domingo, 19 de novembro de 2023

Tropas Assaltam Hospital de Gaza -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O ocidente alargado é um sítio mal frequentado. As lideranças políticas balançam entre o fascismo e o nazismo. As potências económicas estão falidas. As forças armadas mais potentes do mundo estão capadas. Têm armas obsoletas e sem munições. As tropas começam a virar as costas ao combate. O estado terrorista mais perigoso do mundo entrou de peito feito no Afeganistão e saiu de gatas. Os Talibãs foram generosos e deixaram sair os assassinos. Até permitiram que o presidente fantoche fosse gozar as delícias do Dubai. Afinal quem é terrorista?

Hoje o estado terrorista mais perigoso do mundo conseguiu a vitória militar mais retumbante dos últimos 1.000 anos. Os sargentos pançudos e lateiros de Israel conseguiram o que nunca forças armadas de um país tinham conseguido. Tomaram de assalto o Hospital Al Shifa com 600 doentes internados e quase 2.000 refugiados, espalhados pelos corredores e salas de estar. 

O exército mais poderoso do Médio Oriente colocou um tanque de guerra à porta do serviço de urgência do maior hospital da cidade de Gaza. Os “rambos” entraram aos tiros e dominaram os inimigos: médicos, enfermeiros, outros técnicos de saúde, doentes e refugiados. Em menos de nada, todos se renderam.

Noutro hospital da cidade que foi bombardeado e fechou por falta de energia, água e medicamentos, os poderosos militares de Israel dizem que encontraram armas e explosivos. Um “posto de comando” do HAMAS. Mas não apresentaram prisioneiros.

Uma bomba inteligente que não faz danos colaterais destruiu a morada de uma família palestina. Marido e mulher morreram. O filho, de cinco anos, ficou sem as duas pernas. Está no Hospital Al Shifa e diz que não quer viver. Eu estou a cair da tripeça mas agarro-me à vida com unhas e dentes. Um menino de cinco anos quer morrer!

Nos corredores do poder em Washington, Londres, Paris, Bruxelas e Berlim as elites políticas, quando lhes mostram as crianças mortas ou hospitalizadas, dizem enfadados: Deixem-nos morrer. É melhor que morram já. Se chegarem a adultos temos de matá-los como terroristas. 

Todos os dias comemoram a morte das crianças palestinas. Luanda telefona a Biden e felicita o assassino de crianças e mulheres. Os campeões da paz são assim.

E os reféns? Ninguém sabe. Uma militar prisioneira apareceu ontem morta em Gaza. Quem a matou? O HAMAS não foi. Se fosse para matar já tinham começado quando caiu a primeira bomba na cidade de Gaza. Das duas, uma: Ou não têm reféns nem prisioneiros ou não têm. Hoje Joe Biden mandou uma enigmática mensagem aos familiares dos reféns norte-americanos: “Estamos quase a chegar”. 

Uma declaração muito parecida com aquela do Nord Stream II: “Nunca vai funcionar”. E cumpriu. Depois pôs a criadagem das fossas televisivas e dos monturos de papel sujo a dizerem que foram os russos que rebentaram com o equipamento!

Hoje disse aos familiares dos reféns supostamente nas mãos do HAMAS: “estamos a chegar”. Ele tem um qualquer jogo sujo na manga. Vamos esperar para ver. A primeira grande vitória conseguida até agora pelo estado terrorista mais perigoso do mundo foi o início do genocídio de palestinos, em directo nas televisões. A segunda foi a tomada do Hospital Al Shifa. Outras mais retumbantes se seguirão. Mas está a correr mal. As tropas que conquistaram o maior hospital da cidade de Gaza deram ordens para toda a gente sair das instalações. Os médicos e outro pessoal da saúde recusaram! Não têm medo das bombas atómicas dos nazis de Telavive.

Até hoje, 4.650 crianças palestinas foram mortas pelas tropas de Israel na Faixa de Gaza. Linda Thomas-Greenfield, a embaixadora dos EUA na ONU, confirmou essa tragédia no Conselho de Segurança. Parece mentira mas é verdade. Desta vez os nazis e de Telavive não podem dizer que é propaganda do HAMAS. Foi a embaixadora Linda que fez tal declaração. Mas também lhe ficava bem revelar este número de hoje: Mais de 2.600 técnicos da área da saúde (médicos, enfermeiros e outros profissionais) foram mortos nos bombardeamentos de Israel. 

O exército mais poderoso do Médio Oriente é especialista a matar civis indefesos (12.000), trabalhadores humanitários, socorristas e técnicos de saúde. Biden e Netanyahiu vão ser galardoados com o Prémio Nobel da Paz no próximo ano. João Lourenço oferece-lhes o título de campeão. Pode ser que seja recompensado com uma audiência a sós na Casa Branca. Mas cuidado com a carteira. Aquilo é um covil de ladrões.

A embaixadora Linda fez hoje esta declaração solene no Conselho de Segurança da ONU: “Todos os civis têm de ser protegidos”. Esqueceu-se de dizer que essa protecção só abrange os mortos. Seres humanos mais repugnantes não há. Mandam matar e depois exigem protecção aos mortos! 

Esta noite Israel bombardeou o sul da Faixa de Gaza. Foi para lá que foram empurrados pelos nazis de Telavive, centenas de milhares de palestinos. Em Beit Lahia, a norte de Jabalia, foi a desgraça total, dezenas de mortos e feridos. Ninguém trava o genocídio. 

Estou com o mesmo sentimento de impotência que sentia quando os ocupantes tratavam os angolanos como lixo. Uns miseráveis mentais, analfabetos de pai e mãe, criados dos ricaços, com a sua boçalidade e bestialidade oprimiam mais do que as tropas de ocupação. Tinha vontade de entrar a matar. Como não podia, restava a mais dolorosa impotência. Na Palestina está a acontecer pior do que aconteceu em Angola, Guiné e Moçambique.

O Presidente Erdogan hoje avisou os nazis de Telavive com voz grossa: A vossa vida está a chegar ao fim. Olho por olho, dente por dente, vida por vida. 

* Jornalista

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