segunda-feira, 15 de maio de 2023

Eixo Anglo-Americano Prepara a Ucrânia para Invadir o Território Pré-2014 da Rússia?

Resta saber se essa provocação sem precedentes acontecerá, mas seria diretamente possibilitada pelo envio de armas de longo alcance do Reino Unido para Kiev, caso isso aconteça e obviamente aprovado pelos EUA com antecedência.

Andrew Korybko* | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

O Washington Post (WaPo) noticiou alguns dos vazamentos do Pentágono não divulgados anteriormente no fim de semana para informar aos leitores que Zelensky está planejando tomar parte do território da Rússia antes de 2014 para “dar a Kiev vantagem nas negociações com Moscou”. Isso coincidiu com a confirmação do Reino Unido de que já forneceu mísseis de cruzeiro de longo alcance à Ucrânia e precedeu o anúncio de segunda-feira , durante sua visita ao país, de que também fornecerá drones de ataque de longo alcance em breve.

Entre esses dois desenvolvimentos militares, ocorreu a derrubada no último fim de semana de quatro aeronaves militares russas sobre a região de Bryansk, que está dentro de seu território anterior a 2014. Ainda não está claro exatamente o que aconteceu, mas o Kommersant informou que poderia ter sido devido a mísseis terra-ar ou ar-ar. Independentemente de quais armas foram responsáveis, o ponto pertinente a este artigo é que a segurança do espaço aéreo da Rússia ao longo da fronteira ucraniana não pode mais ser considerada garantida.

Esta observação dá crédito ao relatório de WaPo de que a Comunidade de Inteligência dos EUA está ciente do esquema de Zelensky para tomar parte do território da Rússia antes de 2014, já que o novo desafio à sua supremacia aérea ao longo da fronteira poderia facilitar esse cenário em meio à contra-ofensiva iminente de Kiev. Com isso em mente, o envio de armas de longo alcance do Reino Unido para a Ucrânia significa que Londres é cúmplice direta na conspiração de seu procurador regional para ameaçar a integridade territorial de seu vizinho com armas nucleares.

Angola | FUNDAÇÃO SAVIMBI E PERFIL DO HITLER – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os rendimentos de uma fundação provêm das contribuições dos seus doadores que são recompensados integrando o conselho de curadores. O objecto social é definido nos estatutos. Esteves Pena (Kamy) é sobrinho do criminoso de guerra Jonas Savimbi. Na sequência da conversa entre Samakuva e João Lourenço, ele explicou que o tio “era uma pessoa que sempre apostou na formação dos homens. Para a criação de uma fundação com o seu nome, há variadíssimas ideias, mas uma das ideias é criar bolsas de estudo para ajudar as pessoas que querem estudar”.

O Hitler apostou imenso na formação de homens ajudando-os a chegarem rapidamente a cadáveres. A primeira coisa que os alemães fizeram depois da sua morte, foi criar uma fundação para a sua obra não morrer. Assim nasceram os cabeças-rapadas e a União Europeia está cheia de estudiosos à imagem e semelhança do mestre. Se ainda fosse vivo, a Úrsula von der Leyen era a sua favorita.

O Salazar também apostou na formação dos homens na universidade da PIDE onde Jonas Savimbi foi aluno de excelência. Os mais destacados iam para os campos de concentração no Portugal de Minho a Timor. O meu pai foi tão bom aluno que lhe arrancaram os dentes da frente, durante uma aula prática de tortura. No dia seguinte à morte de Salazar foi criada uma fundação com o seu nome. Os sicários da UNITA fizeram, com o seu apoio, muitos doutoramentos em terrorismo, extorsão, roubo e destruições, Não foi por acaso que a rebelião armada do criminoso de guerra teve todo o apoio em Portugal, que é cada vez mais uma grande fundação salazarista. Paz à alma do 25 de Abril.

