quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

A FLAGRANTE E VIL DESUMANIDADE DE PORTUGAL PARA COM OS TIMORENSES

De uma só vez, Segurança Social atira nove imigrantes timorenses para as ruas de Lisboa

Foi-lhes dado um ultimato: ou aceitavam ir para um qualquer canto desconhecido do país, onde não lhes era assegurado acompanhamento, ou lhes era retirado o único apoio até aqui prestado: um teto. Desumanidade, descoordenação e manifesta insuficiência: assim se regem as políticas de acolhimento de imigrantes.

Lisboa “ganhou” na segunda-feira mais nove sem-abrigo, o mais novo com dezanove anos. Estão a dormir em tendas cedidas pela sociedade civil. À chuva. A história de cada um deles tem contornos distintos, mas uma matriz comum: um sistema e instituições desumanos que não se compadecem com os direitos de quem procura uma vida digna.

Não são os primeiros sem-abrigo timorenses a morar nas ruas de Lisboa. Depois de um grupo alargado de mais de 40 pessoas a viver no largo do Martim Moniz, também o Terreiro do Paço, junto ao cais fluvial, chegou a acolher perto de 70 pessoas. O longo período em que estes imigrantes estiveram sem respostas adequadas daria para escrever várias linhas, ou talvez vários artigos, mas agora urge falar sobre o presente, e sobre os desafios com que nos defrontamos.

As nove pessoas estavam alojadas na pensão Beirã pela Segurança Social (SS). No passado dia 13 de janeiro foi realizada uma reunião, nas instalações da Segurança Social na Avenida de Berna, em Lisboa, que contou também com a presença de representantes do Alto Comissariado para as Migrações (ACM). Durante este encontro, foi comunicado aos cidadãos timorenses que, se não aceitassem ir para local desconhecido fora de Lisboa, ser-lhes-ia retirado o apoio prestado, que se resumia ao alojamento no estabelecimento já citado.

De acordo com os seus relatos pormenorizados, algumas destas pessoas tiveram o cuidado de explicar que já passaram por locais para onde têm sido encaminhados, pelo ACM, imigrantes timorenses, como é o caso de unidades em Fátima e Fundão. Nesses sítios, não lhes foi prestado apoio no que respeita à sua inserção no mercado laboral, e também não tiveram auxílio no que respeita ao seu processo de regularização e obtenção de documentos. Também tiveram oportunidade de referir que, ao serem enviados para sítios recônditos, veem a sua mobilidade totalmente cerceada, já que não dispõem de qualquer meio financeiro para assegurar as deslocações. Permanecer ad aeternum num local onde a sua vida se limita a comer e dormir é um luxo ao qual estas pessoas não se podem prestar, na medida em que têm dívidas associadas às despesas da viagem para Portugal que pendem sobre as suas cabeças, e que a digna sobrevivência das suas famílias depende do seu esforço em autonomizarem-se.

Acresce que assinalaram que já têm procurado ativamente trabalho em Lisboa, que já têm entrevistas agendadas, e que na capital usufruem de uma rede de apoio de associações e coletivos que não encontraram noutras regiões.

Por ironia, os dois elementos mais novos têm agendamentos no CNAIM - Centro Nacional de Apoio a Integração de Migrantes na próxima quinta-feira, para efeitos de obtenção do número de identificação fiscal (NIF). Ambos, assim como outros elementos que compõem o grupo, têm de se deslocar aos Registos Centrais de Lisboa para acompanharem o seu processo de obtenção de nacionalidade. Isto porque a maioria destes jovens tem direito à nacionalidade portuguesa(link is external), mas os seus processos arrastam-se, em alguns casos, desde 2018/2019. Ou há mais anos ainda.

Todos estes argumentos foram insuficientes para que SS e ACM repensassem a sua decisão. Na segunda-feira, os nove timorenses foram atirados para as ruas de Lisboa, permanecendo em situação de sem abrigo - sem teto. Atualmente, estão a dormir em tendas na freguesia de Arroios. Entretanto, a presidente da respetiva junta, que, por acaso, assistiu à sua instalação, prontamente afirmou que o espaço onde se encontram vai ser “limpo” antes do final do presente mês, pelo que se adivinha que, mais uma vez, o seu paradeiro será incerto.

