Artur Queiroz*, Luanda
A Emissora Oficial de Angola (hoje RNA) começou como uma secção dos CTT e funcionava num barracão de zinco no Bairro da Cuca. Ao lado da estação dos Correios. No ano de 1964, alguns jovens com o ensino secundário foram admitidos como assistentes literários. Redigíamos as notícias e as “cabeças” das reportagens.
A palavra “jornalista” não existia naquela Redacção ainda que a Linguagem Jornalística tenha nascido da gramática radiofónica. Antes era “emprestada” pela Literatura, desde a existência dos primeiros jornais impressos. À medida que a Rádio se desenvolveu, também a Linguagem Jornalística se autonomizou da Linguagem Literária e foi nascendo uma gramática própria dos Media.
Na Emissora Oficial de Angola existiam locutores, realizadores, produtores e operadores de som (sonorização e montagem). Os mais engenhosos tinham o estatuto de sonoplastas. Construíam fabulosos edifícios sonoros. Os técnicos vinham quase todos da Escola Industrial de Luanda e mais tarde até do Instituto Industrial.
O arquitecto angolano Fernão Simões de Carvalho (Carvalhinho) criou o fabuloso edifício onde hoje reside a Rádio Nacional de Angola. Logo após a inauguração, também nasceu uma Redacção com “noticiaristas”. Este avanço histórico deve-se ao jornalista Cruz Gomes que antes foi director do Jornal do Congo (Uíge). Em Junho de 1974 fui substituí-lo e os profissionais adquiriram, finalmente, o estatuto de jornalistas.
À sombra da Emissora Oficial de
Angola (hoje RNA) nasceu a Voz de Angola, canal de propaganda do regime
colonialistas. Tão eficaz que em poucos meses era líder de audiências. Tinha
uma grelha própria, com programas
O produtor independente (Programas Equipa, na antena da Rádio Eclésia) Brandão Lucas e eu fomos propor ao secretário da Comunicação Social da Junta Governativa o lançamento de dois programas na Voz de Angola, A Voz Livre do Povo, das 19 às 20 horas e Contacto Popular das 21 às 24 horas. E essa simples mudança alterava o rumo da emissora. O resto dicava igual, inclusive a “Agenda” que era o espaço radiofónico mais ouvido em Angola. O comandante Correia Jesuíno aceitou a nossa proposta.
Manuel Berenguel ficou com a apresentação e realização do programa A Voz Livre do Povo. Na técnica estava o Artur Arriscado que era dos quadros da Voz de Angola, O Contacto popular ficou com a apresentação e produção de José ZAN Andrade, eu na realização e Fernando Neves nos botões. Hermínio Escórcio e Manuel Pedro Pacavira apoiaram o projecto, ante um coro de protestos dos activistas do MPLA. Queriam mesmo calar a emissora mais ouvida de Angola. Por fim cederam. Como dizia Agostinho Neto, às vezes triunfa a inteligência.
Com a Voz de Angola ao serviço das forças progressistas partimos para as mudanças necessárias na Emissora Oficial (hoje RNA). Rui de Carvalho lançou o programa âncora Primeira Mão com o subtítulo Até os Deuses Gostam do Desporto. Arrebatou audiências. A Direcção de Informação ficou sob a responsabilidade de Artur Queiroz (Jornal das 13 horas), Manuel Rodrigues Vaz (Jornal das 20 horas) e António Cardoso (Intercalares da noite). Na área da programação grandes radialistas: Concha de Mascarenhas, Horácio da Fonseca, Francisco Simons ou Luísa Fançony. Na direcção das duas rádios estavam militares do MFA: Comandante Garrido Borges e capitão Alcântara de Melo.
E foi assim que a rádio púbica angolana se associou ao movimento revolucionário pela Independência Nacional. Nunca esqueçam essas e esses profissionais de excepção. Eu jamais esquecerei. Aturaram-me. Ensinaram-me. E deram-me a honra de trabalhar com elas e eles. Hoje, Dia da Rádio Nacional de Angola, recordo alguns dos seus construtores.
A corrupção no futebol nacional foi resolvida à moda da casa. É o prato forte do cardápio. O Kabuscorp do Palanca, clube que tem o MPLA no coração, foi despromovido e Bento Kangamba suspenso por quatro anos. O revisor Rui Ramos quer saber quais são as empresas do presidente da direcção do cube despromovido.
Primeiro o Rui Ramos tem de mostrar a carteira profissional de jornalista emitida pela entidade competente em Portugal, onde trabalhou como revisor quando terminou em Luanda a sua aventura na Organização Comunista de Angola (OCA), que causou tantos danos ao Povo Angolano. Falsos profetas existem por todo o lado. Mas Bento Kamgamba é mesmo empresário e nunca traiu o MPLA. Por isso foi castigado. O clube da Sonangol é intocável.
Hoje uma senhora da embaixada dos EUA em Luanda, num português macarrónico, apareceu no noticiário das 13 horas da TPA lembrando que o estado terrorista mais perigoso do nundo deu umas esmolas aos angolanos durante a epidemia da COVID19. Até esmolou protecções aos profissionais de saúde! O que seria dos angolanos sem as esmolas de Washington? Como foi possível vivermos tantos anos sem os nossos donos de estimação, que anda por cima nos maltratavam e matavam?
O Presidente da Costa do Marfim, Félix Houphouët-Boigny, em 1974 desembarcou em Paris chorando como uma criança. Ia ao funeral do Presidente Pompidou. Chorando ante as câmaras ele dizia compungido: Morreu o meu pai, morreu o meu papá Pompidou. Espero que o Biden viva pelo menos até 2027. Não gostava nada de ver dirigentes angolanos chorando convulsivamente pela morte do papá à sua chegada ao aeroporto internacional de Washington. Não é por nada, mas fico com um sentimento oposto quando morre algum bandido internacional. Já estão a perceber por que razão nunca foi aceite na cristandade.
* Jornalista
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