Os Estados costumam financiar as fundações. Com toneladas de dinheiro, quando interessam aos políticos de turno, ou com isenções fiscais. A Fundação Jonas Savimbi vem mesmo a calhar. João Lourenço vê-se livre da Fundação Dr. António Agostinho Neto e oferece os restos dos “activos recuperados” ao empresário Carlos São Vicente à nova e prestimosa instituição. 

Sem se deter, o chefe assina um decreto presidencial extinguindo a Fundação José Eduardo dos Santos e entrega o seu património aos curadores savimbistas. O dinheiro escondido pela UNITA oriundo dos diamantes de sangue vai ser lavado na Fundação Jonas Savimbi. O FMI declara que Angola esta no bom caminho. Aquela flausina holandesa, que rebaixa a União Europeia em Luanda, grita Kwacha Angola! O Banco Mundial manda umas carradas de fotocópias de dólares (se hão-de ir para o lixo…) e o Grupo Carrinho vai comprar o milho de Cacuso a prestações suaves. Estou a trabalhar mais e informar melhor.

A Dama Florentina com Asas de Vénus – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Uma mulher de Florença é ela e o Renascimento, nova luz que libertou a Humanidade das cavernas do feudalismo, da escravatura e dos servos da gleba. Conheci uma florentina quando me interessei pela sociologia da literatura. Já tinha aprendido que aquilo estava tudo preso por arames. Tratava por tu Goldmann e Georg Lukács. Fiz uma análise fina do livro O Camponês de Paris escrito por Louis Aragon, o que cantava o homem e as suas armas. Ela estava no topo, trabalhava com Claude Lévi-Strauss. Era uma académica de grande fulgor. Tinha acabado de publicar uma tese sobre o advento do fascismo.  

Uma aula nocturna acabou e quando cheguei ao corredor encontrei a dama florentina. Se fosse hoje ia preso porque lhe disse: Se não fosses tão bela eras uma mulher. Assim és uma deusa. Acabámos a tomar um “rouge” no Les Deux Magots. O que aconteceu depois podia ter sido verdadeiramente a morte do artista. 

Um nazi que foi presidente do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) foi condenado a pagar mais de quatro milhões de dólares a uma senhora por ter relações sexuais com ela na cabine de provas de uma loja de roupas. A dama florentina e eu estávamos tão apaixonados que fizemos o mesmo nos grandes armazéns Samaritaine. O mimoso choro que soava, a influência de Vénus, melhor é experimentá-lo que julgá-lo mas julgue-o quem não pode experimentá-lo. 

Na cabine ao lado uma senhora ouviu o poema e chamou a gerente da loja, uma espécie de madrasta da Gata Borralheira, que nos surpreendeu e berrou: - Rua seus porcos! Rua seu porcos!. Por favor, minha amada florentina, não me leves a Tribunal porque eu não sou Trump nem tenho quatro euros para pagar a indeminização quanto mais quatro milhões. Juro emendar-me e nunca mais voltar a pecar.

Não cumpri. Tira-me o pão meu amor, vou viver sem pão. Tira-me o ar, minha amada, vou continuar a viver. Mas morro se me tirares o teu sorriso. A vizinha da cabine ao lado ouviu o poema, chamou a madrasta e fomos escorraçados das galerias Lafayette. Espera-me a prisão perpétua.

Quénia: Confirmados 201 mortos no “Massacre de Shakahola”, 566 desaparecidos

Em perguntas e respostas, o massacre no Quénia

Já foram confirmados 201 mortos no “Massacre de Shakahola”, onde centenas de fiéis de uma seita se juntaram para cumprir o jejum que acreditavam os levaria a “encontrar Jesus”

Já foram confirmados 201 mortos no “Massacre de Shakahola”, onde centenas de fiéis de uma seita se juntaram para cumprir o jejum que acreditavam os levaria a “encontrar Jesus”

A floresta dá nome à tragédia - o “massacre de Shakahola” - e são já 201 os corpos encontrados, desde meados de abril, em cerca de 50 valas comuns.