É importante referir que estes cidadãos foram colocados inicialmente na pensão Beirã pela 144 - Linha Nacional de Emergência Social (LNES), e o seu alojamento foi posteriormente assumido pelo núcleo local da Segurança Social de Lisboa. Isto porque a Santa Casa da Misericórdia se recusou, como tem vindo a fazer reiteradamente, a dar a apoio a estes cidadãos. Na Unidade de Atendimento à Pessoa em Situação de Sem-Abrigo (UAPSA), para onde já se dirigiram vezes infindáveis imigrantes timorenses, é alegado que existe um acordo que desresponsabiliza a SCML nestes casos, e que, portanto, os imigrantes timorenses não são elegíveis para os apoios desta entidade.

Entrega de armamento de longo alcance aos ucranianos pode escalar a guerra

O porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, afirmou que Moscovo "destruiria" qualquer armamento entregue por Washington ou pela NATO à Ucrânia.

O Kremlin alertou esta quinta-feira que a entrega pelo Ocidente de armamento de longo alcance à Ucrânia, capazes de atingir o território russo, levaria a uma perigosa escalada do conflito armado entre Kiev e Moscovo.

"É potencialmente muito perigoso, significaria que o conflito atingiria um novo patamar que não prometeria nada de bom para a segurança europeia", declarou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.

O porta-voz mencionou a potencial entrega de "armamento que podem atingir o território russo" mesmo que "a Ucrânia já tenha armas que usa para realizar ataques em território russo todos os dias".

Peskov estava a reagir aos comentários do embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, que garantiu que Moscovo "destruiria" qualquer armamento entregue por Washington ou pela NATO à Ucrânia.

Estas declarações foram feitas após o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter criticado esta quinta-feira a hesitação de Berlim em entregar tanques pesados, na véspera de uma reunião crucial do Grupo de Contato para a Ucrânia em Ramstein, na Alemanha, para coordenar a continuidade da ajuda a Kiev.

Desde o início da guerra, o Ocidente recusa-se também a enviar mísseis de longo alcance para Kiev, por medo de levar a uma escalada do conflito.

Moscovo, no entanto, acusou os militares ucranianos de realizarem ataques com 'drones' na Crimeia -- território ucraniano anexado pela Rússia em 2014 - e em alvos na Rússia a centenas de quilómetros da fronteira ucraniana, inclusive em dezembro contra o aeródromo militar russo em Engels.

Diário do Notícias | Lusa

Reino Unido | GOVERNO DE RISHI SUNAK ESTÁ DESTRUINDO AS LIBERDADES

O governo do Reino Unido sabe que está em tempo emprestado - é por isso que está destruindo nossas liberdades

Nos relacionamentos, o comportamento controlador e coercitivo é agora uma ofensa criminal. Na política britânica, é glorificado

George Monbiot* | The Guardian | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Não deixe que falem com você sobre liberdade. Este governo está eliminando as liberdades fundamentais com a velocidade e determinação que você esperaria após um golpe militar. Sabendo que seus dias no cargo estão contados, os conservadores parecem estar extinguindo a democracia o mais rápido possível.

Mesmo antes da última emenda, o projeto de lei de ordem pública era a legislação mais repressiva da era moderna, potencialmente criminalizando todo protesto significativo. Se a nova proposta de Rishi Sunak for aprovada, os protestos podem ser interrompidos antes de começarem, alegando que podem ser “perturbadores”. O protesto perturbador foi redefinido pela Lei da Polícia do ano passado para incluir ruído . Agora, a definição está sendo ampliada para incorporar “marcha lenta”. Esta emenda do Minority Report nos coloca do lado errado da lei antes mesmo de levantarmos nossas mãos em objeção.

Ao mesmo tempo, o governo está apressando um projeto de lei antissindical no parlamento que pode reverter um século de progresso no local de trabalho. Ele permite que o secretário de negócios, Grant Shapps, exija “níveis mínimos de serviço” nos setores público e de serviços. Como o escopo dessa demanda não é definido pelo projeto de lei , “níveis mínimos de serviço” são o que ele diz que são. Seus poderes arbitrários poderiam, de fato, tornar a ação industrial ilegal.

