No Dubai, o relógio começou a contar de forma crescente, nas horas extraordinárias. À TSF, o presidente da associação ambientalista Zero afirma que o esboço do acordo apresentado "apostava em falsas soluções".
Nuno Domingues com Maria Ramos Santos | TSF
A 28.ª Conferência das Partes (COP28) da Convenção das Nações Unidas já devia estar terminada, mas o mundo dificilmente cumpre horários quando o assunto é salvar-se. Esta terça-feira continuam as negociações, no Dubai, em torno do compromisso apresentado pelo presidente da conferência, que foi largamente rejeitado por falta de ambição quanto ao abandono dos combustíveis fósseis.
Nas primeiras horas do último dia, os Estados ocidentais, insulares, bem como africanos e latino-americanos reiteraram a sua oposição ao texto, durante uma reunião à porta fechada. Em declarações à TSF, o presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, considerou que "o acordo proposto ontem aos países é uma enorme desilusão".
"Não estava em linha com a ciência, apoiava países produtores de petróleo e apostava em falsas soluções", explicou Francisco Ferreira, antecipando agora várias horas de negociação.
Assim, fica perdida a aposta do presidente da COP28, Al Jaber, de obter um acordo histórico às 11h00 (07h00 de Lisboa), dia aniversário do Acordo de Paris. Um novo texto deve ser apresentado ainda terça-feira, estando em cima da mesa "um texto mais ambicioso".
Há instantes, o embaixador Majid Al Suwaidi e diretor-geral da COP28 garantiu que presidente está a ultimar um novo rascunho do Balanço Global com base nas linhas vermelhas apresentadas pelas partes durante a noite.
"Passamos a última noite a
discutir e a receber feedback e isso colocou-nos numa posição para
redigir um novo texto, que inclui todos os elementos de que precisamos para um
plano compreensivo até 2030", disse.
"O texto que divulgámos foi um ponto de partida para a discussão. É
completamente normal para um processo assente no consenso. Sabíamos que as
opiniões eram polarizadas, mas não sabíamos quais eram as linhas vermelhas dos
países", acrescentou.
As energias fósseis são responsáveis por dois terços das emissões de gases com efeito de estufa, que estão na origem do aquecimento global e do seu cortejo de catástrofes, como secas, vagas de calor e inundações.
Em relação à temperatura média global da era pré-industrial, poderá ser superada em 1,5 ºC já na próxima década, se as emissões de gases com efeito de estufa não forem reduzidas em 43% até lá em relação a 2019.
Imagem: A COP28 termina esta terça-feira, no Dubai - © AFP
Relacionado em TSF:
Mais de 20% das emissões globais de CO2 foram provocadas pelos fogos do Canadá
Sem comentários:
Enviar um comentário