Este sábado, foram descobertos mais 22 corpos perto da cidade costeira de Malindi. A maior parte das autopsias mostram que as vítimas morreram à fome. No entanto, há resultados a indicar que algumas pessoas - incluindo crianças - foram estranguladas, espancadas ou sufocadas, segundo o chefe das operações forenses Johansen Oduor.

LÁGRIMA DE ÁFRICA

Alex Falco Chang, EUA | Cartoon Movement

Transparência Internacional enviou carta para o Constitucional a visar Luís Montenegro

PORTUGAL

A organização Transparência Internacional Portugal (TI Portugal) enviou, esta segunda-feira, uma carta ao presidente do Tribunal Constitucional (TC) que visa pedir esclarecimentos sobre o património de Luís Montenegro, presidente do PSD.

A associação questiona o presidente do TC, o juiz conselheiro José João Abrantes, sobre eventuais omissões de património na declaração de rendimentos de Montenegro a este tribunal, em 2022.

Em causa está uma moradia localizada em Espinho, cujo valor patrimonial não terá sido declarado, como impõe a lei. Acusações que têm sido refutadas pelo líder social-democrata.

A Transparência Internacional Portugal faz saber em comunicado que pediu ao TC esclarecimentos em relação ao "atual ponto de avaliação e situação, em termos legais e de regularização, das declarações apresentadas pelo Dr. Luís Montenegro, nomeadamente a de 2022? E quais as medidas adotadas e a adotar pelo Tribunal Constitucional, ou através dos serviços e órgãos competentes, neste âmbito concreto e, também, na interpretação e aplicação da lei que esta situação suscita?".

O grupo cívico defende ainda que "não pode existir vazio legal, nem cedência, quanto ao controlo das obrigações declarativas em análise, cujos poderes estão confiados ao Tribunal Constitucional", em relação aos titulares de cargos públicos.

Na semana passada, o jornal "Expresso" divulgou a informação de que Montenegro não tinha declarado a casa de seis pisos, nem informou o TC do aumento do seu valor patrimonial imobiliário.

Jornal de Notícias

Portugal | O palácio de seis andares de Luís Montenegro e a casa de Massamá

Luís Osório | TSF, em Postal do Dia* – 10 maio 2023 

1.

A nova casa de Luís Montenegro tem 800 metros quadrados.

Seis pisos.

Um elevador.

8 casas de banho.

Dezenas de quartos.

E está situada a 100 metros do mar de Espinho.

2.

Parece que o líder do PSD não dá explicações

Como pagou, como aconteceu, se declarou ou não declarou, se existem ou não troca de favores com quem podia autorizar - tendo em conta que a moradia foi construída em Espinho, terra dos dois autarcas de quem tanto se falou.

Mas a questão fundamental, apesar de importante, não é essa.

A questão central é uma outra - que angustia e desvanece qualquer ilusão que se possa ter sobre a sua humilde condição.

3.

Escolho a palavra "humilde" em memória de Frank Underwood, personagem principal do extraordinário House of Cards.

Numa conversa com Remy Danton, um lobista profissional, o político Underwood explicou-lhe a diferença entre os dois.

"O que te interessa é o dinheiro, o poder do dinheiro. Por isso, nunca terás o único poder que me interessa a mim, o político. E como sabes o poder político é incomparável com o tão pouco que desejas".

A tradução é livre e de memória.

Mas o que o político ambicioso diz ao homem ambicioso está nos manuais.

Quando se junta alguém que ambiciona dinheiro, ambiciona casas como aquela e ambiciona poder político, alguma coisa está mal.

Aliás, bastar-nos-ia ver o exemplo de José Sócrates para o entender.

4.

Caro Luís Montenegro.

Uma casa em Espinho com mais de 800 metros quadrados?

Seis pisos?

Quartos e quartos e quartos?

A 100 metros da praia na zona mais cara de Espinho?

O problema também não é ter uma casa assim, se já a tivesse antes este postal seria apenas ridículo e injusto.

Mas construí-la e inaugurá-la nesta fase da sua vida?

