quarta-feira, 1 de março de 2023

Moçambique | CHUVAS EM MAPUTO DEIXAM PESSOAS SEM CASA E SEM COMIDA

A chuva não para de cair em Maputo. Chove a cântaros na capital moçambicana desde o fim de semana, só com alguns períodos de pausa. Muitas famílias tiveram de abandonar as suas casas.

Lúcia Novela viu a sua casa a ser inundada pelas águas e foi obrigada a sair do seu bairro, Mahotas, mais a norte da capital moçambicana, para um centro de acomodação.

"Não há condições adequadas com as inundações e os mosquitos. Deram um sítio, uma igreja abandonada, aos que tiveram enchentes nas suas casas, para lá estarem, por enquanto", conta.

Luís Nuvunga também foi afetado pelas chuvas intensas. Na sua casa, a água chega à janela. Por isso, teve de sair. Nuvunga diz que, todos os dias, o centro de acomodação acolhe novas vítimas. A comida não chega para todos.

"Há algumas [famílias] com cinco pessoas, que têm de poupar comida e comer uma vez por dia. Procuramos pão com os nossos meios."

Medo dos ladrões

As autoridades municipais albergaram 46 famílias na Escola Primária 9 de Agosto, apenas no bairro das Mahotas.

Mais vítimas poderiam chegar ao centro, mas, segundo Alberto Mabote, há muitas pessoas que recusam sair das suas residências por causa dos ladrões.

"Há muito roubo naquelas bandas. São jovens, vizinhos e outros, que se envolvem em roubos", explica.

Fonseca César pede às autoridades municipais que arranjem alternativas para as vítimas das cheias. Por exemplo, em bairros mais seguros: "Desde que estamos aqui, não nos disseram qual o passo a seguir. Nós temos esperança. Basta bombear aquela água para nós voltarmos às nossas casas", diz César.

Chuvas "excecionais"

Manuel Carlos ainda tentou bloquear as águas na sua residência. Mas, com as chuvas que caíram nesta terça-feira (28.02), foi obrigado a abandonar a ideia. Os seus móveis ficaram destruídos: "A minha cristaleira, os sofás, a minha própria cama, o meu colchão, o meu congelador, a minha geleira, está tudo de qualquer maneira", enumera.

Além de provocar inundações, erosão e o corte de rodovias, as chuvas abriram uma cratera numa das avenidas no centro da cidade de Maputo, deitando abaixo algumas árvores.

"As chuvas que estamos a ter são absolutamente excecionais", justificou o vereador da área de infraestruturas, Saturnino Chembeze.

"Se houve esse processo de inundação em todas as zonas de Maputo, há de facto problemas com as valas, que não estão completamente limpas, mas não é esse o problema maior, o problema é que as chuvas são excepcionais", concluiu.

Romeu da Silva (Maputo) | Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana