Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião
"O que queremos é uma
maioria absoluta que não esteja morta". A frase é do presidente da
República. Foi dita no rescaldo de uma entrevista, neste arranque de semana,
Se o mesmo cidadão se recordasse, entretanto, que houve eleições legislativas há apenas um ano, ficaria preocupado, e talvez fosse à procura de contexto. Mas poderia aterrar nesta outra frase de Marcelo, dita há um mês, a propósito de uma eventual demissão do Governo: "Não é claro que surgisse uma alternativa evidente, forte e imediata àquilo que existe". E a conclusão seria igualmente óbvia e brutal, mas menos imediata: o Governo tem os dias contados, mas só quando o presidente perceber que o PSD tem condições para ganhar eleições e liderar um Governo.
Não é fácil, de facto, lidar com
a velocidade do tempo político
É verdade que Marcelo já não goza da popularidade de outrora, como mostrou o mais recente barómetro político da Aximage para o JN. Mas Costa está ainda pior. Depois de anos em que foi o único líder partidário com avaliação positiva, passou a ser o político com maior índice de rejeição. Pior até do que André Ventura, o que não é coisa de somenos. E não deixa de ser paradoxal que o seu atestado de sobrevivência seja afinal a fragilidade do seu principal rival, Luís Montenegro. O líder do PSD não só não capitaliza os descontentes, como perde o pé. Talvez seja mesmo só por isso (a fazer fé nas farpas de Marcelo) que a maioria absoluta, parecendo moribunda, ainda não tenha sido dada como morta.
*Diretor-adjunto
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