Quando deseja ser primeiro-ministro e governar um país com tantas desigualdades e tanta gente a passar mal?

Não acha que seria necessário ter optado por alguma frugalidade? E frugalidade não é miserabilismo, o senhor pode e deve ter uma boa casa, nada contra.

Mas uma casa assim?

Não acha pornográfico?

Indecoroso?

Um bocadinho excessivo?

5.

Claro que é um problema se as respostas às perguntas dos últimos dias não forem dadas. No limite seria uma questão de justiça.

Mas problema ainda maior é o que se revela nesta casa.

Um desejo de ostentar.

Um desejo de ser grande.

Um desejo de ser e parecer poderosamente rico.

E isso assusta-me muito.

6.

O PSD vive um momento decisivo da sua história.

Precisa de pensar no que está a fazer.

De ter um líder que possa ser uma alternativa séria a António Costa.

Sinceramente, esta notícia pôs em causa esse desejo.

Talvez, mais cedo do que tarde, o maior partido da oposição, precise de se virar para um homem que continua a viver na sua casa de Massamá.

E Marcelo Rebelo de Sousa sabe-o muito bem.

*Postal do Dia - Já ninguém escreve postais, mas a TSF insiste e manda bilhetes postais com destinatário. Em poucas palavras mas com ideias que fazem pensar: "Postal do Dia", com Luís Osório. De segunda a sexta-feira, depois das 18h00 e sempre em tsf.pt.

Portugal | AUMENTA O DESEMPREGO E A PRECARIEDADE

Enquanto a taxa de desemprego sobe para os 7,2%, os postos de trabalho criados no primeiro trimestre de 2023, segundo o INE, foram, em parte, assentes em vínculos precários. Diminui o direito ao trabalho e o trabalho com direitos. 

Desde 2020 que não se assistia aos actuais números do desemprego. A situação económico-social degrada-se a olhos vistos e a criação de emprego desprotege quem trabalha. A confirmação é dada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que esta semana divulgou os dados relativos ao primeiro trimestre de 2023. 

Segundo o Instituto, 4,925 milhões de pessoas estão empregadas, mais 0,5% do que no período homólogo, no entanto, no mesmo período, o trabalho por conta de outrem, que também aumentou, ficou a dever-se sobretudo ao crescimento dos contratos a termo ou a tempo parcial. Os dados indicam que, entre 2022 e 2023, os contratos a termo aumentaram 7,7%. Isto confirma a tendência já verificada de desprotecção dos trabalhadores e de aumento da incerteza nas suas vidas. 

Analisando mais a fundo, os contratos sem termo continuam a ser predominantes no mercado de trabalho nacional, representando 83% dos 4,189 milhões de trabalhadores por conta de outrem. Mas, ao contrário do que aconteceu com os vínculos precários, tiveram um recuo homólogo de 0,2%. A precariedade que os trabalhadores sentem na pele materializa-se também com o trabalho a tempo parcial, que teve um aumento de 6,5%, algo que tem reflexo directo nos salários.

Este aumento do emprego que se verifica explica-se pela redução da população inactiva que diminuiu em relação aos dois períodos de comparação e coincide com um aumento de pessoas a entrar no mercado de trabalho. 

Sobre os dados do desemprego, segundo o INE, o primeiro trimestre de 2023 regista um aumento, fixando-se em 7,2%, o número mais alto desde 2020 e o quarto trimestre (7,3%), ano de pandemia. A taxa de desemprego aumenta em todas as regiões, e em particular no Norte do país.  

AbrilAbril | Imagem: José Coelho / Lusa

PODE UM GIGANTE VIRAR?

Eunice Lourenço, editora de política | Expresso (curto)

Bom dia

Antes de mais, um convite: quarta-feira, 17 de maio, às 14h00, Junte-se à Conversa com David Dinis, Vítor Matos e Hugo Franco. Desta vez sobre "Para que servem as secretas?". Inscreva-se aqui

Quando estive na Turquia, em 2018, tive uma aula prática de desvalorização de moeda: quando cheguei, no início de agosto, com um euro comprava 5 garrafas de água; quando saí, uma semana depois, já comprava seis. Estava ainda muito no início uma crise económica, que se mantem até hoje, agravada e muito com a pandemia, que teve naturalmente um forte impacto num país onde o turismo é tão importante, e com os mais recentes sismos de março, que terão provocado mais de 50 mil mortos.

