quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Somos governados por idiotas porque temos sistemas idiotas, notas na matriz narrativa

Caitlin Johnstone* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

É engraçado pensar em como todos os nossos sistemas abusivos e opressivos só existem porque as pessoas que se beneficiam deles são capazes de manter todos os outros muito divididos e distraídos para perceber que nós os superamos em número e podemos literalmente forçar a mudança a acontecer quando quisermos.

As pessoas têm bastante facilidade em aceitar que as coisas estão fodidas porque somos governados por idiotas corruptos. Eles têm muito mais dificuldade em aceitar que somos governados por idiotas corruptos porque nossos sistemas idiotas corruptos sempre necessariamente elevarão idiotas corruptos ao topo.

É mais fácil culpar os oligarcas ou o Estado Profundo ou uma cabala de pedófilos satânicos por nossos problemas do que culpá-los por sistemas dos quais nós mesmos participamos e vivemos nossas vidas inteiras entrelaçados e que foram continuamente normalizados em nossa cultura. Se o problema for apenas alguns idiotas corruptos, então não é um problema muito assustador, porque tudo o que você precisa fazer é remover esses idiotas corruptos e tudo ficará bem. Se o problema são os sistemas em torno dos quais toda a nossa civilização está estruturada, é muito mais assustador.

É fácil imaginar um futuro sem idiotas corruptos. É quase impossível imaginar um futuro onde o comportamento humano não seja impulsionado pelo lucro por si só, onde passamos de sistemas baseados em competição para sistemas baseados em colaboração onde todos trabalhamos juntos para o bem comum. 

Ler em Página Global: Somos governados por idiotas porque temos sistemas idiotas, notas na matriz narrativa

Em sistemas baseados na competição, os governos mais poderosos sempre serão aqueles que estão dispostos a fazer o que for preciso para permanecer no topo, as pessoas mais poderosas serão aquelas que estão dispostas a fazer o que for necessário para obter o poder, e todos os demais são esmagados. na corrida louca. O fato é que sempre seremos governados por idiotas corruptos enquanto tivermos sistemas baseados em competição, porque os melhores competidores sempre serão os indivíduos mais cruéis que farão de tudo para chegar ao topo. Livre-se dos babacas atuais e novos babacas necessariamente surgirão para ocupar o lugar deles. 

É fácil dizer "Esses idiotas no topo precisam ir embora." É muito mais difícil dizer "Tudo o que eu conheço precisa desaparecer". É um salto gigante na escuridão do desconhecido. Mas essa é a única maneira de nos movermos em direção à saúde e é a única maneira de nossa espécie evitar ser levada ao seu destino.

"QUAIS SÃO OS OBJECTIVOS DA GUERRA?"

– General alemão manifesta-se de modo claro e público contra a entrega de tanques Leopard à Ucrânia

– Os media principais da Alemanha ocultam críticas à sua submissão aos EUA

– A sua entrevista têve de ser publicada numa revista feminina!

Gen. Erich Vad [*] -- entrevistado por Annika Ross

Sr. Vad, o que pensa da entrega dos Leopard à Ucrânia que o chanceler Scholz acaba de anunciar? [NR]
Isto é uma escalada militar, também na percepção dos russos – ainda que nem Martens nem Leopards sejam balas de prata. As entregas de tanques não mudará a situação militar geral no longo prazo. Mas nós estamos a deslizar para baixo. Isto poderia desenvolver um impulso por si mesmo que não pudéssemos mais controlar. É claro que foi e é certo apoiar a Ucrânia e é claro que o ataque de Putin infringe o direito internacional – as agora as consequências devem finalmente ser consideradas!

E o que poderiam ser as consequências?
Quer alcançar uma disposição para negociar com as entregas dos tanques? Quer reconquistar o Donbass ou a Crimeia? Ou quer derrotar a Rússia completamente? Não há uma definição realista o estado final. E sem uma política geral e um conceito estratégico, entregas de armas são puro militarismo.

O que significa isso?
Temos um impasse operacional, o qual não podemos resolver militarmente. Incidentalmente, esta é também a opinião do Chefe do Estado Maior americano, Mark Milley. Ele disse que a vitória militar da Ucrânia não é expectável e que negociações são o único caminho possível. Qualquer outra coisa é um desperdício sem sentido de vidas humanas.