Esta legislação é justificada pelo governo com base no fato de que greves de ambulâncias “resultam em cuidados de emergência irregulares para o povo britânico”. O atendimento de emergência é irregular , mas não como resultado de greves. Longas esperas por ambulâncias , incidentes críticos em hospitais, escolas à beira da falência , ferrovias em colapso permanente e rios cheios de merda são o resultado não de ação industrial, mas de um desgoverno grosseiro de um governo que privou os serviços públicos de fundos enquanto falhou em exigir níveis de serviço mínimos efetivos de provedores privados.

Essas medidas do estado policial coincidem com uma decisão do tribunal superior perfeitamente projetada para nos lembrar de como esse poder coercitivo surgiu e até onde o problema remonta. É um julgamento do tipo que legitimou nossa propriedade altamente concentrada da terra e o poder político que dela decorre: um ato clássico de cercamento encerrando os últimos direitos legais de acampamento selvagem na Inglaterra, em Dartmoor. Como o título escrito não especificava precisamente esses direitos, eles são considerados inexistentes, embora sejam praticados há muito tempo e comumente compreendidos. Foi assim que os plebeus da Inglaterra, Irlanda e Escócia foram despojados. Foi assim que a ficção legal do título escrito – e a apropriação de terras que ela permitiu – se estendeu por todo o império britânico.

A VONTADE UNÂNIME DE PROTEGER MACRON DO FRIO QUE ASSOLA FRANÇA

Politico.eu

Franceses, irritados com o plano de pensão de Macron, fazem greve em massa

Centenas de milhares protestam contra o plano do governo de aumentar a idade de aposentadoria para 62 anos.

Al Jazeera | # Traduzido em português do Brasil

Professores, maquinistas e trabalhadores de refinarias na França estão entre os que aderiram a um dia nacional de greves, enquanto a raiva aumenta com os planos do governo de aumentar a idade de aposentadoria em dois anos, para 64 anos.

Os protestos são um grande teste para o presidente Emmanuel Macron, que afirma que seu plano de reforma previdenciária – que é altamente desfavorável nas pesquisas de opinião, com 68% das pessoas contra o aumento – é crucial para a economia.

Os sindicatos franceses pediram a mobilização em massa de quinta-feira. A última vez que fizeram isso foi há 12 anos, quando a idade de aposentadoria aumentou de 60 para 62 anos.

“Precisamos que muitas pessoas se juntem aos protestos”, disse Laurent Berger, chefe do maior sindicato da França, o CFDT, à BFM TV.

“As pessoas são contra essa reforma… precisamos mostrá-la [nas ruas].”

Embora as estimativas do Ministério do Trabalho francês digam que a reforma da aposentadoria traria um adicional de 17,7 bilhões de euros (US$ 19,1 bilhões) em contribuições anuais para pensões, permitindo que o sistema chegue ao ponto de equilíbrio até 2027, os sindicatos dizem que há outras maneiras de garantir a viabilidade do sistema previdenciário, como como aumento de impostos para os super-ricos.

Angola e Abu Dhabi assinam dois acordos de financiamento de 118,2 milhões

Nota do Ministério das Finanças de Angola indica que os acordos vão financiar projetos nas áreas das telecomunicações e tecnologias de informação e garantir o reforço e manutenção da iluminação pública em quatro cidades do país.

O Governo angolano e a Agência de Crédito à Exportação de Abu Dhabi (ADEX) assinaram esta quarta-feira, no país árabe, dois acordos de financiamento de 122,6 milhões de dólares (118,2 milhões de euros), anunciou o Ministério das Finanças angolano.

De acordo com uma nota do Ministério das Finanças, o primeiro acordo vai financiar o projeto para adquirir uma Plataforma Analítica, Centro de Dados principal, Centro de Dados de Backup e a Plataforma Nacional de Nuvem, no montante de 89 milhões de dólares (85,8 milhões de euros).

Este projeto vai servir de suporte à infraestrutura de telecomunicações e tecnologia de informação, enquanto parte integrante do sistema central, para a unificação dos serviços administrativos do Estado, cuja implementação vai permitir a melhoria da qualidade na informação inerente aos serviços prestados pelos diferentes departamentos ministeriais, no uso do correio eletrónico institucional e modernização da administração pública.

Relativamente ao segundo acordo, este visa o reforço e manutenção da iluminação pública de quatro cidades - Luanda, Malanje, Ndalatando e Uíje - no montante global de 33,6 milhões de dólares (32,4 milhões de euros).