Muitos dos desalojados pelos sismos voltaram pela primeira vez aos seus locais de residência para votar este domingo, em que a participação eleitoral rondou os 90%. O descontentamento com a resposta de emergência e a situação económica, com uma forte desvalorização da lira turca, uma inflação que anda entre 10 e 20% em taxas anuais eram vistos como potenciadores de uma viragem na política turca. A viragem ficou, contudo, pelo menos adiada.

O Presidente, Recep Tayyip Erdogan, que está há 21 anos no poder, começou a noite eleitoral com forte vantagem, acabou por estar muito próximo da vitória à primeira volta, mas vai ter de ir a uma segunda volta, marcada para 28 de maio. Teve 49% dos votos, enquanto que o candidato da oposição, Kemal Kiliçdaroglu. teve 45% O mapa eleitoral mostra as diferenças do país: a oposição ganhou nas grandes cidades e na costa, enquanto Erdogan mantém o seu poder eleitoral nas províncias mais rurais. Erdogan terá, á partida, vantagem na segunda volta, uma vez que o terceiro candidato, agora excluído, Sinan Ogan, é um nacionalista de direita, pelo que os seus eleitores devem transferir-se para o atual Presidente.

Foi, contudo, uma noite de facas longas, com desconfianças sobre contagem de resultados e acusações de manipulação de sondagens e de previsões. A campanha segue dentro de momentos e no dia 28 haverá vencedor para a presidência desta potência regional, Já nas legislativas, o partido AKP de Erdogan e os seus aliados nacionalistas do MHP conseguiram a maioria absoluta, elegendo mais de 300 dos 600 deputados.

Portugal | O MANUAL


Henrique Monteiro | Henricartoon

A UCRÂNIA E A NOVA AL QAEDA

A eclosão da guerra entre a Rússia e a Ucrânia parece ter dado à CIA o pretexto para lançar uma insurgência há muito planejada no país, prestes a se espalhar muito além das fronteiras da Ucrânia, com grandes implicações para a “Guerra ao Terror Doméstico” de Biden.

The Last American Vagabond* | # Traduzido em português do Brasil

À medida que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia continua aumentando e dominando a atenção do mundo, a crescente evidência de que a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) está e tem trabalhado para criar e armar uma insurgência no país recebeu consideravelmente pouca atenção, considerando sua provável consequências. Isso é particularmente verdade, dado que ex-funcionários da CIA e um ex-secretário de Estado agora estão dizendo abertamente que a CIA está seguindo os “modelos” de insurgências anteriores apoiadas pela CIA no Afeganistão e na Síria para seus planos na Ucrânia. Dado que esses países foram devastados pela guerra como resultado direto dessas insurgências, isso é um mau presságio para a Ucrânia.

No entanto, esta insurgência está prestes a ter consequências que vão muito além da Ucrânia. Parece cada vez mais que a CIA vê a insurgência que está criando como mais do que uma oportunidade de levar sua guerra híbrida contra a Rússia cada vez mais perto de suas fronteiras. Como este relatório mostrará, parece que a CIA está determinada a manifestar uma profecia propagada por suas próprias fileiras nos últimos dois anos. Esta previsão de antigos e atuais funcionários da inteligência data pelo menos do início de 2020 e afirma que uma “rede transnacional de supremacia branca” com supostos laços com o conflito na Ucrânia será a próxima catástrofe global a atingir o mundo à medida que a ameaça do Covid-19 recua. 

