CRAVO MURCHO, CRAVO MURCHO, DIZ-NOS QUANDO FLORESCES E DEIXAS DE SER EFÉMERO
A 24 de Abril de 1974 o tio Balsemão de Bilderberg Impresa estava a esfregar as mãos num prédio de Lisboa, ali ao Marquês de Pombal, na Rua Duque de Palmela com a Rua Castilho. Era Abril mas estava friote (fresco, como sói dizer-se em português do bom e do melhor).
O salazarismo-nazi-fascista ia cair sobre o padrinho do atual presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, um tal professor Marcelo Caetano das “conversas em família” que objetivava perdurar a ditadura fascista e empatar a revolução e a liberdade democrática. Tio Balsemão e os Marcelos tudo farinha do mesmo saco. Os enfarinhados começaram a aparecer muito democráticos e a botar faladura, dizendo-se regozijados pelo derrube do salazarismo fascista dos 48 anos transactos. Balelas. Esses eram onde estavam no 25 de Abril de 1974, pendurados e expectantes para tomar o poder e travar a revolução. Conseguiram, ao longo de quase 50 anos a vitória foi certa… Assim é cada vez mais na atualidade. Portugal ruma repelentemente cada vez mais à direita nazi-fascista.
Tendo por engodo o engano, esses tais que conseguiram vindo até aos dias de hoje avacalhando a democracia a seu modo e conveniências, apertando os gasganetes à democracia de facto e popular, ao poder popular, locupletando-se com o poder usando argumentos maviosos carregados da palavra povo mas pensando em escravos que lhes garantissem e garantem a obesidade das suas contas bancárias, dos bens adquiridos por via de negociatas dúbias, de corrupções, de roubos consentidos. Eles são os imoralmente muito ricos e ultra ricos, o povo de então - como o de antes - e de agora são os pobres, os trabalhadores, os emigrantes, os despojados das riquezas que produzem para usufruto de somente uns quantos sem-vergonha e sem um pingo de humanidade distribuírem por entre eles, um grupo restrito. Democracia? Que democracia? Desigualdades gritantes, exploração esclavagista, mentiras às toneladas, propalação de ilusões etc, etc. Desonestidades permanentes e revoltantes que nos conduzem a concluir como logo após meses do 25 de Abril de 1974 passamos a ficar de plantão à espera da nova revolução.
A seguir o Curto do tio Balsemão Bilderberg Impresa, um entre uns quantos “democratas” saídos do ninho da contenção à liberdade, justiça e democracia de facto a que em Portugal e no mundo os povos anseiam mas de que se esquecem ou não sabem por isso lutar. É o que está à vista por todo o mundo e em Portugal também. Por isso aqui se exclama por vezes: “abram os olhos mulas!” Porque são as mulas que carregam o peso do mundo na totalidade. Como na totalidade esperam a nova revolução.
O Curto. Vá ler. Do mal o menos.
MM | PG
Então, onde é que tu estavas a 24 de Abril?
Pedro Candeias, editor de sociedade | Expresso (curto)
(Antes de mais, um convite: na
próxima quarta-feira, às 14h00, teremos Daniel Oliveira e João Vieira Pereira
prontos para conversar consigo sobre os discursos do 25 de Abril - os de
Marcelo e dos partidos, mas também o de Lula da Silva, que vai ao Parlamento
(com a polémica de que temos falado). Junte-se à Conversa, basta inscrever-se aqui.)
À falta de ideia melhor, perguntei ao ChatGPT onde é que ele estava a
24 de abril de 1974, esperando que ele me respondesse poeticamente “na Pontinha”. Só que a
máquina disse-me que era um modelo de linguagem de Inteligência Artificial e
que por isso não existia nessa data; todavia, e apesar das reconhecidas
limitações, o ChatGPT assegurou-me depois que o 25 de Abril era uma data
importante para Portugal, pois marcava o fim do Estado Novo e o início da
democracia.
Embalado, perguntei-lhe então o que achava da viagem de Lula da Silva a
Portugal num contexto de celebrações de Abril. O bot reconheceu a polémica, mas não a especificou. Dou uma
ajuda: o presidente brasileiro tem pontos de vista relativamente ambíguos sobre
a Guerra na Ucrânia, ora condenando as posições europeia e americana, ora condenando a invasão russa. Para alguns partidos portugueses e opinadores, tê-lo no Parlamento no dia 25 de Abril é um
ataque à democracia; para outros, nem por isso. As autoridades temem manifestações de extremismos no dia da Liberdade, mas
até lá Lula ainda tem a agenda de hoje para cumprir.