No documento sublinha-se que o sistema de iluminação pública daquelas cidades angolanas "encontra-se atualmente degradado, tendo ao longo dos anos sofrido avultados danos causados por acidentes de viação, atos de vandalismo, roubos, bem como a ausência de manutenção".

"Assim sendo, este projeto tem impacto direto na melhoria da qualidade de vida da população, com reforço da segurança pública, promoção de atividades lúdicas saudáveis, como a prática de desporto, lazer e cultura, a redução de acidentes de trânsito com pedestres e veículos e a atração de turistas, além do seu impacto económico", acrescenta-se na nota.

O Ministério das Finanças realça que a Abu Dhabi Exports Office (ADEX) é o braço financeiro do Fundo de Abu Dhabi para o Desenvolvimento (ADFD, sigla em inglês) e tem como objeto social apoiar as exportações de empresas dos Emirados Árabes Unidos, sem descurar o papel que essas empresas devem jogar para desenvolver, na sua área de atuação, o conteúdo local nos países onde atuam.

Os acordos de financiamento ora assinados constituem as suas primeiras operações com Angola.

Jornal de Negócios | Lusa

Angola | O BICHO DA MANDIOCA E OS CONFISCOS

Artur Queiroz*, Luanda

Leitores ocasionais, fiéis, infiéis e à socapa. Peço perdão mas vou encartar o estojo e não contem comigo nos próximos tempos. Vou a Lisboa, Estrasburgo e Haia fazer uma formação na área da problemática do bicho da mandioca e sobre os malefícios do bagre fumado. Esta operação é financiada pelo Cofre da Justiça, cheio de dinheiro dos confiscos, porque o aprendizado tem lugar no Supremo Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Administrativo, Lisboa, Tribunal Europeu de Direitos Humanos, Estrasburgo, e Tribunal de Haia.

A inveja é mais feia do que a situação do Zelensky na Ucrânia. Levantaram-se vozes criticando esta minha formação a expensas do Estado porque nos Tribunais onde serei bem formado, ninguém sabe nada de mandioca nem de bagres. E isso é importante? Se é para mim, também tem de ser para os venerandos conselheiros do Tribunal Supremo que estão nos mesmíssimos Tribunais estrangeiros fazendo formação em confiscos. 

Quem o diz é a própria máxima instituição. Suas excelências estão em formação “a fim de reforçarem a jurisprudência angolana em matéria de confiscos alargados, confiscos não baseados em condenações e confiscos de bens de terceiros”. Esta informação foi divulgada pelo secretário-geral da Corte Suprema, juiz de direito Altino Kapalakayela. 

Isto dos confiscos tem bicho como a mandioca. Uma Lei recente considerou extintos os confiscos impugnados em recursos pendentes. Apesar da legislação publicada, o Tribunal Supremo ainda não decretou a extinção de tais confiscos. Portanto ainda está em vigor o estilo da Coreia do Norte, o que pode interferir negativamente no romance entre o Presidente João Lourenço e Joe Biden. Até porque existem confiscos aplicados retroactivamente coisa que nem os cobóis faziam aos índios, antes do genocídio.

Os conselheiros dos Supremos Tribunais portugueses sabem pouco ou nada de bagres. Eu também sei pouco, mas para mim são girinos que foram engordando por não terem inteligência para chegarem a sapos ou rãs. Quero saber mais. Se não vou adquirir essa ciência em Lisboa, Estrasburgo e Haia, hei-de encontrar uma universidade que me instrua. Estou na mesma situação dos venerandos conselheiros do Tribunal Supremo. Porque os Tribunais onde estão a receber formação suprema não têm jurisprudência em matéria de confiscos, que sirva de precedente para Angola. Nunca jamais em tempo algum trataram de confiscos!

É verdade, também não vou aprender nada sobre o bicho da mandioca e a problemática do bagre fumado e sua complexidade, junto do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, sedeado em Estrasburgo. Ali sabem tudo do choucroute e da mostarda. No Tribunal de Haia ainda pior, além de Direito só se sabe de tulipas e enfeitar montras com prostitutas. E daí?

Portugal | DINO E O OUTRO HINO QUE PORTUGAL CANTARIA

Tal como o músico, não queremos guerras, mas há uma luta a fazer neste País, a luta contra os «canhões» do racismo, das desigualdades, da intolerância e da injustiça social.

