quarta-feira, 1 de março de 2023

Moçambique | JORNALISTAS PEDEM APOIOS NO COMBATE À CORRUPÇÃO

Centro de Integridade Pública (CIP) quer envolver jornalistas na luta contra a corrupção em Moçambique. Repórteres estão prontos para o desafio, mas pedem mais formação e financiamento para custear as investigações.

Moçambique continua mal posicionado no índice de corrupção a nível global, ocupando o 26º lugar entre 180 países avaliados. 

Zenele Chilundo, oficial de Programa de Combate a Corrupção, do Centro de Integridade Pública (CIP), mostra-se preocupada com o momento atual: "Este é um problema que afeta todos nós, porque impede o desenvolvimento do nosso país. Exemplo disso estão os casos das dívidas ocultas que trouxeram graves danos à nossa economia". 

Para travar o fenómeno da corrupção, o CIP tem uma estratégia: apostar em jornalistas. "Acreditamos que para além da frente judicial é preciso engajar os outros atores relevantes que podem contribuir com os seus trabalhos na prevenção e combate a corrupção", comenta Zenele Chilundo.

Formações em curso

A organização está a envolver jornalistas através de um projeto de formação com duração de três anos. Até março, a organização pretende formar mais 150 jornalistas e 20 ativistas de organizações da sociedade civil em matéria de investigação em casos de corrupção e no monitoramento dos processos judiciais, desde as denúncias até ao desfecho e reporte de casos, bem como a responsabilização dos implicados. 

Zenele Chilundo augura bons resultados: "Os jornalistas capacitados em monitoria e reporte dos processos sobre a corrupção vão despertar na sociedade a necessidade de sermos cada vez mais vigilantes relativamente a estas práticas, para além de encorajá-los na denúncia dos crimes de corrupção".

Os jornalistas estão dispostos a juntar-se à causa, por considerarem o tema "preocupante" e um entrave à evolução do país. Mas além de formação, pedem abertura no financiamento para custear as despesas de investigação. 

"O envolvimento dos jornalistas no combate à corrupção pode surtir efeito", admite a jornalista moçambicana Adina Sualehe.

"Notamos que a maioria dos casos em Moçambique e no mundo que têm sido seguidos pelas autoridades foi porque os jornalistas tiveram o seu envolvimento, e por causa da pressão que fazem", acrescenta.

Mais apoios

A jornalista Adina Sualehe pede financiamento para a classe: "Os órgãos de comunicação social, sobretudo os independentes, precisam de ter parcerias para garantir que o jornalista tenha todos os meios disponíveis para dar continuidade a um processo de investigação, sobretudo financeiros", alerta.

Zenele Chilundo garante que o CIP apoiará os jornalistas: "Não há melhor forma de incentivar os jornalistas senão criar meios para que possam ganhar interesse para investigar e ganhar esses casos de corrupção e ajudar na redução da prática deste crime".

Sitoi Lutxeque (Nampula) | Deutsche Welle

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