Fiquei satisfeito com o ChatGPT, mas desconfiado dos seus limites
enciclopédicos, até porque às tantas escreveu, com certeza algorítmica, que a frase icónica popularizada por Herman José na rábula sobre
Batista-Bastos e o 25 de Abril foi: “Ó Manel, tens cá disto?”.
Não podendo obviamente saber de tudo sobre o nosso folclore, questionei-o ainda
assim sobre a data de fundação do PS, ao que ele escreveu “o
partido fez 50 anos em
A verdade é que o PS fez 50 anos este ano e a semana que passou foi
de festividades, concluídas este domingo no Pavilhão Rosa Mota/Super Bock
Arena, no Porto. Está aqui um resumo do dia: muitos e ruidosos protestos fora do recinto a pedir
contas ao Governo e as evasivas de Ana Catarina Mendes; os elogios de Pedro Sanchez; os avisos de peito cheio de
António Costa à oposição, que “não chega” para o PS, e a quem pede a execução do PRR, que
não “é para fazer num ano”, mas “em quatro”; a “Cabritinha” de Quim Barreiros e os trocadilhos com moluscos de
Rui Reininho, uma dupla musical improvável.
E também houve a entrevista do primeiro-ministro à RTP, em que este fugiu ao #parecergate da TAP e recusou truques
eleitoralistas no aumento das pensões; afirmou que a “estabilidade” é mais
importante agora do que há um ano; pediu responsabilidade ao PSD, acusando-o de
estar a “degradar” o debate político; e elogiou Pedro Nuno Santos, “um dos grandes quadros do PS”. Sobre
isto, testei rapidamente o ChatGPT: “‘Mantém os amigos perto e os inimigos mais
perto ainda’ é uma frase de Sun Tzu do livro ‘A Arte da Guerra’”.
Nada a dizer.
OUTRAS NOTÍCIAS
Agora, sem algoritmos:
Ensino. O braço de ferro entre os professores e o Governo chega agora a
uma nova etapa: há um abaixo-assinado a circular a defender a
generalização da “desobediência” aos “serviços mínimos” decretados para as greves
de 26, 27 e 28 de abril. São já mais de três mil os signatários que acusam o
ministério da Educação de “usar e abusar” dos “serviços mínimos”, “reduzindo as
greves a uma expressão mínima”.
Religião. O calendário diz-nos que nesta segunda-feira ficam a faltar 99
dias até ao arranque das Jornadas Mundiais de Juventude – e este
artigo diz-nos que faltam 10 mil voluntários, um plano para os transportes e para
a alimentação.
Seita. As autoridades do Quénia já encontraram 21 corpos de pessoas que
terão morrido à fome depois de se submeterem a um jejum prolongado. Segundo os
investigadores, fariam parte de uma seita chamada Igreja Internacional das Boas Notícias, que instiga a esta
prática como forma de chegar a Jesus Cristo. Entre os mortos descobertos em
sepulturas foram identificadas crianças.
Conflito. Há uma luta pelo poder no Sudão entre dois generais que
está a provocar centenas de mortos e a retirada de vários cidadãos
estrangeiros, entre os quais, mais de uma dezena de portugueses retidos em Cartum, a capital.
Futebol. O Benfica ganhou ao Estoril (1-0) com um golo de Otamendi e
repôs a vantagem de quatro pontos sobre o FC Porto que batera na véspera o Paços de Ferreira (2-0). O
Sporting joga esta segunda-feira contra o Vitória de Guimarães, no Minho.
FRASES
“O Presidente da República não tem que fazer ameaças, tem o poder de dissolução
[da Assembleia da República], se quer dissolver, dissolve”, Manuel Alegre na festa dos 50 anos do Partido Socialista
“A verdadeira razão para o aumento de reformas é que o Governo está preocupado
com um cenário de eleições antecipadas, e deve estar” Marques Mendes, na SICN
“Não dizer nada sobre as trapalhadas dos ministros e fazer de conta que a TAP
não é nada com ele [com António Costa] mostra arrogância e desprezo pelo
dinheiro das pessoas” Luís Montenegro, líder do PSD
“Trump já disse que um segundo mandato seria de ‘retaliação’. E iria usar a
presidência como forma de vingança pessoal”, Susan Glasser, jornalista e coautora do livro “The Divider”
O QUE ANDO A VER
“Great Yarmouth - Provisional Figures”, de Marco Martins
- Já olhaste bem para ti? Achas que alguém quer alguma coisa contigo? Sabes
como é que eles te chamam?
