O Presidente da Guiné-Bissau quer reforçar a CPLP e vê em Lisboa um parceiro. A visita à capital portuguesa motivou a contestação de guineenses e uma garantia feita pelo próprio Sissoco Embaló: "Não tenho nada de ditador".
De visita a Lisboa , o chefe de Estado da Guiné-Bissau reforçou o compromisso de assumir a próxima presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em julho de 2025, com o objetivo de contribuições para a livre circulação de pessoas e bens .
"Quero testemunhar que a Guiné-Bissau tem objetivos. E o nosso objetivo é comum [o] de fortalecer a nossa comunidade", disse o Presidente da República guineense, Umaro Sissoco Embaló, após um encontro, esta quarta-feira (25.10), na sede da organização lusófona em Lisboa.
"Elelegi a estabilidade e a imagem da Guiné-Bissau. Não foi fácil a presidência da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], que assumimos pela primeira vez. Foi um orgulho. A CPLP é uma organização que nós criamos e um dia também vamos presidir a União Africana", adiantou.
"Confiança" na base da relação
O Presidente guineense pretende intensificar as relações bilaterais entre Lisboa e Bissau com base na “confiança”. Entre os temas da agenda oficial, a comitiva presidencial discutiu com o primeiro-ministro português, António Costa, a problemática dos vistos e as reivindicações dos antigos militares guineenses que serviram o Exército português durante o período colonial.
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou a estabilização no relacionamento entre os dois Estados. "Portanto, um período muito importante e fecundo nas nossas relações bilaterais. Relações de todo o tipo: da circulação das pessoas, aquilo que queremos que seja mais no futuro da presença da língua que nos é comum, da educação, dos assuntos sociais, para além do relacionamento político, diplomático, de segurança, militar e econômico e financeiro", enumerou o chefe do Estado luso que estará na Guiné-Bissau em 16 de novembro, acompanhado por António Costa, para as comemorações dos 50 anos da independência desse país.
Protestos em Lisboa, mas não nas ruas
Apesar de não haver registos de protestos nos locais por onde passou Sissoco Embaló, a visita de Estado a Portugal continua a ser contestada por um grupo de estudantes e trabalhadores guineenses .
O ativista Yussef, do movimento Firkidja di Púbis, lançou há dias um manifesto crítico também ao Estado português. "Este manifesto vem no seguimento de denúncias que temos vindo a fazer relativamente ao cerceamento das liberdades democráticas na Guiné-Bissau e a todo um processo de 'higienização' levado a cabo pelas autoridades portuguesas, nomeadamente os titulares de certos órgãos de soberania", criticou. .
“Estamos a falar do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao mesmo tempo do senhor primeiro-ministro, António Costa”, acrescentou.
Após o encontro com o homólogo português, Umaro Sissoco Embaló, disse o seguinte: "Muitas das vezes, em África, quando nós queremos reportar a ordem e a disciplina, as pessoas tratam-nos de ditadores", justificou.
"Quando uma pessoa é disciplinadora é ditador . Eu não tenho nada de ditador. Até sou uma pessoa mais afável. Sou como o Presidente Marcelo. Eu sou do povo, não posso ser um ditador", disse sobre si próprio.
A visita de Umaro Sissoco Embaló a Portugal, que incluiu uma recepção na Assembleia da República, termina na quinta-feira (26.10) com um encontro com a comunidade guineense, a ter lugar num hotel de Lisboa.
João Carlos (Lisboa) Correspondente da DW África em Portugal | Deutsche Welle
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