Joana Simões Piedade | AbrilAbril | opinião

“Vai mas é para a tua terra», «Pode ser que encontres uma vaga nas obras», «Muda o hino de Cabo Verde», «Não gostas do hino? Muda de país».

Estas insuportáveis frases são apenas algumas das centenas que lemos e que têm como destinatário Dino D'Santiago, multi-premiado músico, cúmplice artístico de Madonna quando a cantora norte-americana vivia em Portugal, criador do projecto de sucesso «Lisboa Criola», assente nas ideias de cruzamentos, mistura, miscigenação, do encontro entre as culturas portuguesa e africanas.

Um músico-estrela respeitado e aclamado de forma transversal na sociedade portuguesa, dos bairros sociais ao poder político, durante o tempo em que, no fundo, - preconceito e leitura minhas – foi reinventando uma espécie de lusotropicalismo urbano-lisboeta no século XXI.

Mas a linguagem discriminatória, racista e abusiva de que Dino D'Santiago tem sido alvo nos últimos tempos parece que o faz passar de «bestial a besta». Porquê?

«Xé menino não fala política», é o verso de uma música do angolano Waldemar Bastos. Dizia a canção que, enquanto a avó «Velha Chica» trabalhava para o patrão, as crianças perguntavam-lhe qual a razão da pobreza e do sofrimento de alguns, e a resposta da senhora surgia assim: «Xé menino, não fala política…não fala política».

"Guerra": Filme português quer acabar com silêncios dos ex-combatentes do Ultramar

Saúde mental é um dos temas abordados no filme realizado por José Oliveira e Marta Ramos.

Estreia esta quinta-feira, 19 de janeiro, o filme "Guerra", de José Oliveira e Marta Ramos. A longa-metragem quer acabar com os silêncios entre ex-combatentes e lançar a partilha de histórias entre os milhares de homens que participaram na Guerra Colonial.

Recorde-se que 90% da população jovem masculina do país foi mobilizada para a Guerra do Ultramar, que causou cerca de 10 mil mortos e 20 mil inválidos entre os soldados.

Esta é uma história que foi trabalhada entre 2017 e 2019, em Lisboa.

Tudo começa numa reunião entre verdadeiros ex-combatentes, ou seja, atores amadores, que injetam "verdade" nesta longa-metragem que o realizador descreve como "a mais especial" da sua carreira, pois foi feita a partir da ideia do ator principal e coargumentista, José Lopes, já falecido.

O stress pós-traumático é um dos assuntos retratados neste filme que já foi exibido, em março de 2020, no Festival Internacional de Cinema Documental de Navarra, em Espanha.

"Ele queria fazer uma espécie de homenagem aos ex-combatentes. Acho que Portugal nunca fez a catarse completa como os americanos que, durante e depois da Guerra do Vietname, retrataram esse momento em filmes e livros. Portugal esperou muitos anos e mesmo hoje não há grande coisa sobre o assunto", defende.

Além da temática da Guerra do Ultramar, a longa-metragem documenta também a vida daqueles que habitavam na capital portuguesa durante a crise financeira e entrada da Troika.

Esta quinta-feira é feita não só a homenagem aos milhares de homens que foram enviados para África, como a José Lopes, que faleceu sem ver o resultado final deste "Guerra".

Além dos atores amadores, que dão veracidade à história, o filme conta com a participação de Luís Miguel Cintra e Diogo Dória.

José Oliveira revela que já está a trabalhar num novo projeto que irá retratar os grandes fogos na Serra da Estrela de 2022.

"Guerra" pode ser visto em salas de cinema de Lisboa, Braga e Coimbra até 25 de janeiro.

Vanessa Batista | TSF

Portugal | 100 ANOS DE EUGÉNIO DE ANDRADE, "O POETA COM VOZ DE SEREIA"

José da Cruz Santos, o editor que mais publicou as obras de Eugénio de Andrade e nunca mais comprou tulipas amarelas, recorda o poeta na TSF.

Um ramo de tulipas amarelas e um livro: era sempre assim, a cada aniversário do poeta. José da Cruz Santos, o primeiro editor a publicar a poesia toda de Eugénio de Andrade num só volume, e ao todo 60 obras do autor, conta, na TSF, os anos, mais de 45, em que trabalharam juntos.