O General Milley causou um bocado de perturbação em Washington com a sua declaração e foi fortemente criticado em público.
Ele falou uma verdade inconfortável. Uma verdade que, a propósito, mal foi publicada nos media alemães. A entrevista de Milley à CNN não apareceu em nenhum lugar de destaque, quando ele é o chefe do Estado Maior da nossa principal potência ocidental. O que está a decorrer na Ucrânia é uma guerra de atrito. E uma guerra com quase 200 mil soldados mortos e feridos de ambos os lados, com 50 mil civis mortos e com milhões de refugiados. Milley traçou um paralelo com a I Guerra Mundial que não poderia ser mais correto. Durante a I Guerra Mundial, o chamado “Moinho de sangue de Verdun”, o qual foi concebido como uma batalha de atrito, levou às mortes de quase um milhão de jovens franceses e alemães. Eles tombaram para nada. Assim, a recusa a negociar das partes em guerra levaram a milhões de mortes adicionais. Esta estratégia não funcionou militarmente então – e tão pouco funcionará hoje.

Portugal | O APERITIVO

Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | A MAIORIA ABSOLUTA ESTÁ MORTA?

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

"O que queremos é uma maioria absoluta que não esteja morta". A frase é do presidente da República. Foi dita no rescaldo de uma entrevista, neste arranque de semana, em que António Costa se escudou na maioria absoluta, conseguida em janeiro do ano passado, para jurar que será primeiro-ministro até 2026. Se um cidadão português vindo de Marte aterrasse neste instante nas notícias sobre a atualidade política e fizesse uma interpretação literal das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, a conclusão seria mais ou menos imediata, óbvia e brutal: o Governo tem os dias contados.

Se o mesmo cidadão se recordasse, entretanto, que houve eleições legislativas há apenas um ano, ficaria preocupado, e talvez fosse à procura de contexto. Mas poderia aterrar nesta outra frase de Marcelo, dita há um mês, a propósito de uma eventual demissão do Governo: "Não é claro que surgisse uma alternativa evidente, forte e imediata àquilo que existe". E a conclusão seria igualmente óbvia e brutal, mas menos imediata: o Governo tem os dias contados, mas só quando o presidente perceber que o PSD tem condições para ganhar eleições e liderar um Governo.

Não é fácil, de facto, lidar com a velocidade do tempo político em Portugal. Mas é mais ou menos evidente que o presidente, concorde-se ou não, decidiu apostar numa renovada centralidade política, desde que Costa se viu apanhado numa tempestade de casos, casinhos, demissões e escândalos. Marcelo está empenhado numa visão maximalista dos poderes que tem e faz questão de deixar isso bem claro, sempre que pode, ao primeiro-ministro.

É verdade que Marcelo já não goza da popularidade de outrora, como mostrou o mais recente barómetro político da Aximage para o JN. Mas Costa está ainda pior. Depois de anos em que foi o único líder partidário com avaliação positiva, passou a ser o político com maior índice de rejeição. Pior até do que André Ventura, o que não é coisa de somenos. E não deixa de ser paradoxal que o seu atestado de sobrevivência seja afinal a fragilidade do seu principal rival, Luís Montenegro. O líder do PSD não só não capitaliza os descontentes, como perde o pé. Talvez seja mesmo só por isso (a fazer fé nas farpas de Marcelo) que a maioria absoluta, parecendo moribunda, ainda não tenha sido dada como morta.

*Diretor-adjunto

A VIDA CUSTA-TE COSTA? | Casal e três filhos menores em risco de ficar na rua

PORTUGAL

Lívia Camargo e Paulo Faria, com três filhos menores, têm de sair esta quinta-feira do quarto do hostel onde estão a viver desde que uma divisão da casa onde moravam, em Lisboa, se incendiou.

De malas às costas, de pensão em pensão, estão desesperados. "Não quero viver à conta dos outros pois tenho trabalho, mas neste momento (o ordenado) não chega para pagar uma casa. O que nos resta é comprarmos uma tenda", lamenta Paulo, que corre o risco de ficar a viver na rua com a família. A Câmara de Lisboa disse ao casal que não têm pontuação suficiente para lhes atribuir habitação e aconselhou-os a concorrerem a outros programas de habitação municipal.

O desespero no olhar de Paulo Faria reflete os dois últimos meses de tormento desta família. Já bateu a todas as portas, à Câmara, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, várias instituições sociais e partidos políticos e até ao presidente da República, mas em vão. "Já não sei o que fazer", desabafa. O pesadelo começou a 28 de novembro de 2022, quando a casa, onde morava há cinco anos em Arroios, ficou inabitável após uma máquina arder. O senhorio está a fazer obras e deverá aumentar a renda.