Por estas “previsões”, esta rede global de supremacistas brancos – alegadamente com um grupo ligado ao conflito na região de Donbass, na Ucrânia – vai tornar-se a nova ameaça ao estilo do Estado Islâmico e será, sem dúvida, usada como pretexto para lançar a infraestrutura ainda adormecida criada no ano passado pelo governo dos EUA sob o presidente Biden para uma “Guerra ao Terror Doméstico” orwelliana.

Dado que este esforço dirigido pela CIA para construir uma insurgência na Ucrânia começou em 2015 e que os grupos que treinou (e continua a treinar) incluem aqueles com conexões neo-nazistas abertas, parece que esta “insurgência ucraniana vindoura, ” como tem sido chamado recentemente, já está aqui. Nesse contexto, ficamos com a possibilidade enervante de que esta última escalada do conflito Ucrânia-Rússia tenha servido apenas como ato de abertura para a mais nova iteração da aparentemente interminável “Guerra ao Terror”.

A MORTE DA UCRÂNIA POR PROCURAÇÃO – Chris Hedges

Washington DC — (Scheerpost) — Há muitas maneiras de um estado projetar poder e enfraquecer os adversários, mas as guerras por procuração são uma das mais cínicas. As guerras por procuração devoram os países que pretendem defender. Eles atraem nações ou insurgentes para lutar por objetivos geopolíticos que, em última análise, não são de seu interesse. 

Chris Hedges* | Mint Press News | # Traduzido em português do Brasil

A guerra na Ucrânia tem pouco a ver com a liberdade ucraniana e muito a ver com a degradação das forças armadas russas e o enfraquecimento do poder de Vladimir Putin. E quando a Ucrânia estiver prestes a ser derrotada, ou a guerra chegar a um impasse, a Ucrânia será sacrificada como muitos outros estados, no que um dos membros fundadores da CIA, Miles Copeland Jr., chamou de “Jogo das Nações   e “a amoralidade da política de poder”.

Cobri guerras por procuração em minhas duas décadas como correspondente estrangeiro, inclusive na América Central, onde os EUA armaram os regimes militares de El Salvador e Guatemala e os insurgentes do Contra  tentando  derrubar o governo sandinista na Nicarágua. Comentei sobre a insurgência no Punjab, uma guerra por procuração fomentada pelo Paquistão. Cobri os curdos no norte do Iraque, apoiado e depois traído mais de uma vez pelo Irã e Washington. Durante meu tempo no Oriente Médio, o Iraque forneceu armas e apoio ao Mujahedeen-e-Khalq (MEK) para desestabilizar o Irã. Belgrado, quando eu estava na ex-Iugoslávia, pensava que ao armar os sérvios bósnios e croatas, poderia absorver a Bósnia e partes da Croácia em uma grande Sérvia.

As guerras por procuração são notoriamente difíceis de controlar, especialmente quando as aspirações daqueles que lutam e daqueles que enviam as armas divergem. Eles também têm o péssimo hábito de atrair patrocinadores de guerras por procuração, como aconteceu com os EUA no Vietnã e Israel no Líbano, diretamente para o conflito. Os exércitos substitutos recebem armamento com pouca responsabilidade, quantidades significativas das quais acabam no mercado negro ou nas mãos de senhores da guerra ou terroristas. A CBS News  informou  no ano passado que cerca de 30% das armas enviadas à Ucrânia chegam às linhas de frente, um relatório que optou por  retirar parcialmente  sob forte pressão de Kiev e Washington. O desvio generalizado de equipamentos militares e médicos doados para o mercado negro na Ucrânia também foi  documentado pela jornalista norte-americana  Lindsey Snell . Armas em zonas de guerra são mercadorias lucrativas. Sempre havia grandes quantidades à venda nas guerras que cobri.

Senhores da guerra, gângsteres e bandidos – a Ucrânia há muito é  considerada  um dos países mais corruptos da Europa – são transformados por estados patrocinadores em heróicos combatentes da liberdade. O apoio aos que lutam nessas guerras por procuração é uma celebração de nossa suposta virtude nacional, especialmente sedutora após duas décadas de fiascos militares no Oriente Médio. Joe Biden, com  números desanimadores  nas pesquisas, pretende concorrer a um segundo mandato como presidente de “tempo de guerra” que se posiciona ao lado da Ucrânia, para a qual os EUA já  comprometeram  US$ 113 bilhões em assistência militar, econômica e humanitária.

