No atoleiro euroluso, à luz de um
candeeiro apagado, um homem todo nu com uma faca na algibeira, lia o jornal sem
letras (é o Curto do Expresso).
Esta é frase velhinha (que contém mais) como as prostituições de
vendas de corpos, de mentes, de carácteres, de hediondas traições e de necessidades que continuam por explicar mas são próprias de quem não tem as mãos limpas nem opta
por trabalhos limpos. Gentes assim, doutos prostituídos de canudos comprados, engravatados e inchados, são aquilo a que a plebe denomina em sussurro “que raio de cabeças,
que merdosos, vígaros".
Por aqui temos muita sorte com a luz acesa, vestidos, algibeiras sem facas, lendo vários jornais com letras, sendo um deles o Curto
do simpático tio Balsemão Impresa Bilderberg e o mais que vier e der jeito prá
boa viduxa das elites e da democracia deles.
Bom dia. Vá adiante. Curta o Curto
nesta espécie de vida Curta. Porque Curta, em tempos idos, era sinónimo de
prostituta/o para não se ser mal educado/a. Como diz a tal da publicidade: “no
meu tempo”. Era o tempo do fascista Salazar. Tempos e modos políticos, sociais
e mais, que estão crescendo na realidade, enganosamente chamando-lhe democracia…
Esses Curtos a quererem enganar os plebeus, esquecendo que alguns não é o todo.
Pois. São imensos os que os topam.
O Curto, com letras, a seguir. Vale. Como dizia Forjaz de Sampaio: "até quando não presta é para nós uma grande lição". "Aprender, aprender sempre", disse outro. Vá saber quem, para aprender.
Mais um bom dia e um queijo
acompanhado com pão e vinho alentejano. Depois, quando quiserem e puderem,
deixem-se de prantar tão quedos. Convém. Omessa! Saibam ser alarves! Cristo também o foi!
MM | Redação PG
A memória de Christine e como a
comissão de inquérito à TAP terá muito a dizer sobre o futuro do PS
Eunice Lourenço, editora de política
| Expresso (curto)
Antes de mais, um convite:
Junte-se à Conversa com a equipa do Expresso, desta vez sobre “Sondagem: PS e
PSD empatados. E agora?”. Hoje, dia 4 de abril, às 14h00. Inscreva-se aqui.
Bom dia
Sabia que tinha de escrever o
Curto de 4 de abril, mas depois de um fim-de-semana de intensa vida social e
numa segunda-feira com agenda muito cheia, estava esquecida dessa
responsabilidade. Só quando a minha colega Salomé me enviou o mail com as
propostas de podcasts (que pode ver mais abaixo) é que me lembrei: ahhhh tenho
o curto de amanhã! A memória é assim: por vezes falha, por vezes é despertada
por algo ou alguém.
No caso de Pedro Nuno Santos, que se tinha esquecido de ter autorizado uma
indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis na sua saída de administradora
da TAP, foi uma audição parlamentar de Christine Ourmières-Widener que
o fez procurar uma mensagem esquecida na sua memória e no seu telemóvel. E
perceber que, afinal, tinha dado o ok ao valor. E, em consequência da recuperação
da sua memória, o seu secretário de Estado Hugo Mendes também recuperou a
memória que ainda não estava bem desperta no primeiro depoimento que fez à
Inspeção Geral de Finanças e que teve de alterar.
Esta terça-feira, Christine Ourmières-Widener volta ao Parlamento, agora no
âmbito da comissão parlamentar de inquérito (CPI) e ninguém sabe que mais
memórias poderá ela despertar. É a terceira audição desta CPI que, como já
escreveu o Diogo Cavaleiro, tem mais de política do que de aviação. Uma comissão
proposta pelo Bloco de Esquerda, que o PS viabilizou apertado pela crise
política que levou à saída de Pedro Nuno Santos do Governo, e em que o PSD
aposta para desgastar outro ministro e eventual candidato à sucessão de António
Costa no PS: Fernando Medina, o ministro das Finanças, ilibado pela IGF, até porque nem sequer estava no Governo
na altura da saída de Alexandra Reis da TAP, mas que a convidou para sua
secretária de Estado do Tesouro.
Ontem, o líder social-democrata, Luís Montenegro, ao ministro das Finanças que
tome uma posição sobre a permanência ou não do diretor financeiro da companhia
aérea, que acusa de ter mentido na sua audição na comissão de inquérito. E
mentir numa comissão de inquérito é como mentir em tribunal.
A audição da agora presidente demitida da TAP é a terceira e será imediatamente
seguida, já amanhã, pela inquirição a Alexandra Reis. Será a primeira vez que vamos ouvir, de
viva voz, as explicações de ex-administradora da TAP, ex-presidente da NAV e
ex-secretária de Estado do Tesouro. Hão-se seguir-se as audições dos
responsáveis políticos: Hugo Mendes, ex-secretário de Estado das
Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ex-ministro e há muito candidato a
candidato à liderança do PS, ambição que tem sofrido vários golpes no âmbito deste caso, mas que ainda não
terá desaparecido. A imagem pública do ex-ministro levou um grande rasgão e
também a sua imagem dentro do PS levaram um grande rasgão com este caso, mas
Pedro Nuno Santos acredita que não está politicamente morto, pelo que a
comissão de inquérito pode servir para se tentar reabilitar ou pode ainda
piorar mais a sua imagem política. Já Medina, que nem estava no Governo quando
aconteceu a negociação da saída de Alexandra Reis, tem no futuro da TAP uma das
tarefas que podem determinar o seu desempenho nas Finanças.
A documentação que as várias partes – quem ainda tenta não perder tudo, quem
tenta não perder nada e quem não tem nada a perder – têm feito chegar à
comissão e aos jornalistas mostram como há uma luta política subjacente à
procura de responsabilidades na transportadora aérea. E pode ser a memória de
quem não tem nada a perder, Christine Ourmières-Widener, a despertar ainda
mais documentos ou depoimentos esquecidos.