Sofia Cristino - continua em Jornal de Notícias em exclusivo

Imagem: Lívia e Paulo, com filhos de 1, 10 e 12 anos, em Arroios / Paulo Spranger/ Global Imagens

MEGAFONE - Ouvir e pensar | Habitação: muita gente sem casa, tanta casa sem gente

PORTUGAL

Como é que uma crise na Habitação convive com as cerca de 160 mil casas vazias na zona da Grande Lisboa? Quando 1 em cada 10 casas está desabitada no Porto? Quando 14% de todas as casas em Portugal estão vazias, sem ocupação, sem locatários e sem função?  Portugal é dos países da OCDE com maior número de casas por mil habitantes, a situação não pode deixar de causar estranheza: como é que com tanta construção, continua a ser impossível encontrar habitação a preços acessíveis? 

Neste episódio do Megafone conversámos com o Tiago Mota Saraiva, arquitecto, Luís Mendes, geógrafo do IGOT e membro da direcção da Associação de Inquilinos Lisbonense, e Susana Mourão, socióloga e coordenadora do Plano Local de Habitação da Câmara Municipal de Évora. 

AbrilAbril

PORTUGAL OLARILOLÉ A MALHAR EM FERRO FRIO PELO TUDO NA MESMA OU PIOR

E pronto, lá vem ele, o jornalista Ricardo Marques, do Expresso, no Curto do dito cujo, a malhar em ferro frio. É ali que ele faz uma dança de palavras tipo pikatchu, que não tem o cu a haver com as calças. Mas para ele tem. Basta isso. Temos de ter abertura e democraticidade para aceitar. Além disso sabemos que o escrito não dá para apagar com a borracha nem com o corretor. Está lá e fica assim. Não mexe mais.

Entre mui cousas valiosas no texto inspirativo do Curto, que segue já aqui em baixo, o Silva está na berlinda. Não é Cavaco mumificado mas sim Augusto. O malho é da direita e quem leva com ele é o dito Augusto que dá peito na defesa e personificação do governo de desaire em desaire. O Augusto é Santos, além de Silva. Um habitué do PS que em muitas datas anteriores e na atualidade faz alternos por aquele partido dito socialista e democrático… Andar a alternar pode ser pejorativo, pois. Essa consideração fica ao vosso critério. Fecho-éclair, cá por nós. Tantos que já vimos assim e que têm ficado muito bem safados na vida. A adorná-los, como maçã em boca de porto a assar (ou cremar), medalhas condecorativas de grandes homens.

Ficamos por aqui.

Assim sendo, fiquem com o simpático e laborioso jornalista mal remunerado pelo tio Balsemão Impresa Bilderberg. Com mangas arregaçadas, aqui vai o malho do Curto de hoje com informação e estereótipos mui valiosos. Acompanhe.

Bom dia e um caviar acompanhado com um Moet et Chandon. Porque Portugal está no bom caminho para acrescentar com segurança que os ricos vão continuar sobremaneira a ficar muito mais ricos e que os pobres se atolam cada vez mais na miséria e no trabalho esclavagista da democracia do cuspo e do escarro predominante em Portugal com grande contributo de xuxalistas made in António Costa. Os que vierem a seguir ainda serão muito piores porque parece que os portugueses, a caminho das assembleias de voto, quando vão votar, em dia de eleições, passam por todas as tascas do caminho a dessedentarem-se. Pois.

Siga pra bingo… Ops, para o Curto, queremos dizer. (PG)

Portugal | A ENTREVISTA DA INSTABILIDADE

Miguel PoiaresMaduro | TSF | opinião

Os primeiros-ministros não dão entrevistas com frequência. Quando o fazem é, quase sempre, para anunciar uma novidade importante e marcar a agenda em redor desse anúncio. Não foi o caso da entrevista do primeiro-ministro à RTP esta semana. Não houve qualquer novidade. O mais próximo disso foi o anúncio de um anúncio ao dizer que o governo irá em breve apresentar um plano para a habitação.

O único objetivo que encontro para a entrevista era procurar marcar um momento de viragem face aos casos e instabilidade que têm dominado o governo e procurar matar a especulação crescente sobre a estabilidade e o futuro deste. Acho que esse objetivo não foi atingido.

António Costa nunca conseguirá virar a página enquanto mantiver um governo associado a tantos casos e, ao mesmo tempo, acabar sempre por procurar desvalorizar os casos. É verdade que reconheceu que o governo se pôs a jeito, mas para além dessa afirmação, procurou sobretudo evitar discutir esses casos regressando à tese de que não interessa discuti-los pois o que preocupa os portugueses são os resultados da governação. É um equívoco do PM achar que esses casos e casinhos não são relevantes para o povo português. Independentemente do juízo - bom ou mau - que se faça dos resultados deste governo (e o meu juízo é mais mau do que bom) esta tese do PM é perigosa e um erro.

