segunda-feira, 26 de junho de 2023

MÃE RÚSSIA

Nota em PG - Mãe Rússia (em russo: Россия-Матушка, transliterado como Rossiya-Matushka, literalmente "Mamãe/Mãezinha Rússia") é uma personificação nacional da Rússia, aparecendo em cartazes patrióticos, estátuas etc. No período soviético, o termo Pátria mãe (Родина-Мать, Rodina-Mat) foi preferido, como representando a multiétnica União Soviética; por outro lado, há uma clara semelhança entre a figura de pré-1917 e a figura soviética, especialmente como representada durante e na consequência da Frente Oriental da Segunda Guerra Mundial. – Wikipedia

Matushka Rossiya

Pedro Candeias, editor de sociedade | Expresso (curto)

Bom dia,

Antes de mais dois convites: quarta-feira, dia 28 de junho, às 14h00, Junte-se à Conversa com David Dinis, Susana Frexes e Rita Dinis. Desta vez sobre se “Costa vai, Costa fica?”. Inscreva-se aqui. Quinta-feira, dia 29 de junho, às 12h00, irá realizar-se mais um “Visitas à redação”, exclusivo para assinantes. Inscreva-se através do mail producaoclubeexpresso@expresso.impresa.pt e venha conhecer o seu jornal.

Agora, sim:
Há variadíssimas formas de se morrer, especialmente quando a morte chega a um dissidente russo. Pode acontecer ser envenenado numa maçaneta de uma porta, num chá ou ainda com uma picada de um chapéu de chuva, tal como pode suceder cair acidentalmente de uma janela de um prédio ou de uma montanha durante uma caminhada. O suicídio com uma bala ou uma corda devidamente contextualizado por uma nota também é uma hipótese válida. A “The Atlantic” chama-lhe “A Síndrome da Morte Súbita Russa” neste artigo que revisita os falecimentos suspeitos de estarem ligados ao longo braço do Kremlin - há quem acredite que Yevgeny Prigozhin possa um dia figurar nessa lista, porque Vladimir Putin não esquece, nem perdoa.

Ao desafiar abertamente o apparatchik, ao criticar publicamente o presidente e o ministro da defesa russos, e sobretudo ao tomar Rostov e ao sugerir uma tomada de Moscovo, Prigozhin ensaiou um golpe de estado arriscadíssimo. Só que o movimento foi desqualificado de rebelião para motim e, num esfregar de olhos, cessou tão rapidamente como tinha começado: durou menos de um dia, provocou 20 mortes e um sem número de análises díspares, que variam entre as “fissuras” internas no governo de Putin à tranquilidade no Kremlin.

Tão estranho e tão inverosímil que levou até à teoria de que tudo isto não terá passado de uma encenação para levar os supostos traidores de Vladimir a saírem da obscuridade. É um ponto de vista legítimo? Talvez, porque o que se sabe sobre aquelas tensas horas é, na verdade, residual.

Aparentemente, diz-nos a Rússia, a coisa terminou a bem, sem “derramamento de sangue” e num acordo de cavalheiros mediado pelo fiel Alexander Lukashenko. Sobram muitas incógnitas.

Prigozhin foi conduzido numa carrinha cinzenta rumo ao exílio bielorrusso, mas deixou de publicar mensagens no Telegram, onde nos últimos tempos andava espetacularmente ativo. Os cinco mil soldados do Grupo Wagner envolvidos nas ações serão imunizados e amnistiados e eventualmente absorvidos pelo exército regular russo, embora a lealdade a Prigozhin e o modus operandi dos contratados levante várias dúvidas sobre a adesão às forças oficiais. E Putin, depois de chamar traidor a Prigozhin em direto, surgiu numa entrevista à televisão russa a debitar trivialidades sobre a invasão da Ucrânia e nem uma palavra sobre o Grupo Wagner - porque a conversa fora gravada no dia 21.

Agora, pergunta-se, terá Putin saído enfraquecido deste episódio? Será que a Rússia tal como a conhecemos agora cairá como caiu a União Soviética depois do brevíssimo golpe falhado de agosto de 1991? Ou, pelo contrário, isto apenas endurecerá o regime putinista e a sua “operação militar especial” na Ucrânia? Para onde vira a Mãe-Rússia (Matushka Rossiya) ninguém sabe. Mas seja para que lado for, o seu peso não vai deixar as coisas como dantes.

OUTRAS NOTÍCIAS
Ao lado. Então, parece que o nome de António Costa andou a descolar da portugalidade e foi novamente disparado para Bruxelas. Os elogios de Roberta Metsola ao primeiro-ministro relançaram um debate que Marcelo Rebelo de Sousa havia matado à nascença: se Costa saísse antes do fim da legislatura, o PR premia o botão da bomba atómica. O próprio PM enterra o assunto em declarações ao Público: “Alguma vez eu poria em causa a estabilidade que tão dificilmente conquistei?”.