Os projetos de vida de Tânia acabam destruídos em poucos segundos,
numa conversa de vão de escada, ao lado de um caixote do lixo. Queria enganar
quem a explorou, deixar o sangue e o cheiro a merda dos perus, fugir daquela
vida com o novo amor a quem se tinha entregado, mas acabará por voltar ao mesmo
lugar e às mesmas pessoas, provavelmente até ao mesmo marido, com o rosto e o
corpo ainda mais marcados pela violência. Tânia não conseguiu escapar de
Great Yarmouth: de madrugada lá está ela no parque de estacionamento, à
espera da nova remessa de imigrantes portugueses que chega na carrinha dos
ingleses, que “não gostam de ninguém”, que tratam os “tugas” por “porco e
queijo” e que os arrumam num hotel ilegal, decrépito e nauseabundo durante
a noite para os encaminhar para o abate de aves na manhã seguinte.
“Great Yarmouth”, de Marco Martins, é um filme-documentário baseado em vários
relatos da comunidade portuguesa de imigrantes naquele lugar de Inglaterra. Tem
em Tânia (Beatriz Bartada) a personagem principal, uma espécie de ‘oficial
de ligação’ entre os patrões e as máfias e os trabalhadores, que tenta
equilibrar-se num jogo de favores impossível de prolongar no tempo. Mais cedo
ou mais tarde, os ingleses vão perceber o esquema que montou com Raúl (Romeu
Runa) e que há dinheiro que falta e alguém terá de pagar por isso.
Como em “São Jorge”, há uma preocupação em denunciar a desigualdade, em
desconstruir a teoria do elevador social, em mostrar a desumanidade, com
longos planos e planos próximos tecnicamente irrepreensíveis e o uso de figurantes
reais. E tal como em “São Jorge”, há uma câmara que persegue o ator e coleciona
todas as suas angústias e tiques, e que potencia o trabalho camaleónico de
Beatriz Batarda numa transformação física e emocional extraordinária. Mas tal
como em “São Jorge”, o que fica por dizer nos diálogos e em alguns saltos
narrativos, talvez pudesse ser preenchido com texto.
PODCASTS A NÃO PERDER
Aqui vão as escolhas da equipa de multimédia:
Lula: Presidente do "país irmão" com agenda
desalinhada Depois de quatro anos de presidência de Jair Bolsonaro,
Lula chega a Lisboa numa importante viagem de Estado. Ainda assim, levantam-se
algumas questões com esta visita: o timing do discurso do atual presidente
brasileiro no Parlamento português e ainda as recentes declarações feitas na
China contra a Ucrânia deixaram fragilizadas as posições dos dois países e a
respetiva diplomacia. O Expresso da Meia-Noite é um debate semanal com quatro
convidados sobre um grande tema da atualidade, num programa feito em colaboração
entre a SIC Notícias e o semanário Expresso.
IVA zero, rabos ao léu e o parecer que nunca existiu O
governo recusou-se a entregar ao Parlamento o parecer com a fundamentação para
despedir os mais altos responsáveis pela TAP, mas entretanto lembrou-se de que
o parecer que não queria entregar afinal não existe. A despesa estrutural do
Estado não podia aumentar, mas afinal vai haver um aumento extraordinário de
pensões, que há-de permanecer para o futuro. E a eliminação do IVA em certos
produtos alimentares, que era uma péssima ideia, segundo o ministro das
Finanças, entrou esta semana
A mentira como arma e o racismo estrutural de Ventura e... dos
portugueses. Oiça aqui o último episódio de "Entre Deus e o Diabo" No
7.º e último episódio do podcast “Entre Deus e o Diabo”, três investigadoras
universitárias desmontam os argumentos de André Ventura em relação à imigração:
a criminalidade baixou, os estrangeiros não roubam empregos e a Segurança
Social lucra. Duas vozes autorizadas da Igreja explicam como Ventura contraria
as posições de vários Papas. E ainda: como o Chega potenciou o racismo nas
polícias, como a mentira rende mesmo quando é detetada, e como a direita
moderada é a mais vulnerável à direita radical.
Por hoje é tudo.
Tenha um bom dia e amanhã celebre a Liberdade.
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