⁃ Perigosa porque numa democracia a legitimidade nunca pode decorrer apenas dos resultados, como aliás o Deputado Rui Tavares disse no debate parlamentar em que António Costa já o tinha defendido. Há até o risco de se confundir com o famoso "rouba mas faz". Não sendo isto seguramente o que o PM queria dizer a ideia de que só interessam os resultados e não a legitimidade e integridade dos processos de decisão é perigosa em democracia.

⁃ Mas é também um erro porque a probabilidade de obtermos melhores resultados aumenta quanto melhores forem os decisores e a qualidade dos seus processos de decisão. Dizer que não nos devemos interessar pelos processos de escolha dos membros do governo, a sua integridade e a qualidade dos seus processos de decisão é o mesmo que dizermos que não nos devemos preocupar com a escolha do plantel de uma equipa de futebol porque o que interessa mesmo são os resultados em campo. Ora, os resultados em campo dependem muito da qualidade dos jogadores e dos processos de seleção dos mesmos e é por isso que os adeptos se importam com eles.

Brasil | Lula tem mão pesada contra o golpismo e a outra estendida à esperança

A democracia esteve por um fio e está salva (por agora), devido a uma combinação contingente de fatores excepcionais: o talento de estadista do presidente, a atuação certa no momento certo de um ministro no lugar certo, Flávio Dino, logo secundado pelo apoio ativo do STF.

Boaventura de Sousa Santos*, de Lisboa | Correio do Brasil, opinião

Dificilmente se encontrará na política internacional um começo tão turbulento de um mandato democrático como o que caracterizou o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A democracia esteve por um fio e está salva (por agora), devido a uma combinação contingente de fatores excepcionais: o talento de estadista do presidente, a atuação certa no momento certo de um ministro no lugar certo, Flávio Dino, logo secundado pelo apoio ativo do STF.

As instituições especificamente encarregadas de defender a paz e a ordem pública estiveram ausentes, e algumas delas foram mesmo coniventes com a arruaça depredadora de bens públicos.

Quando uma democracia prevalece nestas condições, dá simultaneamente uma afirmação de força e de fraqueza. Mostra que tem mais ânimo para sobreviver do que para florescer. A verdade é que, a prazo, só sobreviverá se florescer e para isso são necessárias políticas com lógicas diferentes, suscetíveis de criarem conflitos entre si. E tudo tem de ser feito sob pressão. Ou seja, o futuro chegou depressa e com pressa.

Brasil | Bolsonaro faz elogios a si mesmo e volta a atacar a democracia

O TSE cobrou explicações da chapa Bolsonaro-Braga Netto, que tem negado qualquer irregularidade e mantém o discurso contrário à democracia. Bolsonaro, nesta manhã nos EUA, onde encontra-se, voltou a incentivar apoiadores a questionarem o resultado das urnas.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou 18 irregularidades nas contas da campanha de Jair Bolsonaro. Uma das investigações foi motivada pela denúncia de uma gráfica que levou um calote da campanha de ultradireita.

A gráfica Gráfica Impactus acusou a campanha de omitir uma dívida e pediu que o tribunal impeça Bolsonaro de se candidatar novamente. Ao todo foram apontadas 18 irregularidades, com destaque para: falta de comprovação de que a campanha transferiu uma sobra de R$ 12 milhões ao PL, sigla do ex-presidente; R$ 682 mil de despesas não comprovadas; e R$ 229 mil de doações pagas por pessoas ou empresas proibidas pela lei.

O TSE cobrou explicações da chapa Bolsonaro-Braga Netto, que tem negado qualquer irregularidade e mantém o discurso contrário à democracia. Bolsonaro, nesta manhã nos EUA, onde encontra-se, voltou a incentivar apoiadores a questionarem o resultado das urnas.

Popular

Em palestra realizada em Orlando (FL-EUA), Bolsonaro ainda pôs dúvida sobre a continuidade da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

— Vamos mudar o destino do Brasil, podem ter certeza. Em pouco tempo, teremos notícias, ou, por si só, se esse governo continuar na linha que demonstrou nesses primeiros 30 dias, não vai durar muito tempo — disse.

Ao longo do discurso, feito para uma pequena plateia, Bolsonaro fez elogios a si mesmo, principalmente no âmbito da economia, e insinuou que o resultado da eleição presidencial foi fraudulento.

— Nunca fui tão popular, como no ano passado. Muito superior a 2018. No fim das contas, a gente fica com uma interrogação — concluiu.

Correio do Brasil, Brasília | # Publicado em português do Brasil

Imagem: Bolsonaro encontra-se hospedado em uma mansão a um custo diário superior a R$ 2,5 mil

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