A falta de condições de trabalho e de vias de acesso está a comprometer a desminagem no Cuando Cubango. Esta é a província angolana com mais áreas minadas e os trabalhados avançam muito lentamente.
Angola quer acabar com todas as minas no país até 2025. E até agora, na província mais afetada, o Cuando Cubango, 42% das áreas contaminadas foram desminadas, de acordo com a Agência Nacional de Ação contra as Minas (ANAM).
Mas o processo arrasta-se. O diretor-geral da ANAM, Leonardo Severino Sapalo, lamenta que continuem a morrer pessoas por causa de minas.
"Apesar dos reforços dos nossos parceiros, a província registou 28 acidentes de minas nos últimos três anos, com 16 vítimas mortais e 10 feridos", disse.
No final de junho, as operadoras de desminagem e parceiros encontraram-se no município do Cuito Cuanavale para debater os próximos passos. O ambiente geral foi de preocupação.
Desminagem carece de materiaisSegundo o chefe da repartição de Engenharia Militar das Forças Armadas Angolanas (FAA) no Cuando Cubango, o tenente-coronel, Carlos Domingos Mwanza, há muitas equipas paralisadas por problemas técnicos, fundamentalmente nos municípios do Rivungo e Mavinga
"Falta quase tudo", começou por dizer. "Precisamos de viaturas, precisamos de detetores, precisamos de geradores, precisamos de medicamentos e alimentação, se for necessário", explicou.
A mesma preocupação foi levantada pelo chefe do departamento provincial do Instituto Nacional de Desminagem no Cuando Cubango, Rodrino Jorge Nana. Implantada na província em 1996 e com 47 técnicos, a brigada teve de abrandar o ritmo de desminagem, investindo sobretudo na investigação, no levantamento técnico de zonas minadas e na educação contra os perigos das minas.
"Conseguimos remover e destruir 43 minas antipessoais, 61 minas antitanques, 1528 engenhos explosivos não detonados. Nós temos a perspetiva da desminagem do troço rodoviário Cuito Cuanavale-Mavinga, porque já há uma ordem operativa para as operadoras tanto das FAA, como do Centro Nacional de Desminagem. E esta ordem operativa diz que, quando forem criadas condições, a operação deve arrancar imediatamente."
Estradas são um obstáculo
Enquanto as duas operadoras do Estado se debatem com todos estes problemas, o mesmo não parece acontecer com a organização não-governamental "Hello Trust".
Claire Lovelace, diretora do projeto de desminagem no Okavango em Angola, conta que a ONG tem conseguido meios técnicos e humanos para fazer o trabalho, mas aponta as condições das estradas como um grande empecilho.
"A qualidade das estradas não é favorável", disse à DW.
No entanto, a diretora da ONG tem esperança que o Governo cumpra a promessa de melhorar as vias rodoviárias.
"Sabemos que a construção das estradas é uma das prioridades do Governo, e isto nos alegra", concluiu.
O diretor-geral da Agência Nacional de Ação contra as Minas (ANAM), o brigadeiro Leonardo Sapalo, garante que, apesar de todos os constrangimentos, continua empenhado nesse sentido.
"Estamos cientes que atingir este objetivo não será tarefa fácil", comentou à DW.
Leonardo Sapalo acredita que o objetivo de acabar com as minas em Angola será cumprido, mas que é necessário um esforço coletivo, apelando "aos parceiros no sentido de continuar a trabalhar afincadamente e de forma sincronizada para que a transparência dos resultados sejam validadas por todos."
Face a tudo isto, será possível cumprir o objetivo de acabar com as minas em Angola até 2025?
Adolfo Guerra (Menongue) | Deutsche Welle
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