Em alta. A nossa economia está a abrandar? Os indicadores dizem que sim. O nosso país vai crescer? As previsões também dizem que sim. Então em que ficamos? Numa encruzilhada, responderia o senso-comum, mas há uma explicação para esta contradição: a comparação homóloga.

Vertical. O arquiteto Siza Vieira cumpriu 90 anos no domingo ehá um documentário realizado por Augusto Custódio que celebra a sua vida e obra, uma expressão comum para um homem incomum. Recupere esta entrevista no podcast do Expresso “A Beleza das Pequenas Coisas”, feita quando estava a um mês do 89.º aniversário. Ouvirá praticamente tudo, na medida do possível.

Queda. Os nómadas digitais começam a duvidar do paraíso lisboeta. Dizem que a cidade é cara e suja, que tem maus serviços e que os seus habitantes hostilizam o turismo.

Quente. Acha que está calor? Pense melhor: as altas temperaturas vão continuar e estes mapas são particularmente esclarecedores sobre o clima de canícula que vamos todos sentir nos próximos dias

Lento. E acha a Justiça portuguesa incompreensível? Estes advogados, procuradores e juízes têm a mesma opinião. Vai daí, organizaram-se e assinaram uma carta aberta a pedir celeridade, economia e simplicidade nas palavras.

Pesado. As autoridades já apreenderam 41 toneladas de drogas este ano; em 2022, confiscaram 42. Numa análise mais fina, foi assim até agora: “Onze toneladas de cocaína, 30 toneladas de haxixe e quantidades menores de outros tipos de drogas”, informa a Polícia Judiciária.

FRASES
“Não basta ajudá-los na fase de desembarque, mas devemos seguir as suas trajetórias para lhes garantir um futuro melhor” Paola de Roberto, conselheira par as Políticas Sociais de Salerno (Itália), depois de um resgate de 62 menores no Mediterrâneo

“A oposição só quer discutir 'fait divers', casos e casinhos” António Costa, criticando Luís Montenegro sobre a (não) descida do IRS

“Em Portugal compra-se uma garrafa pelo preço de um copo de vinho cá [EUA]” Ou porque a classe média norte-americana quer viver deste lado do Atlântico

“Se jogava ao domingo, no sábado não fazia noitada, mas na sexta, após o treino, ia para as discotecas. Não me coibi de nada disso” A ex-futebolista Edite Fernandes, em entrevista à Tribuna

O QUE ANDO A LER
“Contos plausíveis”, de Carlos Drummond de Andrade (Tinta da China)

Abrindo aleatoriamente o livro, calhou-me o “Experiência”, uma curta história sobre um arcipreste “temente a Deus” e descrente no Diabo. Ora bem, a fé do eclesiástico no primeiro e a total ausência de medo do segundo fazem dele um homem destemido, ao ponto de atravessar zona problemática sem quaisquer receios das investidas dos meliantes ou do brandir de “cassetetes eletrificados” de polícias. Até que uma certa vez uma “ciclista ruiva” o abalroa e ele vai parar ao hospital, onde lá fica durante três meses. Quando estava para lhe ser dada “alta”, uma “estranha senhora de olhos gateados e cabelos ruivos” entregou-lhe “um ramo de flores” e disse-lhe: “Daqui por diante o senhor pode continuar duvidando da existência dele, mas já tem motivo para acreditar pelo menos na existência da mulher dele”.

Os “Contos Plausíveis” de Carlos Drummond de Andrade são breves, deliciosos, bem-humorados, carregados de ironia e leves como só como os escritores brasileiros sabem ser. Uma edição de 198 páginas que podem ser lidos de uma vez só ou escolhendo-os como chocolates numa caixa de bombons.

PODCASTS A NÃO PERDER

Quem é Yevgeni Prigozhin? Na noite de 23 para 24 de junho de 2023, precisamente 16 meses após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, um homem instrumental nessa agressão revoltou-se contra o Kremlin. Depois de ter feito inúmeras críticas aos comandos militares e ao Governo russos, Yevgeni Prigozhin anunciou ter entrado no país pela fronteira sul e que pretendia avançar até Moscovo, prenunciando a queda de Vladimir Putin. Ouça este extra de O Mundo a Seus Pés

A falta de explicações convincentes para a escala de Costa, a razão de Galamba e o trabalho desumano dos ilegais. Miguel Sousa Tavares de Viva Voz destaca dois temas principais na crónica semanal nesta conversa com Paula Santos

Quando milhares de portugueses foram para a rua gritar “que se lixe a troika”. Neste episódio do Liberdade Para Pensar recua-se até 2012, ano em que, a 15 de setembro, centenas de milhares de portugueses saíram à rua num gigantesco protesto em uníssono contra a austeridade imposta pela troika e pelo Governo chefiado por Pedro Passos Coelho. Cristina Figueiredo conversa com Miguel Relvas

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