Eduardo Lourenço chamava-lhe o São Paulo de Eugénio de Andrade e hoje, aos 86 anos, José da Cruz Santos celebra o centenário com as muitas recordações e uma montra dedicada aos livros do poeta, na Modo de Ler.

Eugénio de Andrade polia cada verso, uma e outra vez, escrevia à mão em cadernos pretos, riscava, emendava, às vezes deitava fora e começava de novo. "Escrevia hoje, amanhã deitava fora, às vezes sobrava só um verso, foi ao longo da vida sempre assim", lembra o editor chamado para escutar os poemas escritos pelo punho do autor, mas só passados à máquina, depois de ditos, primeiro à empregada, e finalmente, ao editor: "Chamava-me, lia-me o original e eu dizia-lhe 'Ó Eugénio, agora tenho de ler eu, para chegar a uma conclusão, porque você tem voz de sereia'". Não se deu mal com isso.

Conheceram-se no Porto, frequentavam as mesmas tertúlias, mas é só quando José da Cruz Santos vai trabalhar para a editora Portugália que se forja a relação entre editor e autor. E nem a morte de Eugénio de Andrade, em junho de 2005, os separou.

Teresa Dias Mendes | TSF | Imagem: Eugénio de Andrade © Lucília Monteiro

Ouça aqui a conversa da TSF com José da Cruz Santos - TSF

'Mundo fragmentado' caminha como um sonâmbulo para a Terceira Guerra Mundial

Pepe Escobar | Press TV | # Traduzido em português do Brasil

As autodenominadas "elites" de Davos estão com medo. Tanto medo. Nas reuniões do Fórum Econômico Mundial desta semana, o idealizador Klaus Schwab – exibindo sua marca registrada como vilão de Bond – reclamou repetidamente sobre um imperativo categórico: precisamos de  “Cooperação em um Mundo Fragmentado” .

Embora seu diagnóstico da “fragmentação mais crítica” em que o mundo está agora atolado seja previsivelmente sombrio, Herr Schwab afirma que “o espírito de Davos é positivo” e, no final, todos podemos viver felizes em uma “economia verde sustentável”.

O que Davos tem feito bem esta semana é inundar a opinião pública com novos mantras. Há “O Novo Sistema” que, considerando o fracasso abjeto do tão alardeado Great Reset, agora parece uma questão de atualizar às pressas o atual – agitado – sistema operacional.

Davos precisa de novo hardware, novas habilidades de programação e até mesmo um novo vírus. No entanto, no momento, tudo o que está disponível é uma “policrise”: ou, na linguagem de Davos, um “aglomerado de riscos globais relacionados com efeitos compostos”.

Em bom português: uma tempestade perfeita.

Os chatos insuportáveis ​​daquela ilha de Dividir para Governar no norte da Europa acabaram de descobrir que a “geopolítica”, infelizmente, nunca realmente entrou no espalhafatoso túnel do “fim da história”: para sua surpresa, agora está centrada - novamente - em todo o Heartland, como é foi durante a maior parte da história registrada.

Eles reclamam da geopolítica “ameaçadora”, que é o código para Rússia-China, com o Irã anexado.

Mas a cereja no topo do bolo alpino é a arrogância/estupidez na verdade entregando o jogo: a cidade de Londres e seus vassalos estão lívidos porque o “mundo que Davos fez” está desmoronando rapidamente.

Davos não “criou” nenhum mundo além de seu próprio simulacro.

Davos nunca acertou em nada, porque essas “elites” estavam sempre ocupadas elogiando o Império do Caos e suas “aventuras” letais pelo Sul Global.

Davos não apenas falhou em prever todas as grandes crises econômicas recentes, mas acima de tudo a atual “tempestade perfeita”, ligada à desindustrialização gerada pelo neoliberalismo do Ocidente Coletivo.

E, claro, Davos não tem noção do verdadeiro Reset que está ocorrendo em direção à multipolaridade.

Autodenominados formadores de opinião estão ocupados “redescobrindo” que The Magic Mountain, de Thomas Mann, foi ambientado em Davos – “tendo como pano de fundo uma doença mortal e uma iminente guerra mundial” – quase um século atrás.

Bem, hoje em dia a “doença” – totalmente bioarmada – não é exatamente mortal per se. E a “Iminente Guerra Mundial” está de fato sendo ativamente encorajada por uma cabala de neoconservadores e neoliberais straussianos dos EUA: um Estado Profundo não eleito, inexplicável e bipartidário, nem mesmo sujeito à ideologia. O centenário criminoso de guerra Henry Kissinger ainda não entendeu.

