldade em tê-la. Para começar, implica uma série de técnicas de identificação das imagens manipuladas, que não existem, e as tecnologias de inteligência artificial nelas usadas são de fácil acesso. Verdade ou mentira?, eis a questão que veio para ficar. Há gente incrível a escrever e a pensar sobre o assunto, deixo aqui um artigo da última edição da revista “The Economist”: “Proving a photo is fake is one thing. Proving it isn’t is quite another”, a questão é fundamental para o reporte de crimes de guerra.

Se quiser ver o estupendo “trabalho de casa” da organização não governamental com sede em Berlim Democracy Reporting International (DRI), dedicada a identificar e combater desinformação, veja neste relatório de setembro de 2020 a importância que os deepfake têm neste capítulo. Para informação mais recente sobre as soluções encontradas para novos desafios leia aqui o relatório da DRI acabado de publicar no mês passado com exemplos de cinco países e múltiplas regiões. A boa notícia é que o público (nós todos) pode contribuir para resistir aos maus efeitos dos media sintéticos, conclui a DRI. Fica aqui matéria para dar uma ideia e passar uma noite… em branco.

Este meu primeiro Curto de 2023 termina aqui. Sugiro que fique na nossa companhia da panóplia de sugestões que lhe damos em expresso.pt. Boa quarta-feira.

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