Um painel de Davos sobre desglobalização estava repleto de non-sequiturs, mas pelo menos uma dose de realidade foi fornecida pelo ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto.

Quanto ao vice-primeiro-ministro da China, Liu He, com seu vasto conhecimento de finanças, ciência e tecnologia, pelo menos ele foi muito útil para estabelecer as cinco principais diretrizes de Pequim para o futuro próximo – além da costumeira sinofobia imperial.

A China se concentrará na expansão da demanda doméstica; manter as cadeias industriais e de abastecimento “suaves”; aposta no “desenvolvimento saudável do setor privado”; aprofundar a reforma das empresas estatais; e almejar “investimentos estrangeiros atraentes”.

ECONOMÁGICOS EM DAVOS E O QUEBRA CABEÇAS DO CAPITALISMO -- cartoon


 NaniHumor

A GUERRA DE 2023 -- A PREPARAÇÃO DO TEATRO

- O eixo China-Rússia está a atear os fogos de uma insurreição estrutural contra o Ocidente em grande parte do Resto do Mundo. Estes fogos visam "ferver a rã lentamente".

Alastair Crooke [*]

Um general dos fuzileiros navais dos EUA, James Bierman, numa entrevista recente ao Financial Times, explicou num momento de candura como os EUA estão "a preparar o teatro de operações" para uma possível guerra com a China, enquanto admite casualmente como um comentário aparte, que planeadores de defesa dos EUA estiveram ocupados dentro da Ucrânia desde há anos atrás, "preparando-se seriamente" para a guerra com a Rússia – mesmo até ao "pré-posicionamento de provisões", a identificação de locais a partir dos quais os EUA poderiam operar o apoio e a sustentação de operações. Em termos simples, eles estiveram lá durante anos, a preparar o espaço de batalha.

Não é realmente uma surpresa, pois tais respostas militares decorrem diretamente da decisão estratégica central dos EUA de acionar a "Doutrina Wolfowitz" de 1992, segundo a qual os EUA devem planear e agir preventivamente, para inabilitar qualquer potencial Grande Potência – muito antes de ela alcançar o ponto em que possa rivalizar ou prejudicar a hegemonia dos EUA.

A NATO avançou hoje em dia para uma guerra com a Rússia num espaço de batalha, o qual em 2023, pode ou não ficar limitado à Ucrânia. Dito de forma simples, a mudança para "Guerra" (incremental ou não) marca uma transição fundamental da qual não há volta ao ab initio – "economias de guerra" em essência, são estruturalmente diferentes do "normal" a partir do qual o Ocidente começou, e ao qual se habituou ao longo das últimas décadas. Uma sociedade de guerra – mesmo se mobilizada apenas parcialmente – pensa e age estruturalmente de forma diferente de uma sociedade em tempo de paz.

A guerra tão pouco é uma conduta cavalheiresca. A empatia pelos outros é a sua primeira baixa – sendo esta última um requisito para sustentar um espírito de combate.

No entanto, a ficção cuidadosamente cultivada na Europa e nos EUA continua a ser que nada realmente mudou ou mudará:   estamos num 'apagão' temporário. E é tudo.

Zoltan Pozsar, o influente 'oráculo' financeiro do Credit Suisse, já destacou no seu último ensaio War and Peace (só por assinatura) que a Guerra está mesmo a caminho – simplesmente listando os acontecimentos de 2022:

O bloqueio financeiro do G7 à Rússia (O Ocidente estabelece o espaço de batalha)

O bloqueio energético da Rússia à UE (a Rússia começa a montar o seu teatro)

O bloqueio tecnológico dos EUA à China (pré-posicionamento dos EUA de sítios para sustentar operações)

O bloqueio naval da China a Formosa (a China demonstrando prontidão)

O "bloqueio" dos EUA ao sector do VE da UE com a Lei de Redução da Inflação. (Os planeadores da defesa dos EUA a prepararem "linhas de abastecimento" futuras)

O "movimento em pinça" da China em torno de toda a OPEP+ com a crescente tendência de faturação das vendas de petróleo e gás em renminbi. (O "Espaço de Batalha de Commodities" da Rússia-China).

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