Eleições na Turquia: Erdogan à frente, mas tem de enfrentar segunda volta

Oposição admite contestar resultados

Atual presidente consegue, ainda assim, melhor resultado do que as sondagens previam

O presidente da Turquia, o islamista Recep Tayyip Erdogan, perdeu a maioria absoluta necessária para evitar uma segunda volta nas eleições presidenciais, quando estão contabilizados 99% dos votos do escrutínio realizado este domingo.

Com 99% dos votos contabilizados, o presidente do Supremo Conselho Eleitoral (YSK, na sigla em inglês) atribuiu a Erdogan, que está há duas décadas no poder, 49,4% dos votos, ao passo que o candidato da oposição, o social-democrata Kemal Kiliçdaroglu, terá recolhido 44,96%, noticia a Reuters.

Um terceiro candidato, o nacionalista Sinan Ogan, obteve 5,2% dos votos.

Durante a contagem dos boletins de voto, o partido de Kiliçdaroglu, o CHP (Partido Republicano do Povo), acusou a agência Anatólia de não dar informação fiável e o AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) de Erdogan de ter bloqueado a contagem, impugnando as atas nas zonas onde a oposição é mais forte.

Por isso, o próprio candidato da oposição pediu aos apoiantes e aos voluntários que participam no escrutínio para "não abandonarem os seus postos", para garantir que a contagem é corretamente feita.

Um dirigente do Partido Republicano do Povo (CHP) referiu, em declarações à Lusa, que o CHP apenas confia no seu sistema de contagem de votos e admitiu contestar os resultados das presidenciais turcas junto do Conselho supremo eleitoral.

"Os resultados ainda não são claros. É cedo para dizer algo, mas depende do nosso sistema de contagem de votos. Não confiamos na agência Anadolu [agência estatal controlada pelo Governo] ou outras", referiu Oguz Kaan Salici, vice-presidente do Partido Republicano do Povo e apontado como o provável sucessor do atual líder e candidato presidencial, Kemal Kiliçdaroglu.

O presidente da câmara de Ancara, o social-democrata Mansur Yavas, afirmou que, quando se incluísse a contagem total das grandes cidades, o candidato da oposição teria a maioria absoluta para ganhar as presidenciais já nesta primeira volta.

DIA DA EUROPA: O DIA DO PERPÉTUO ESQUECIMENTO!

Hugo Dionísio [*]

Esquecer é um erro, apagar a memória é um erro ainda maior. Todos sofreremos com isso. Mas não podemos condenar esta Europa por tomar uma decisão, que está em profunda consonância com o seu íntimo ser. Um perfeito vazio de ideias, valores, de existência. Tal como a celebração escolhida, esta Europa representa a mais superficial das superficialidades.

Daí que a mudança, pela autocracia de Bruxelas, do 8 de maio “Dia da Vitória” para “Dia da Europa” coincida, precisamente, com um período histórico em que nada há a celebrar relativamente à Europa. Muito pelo contrário. Se o Dia da Vitória celebra, de alguma forma, as forças do bem sobre o mal… Não me ocorre nada de bom que justifique celebração nos tempos que correm. Daí que a mudança faça todo o sentido! Constitui um retrato trágico da nossa existência actual.

A mudança de nome é tão acertada que corre o risco de simbolizar, em si, toda a desgraça por que estamos a passar, em especial, no que se designa por ocidente colectivo. Afinal, tudo o que significa a Europa de hoje, conspurca inexoravelmente toda a carga simbólica e ideológica representadas no Dia da Vitória. Nem por mais um dia, esta Europa, poderia celebrar o dia da Vitória. Não seria acertado. Para nossa imensa desgraça e tragédia, nada do que se tornou o ocidente colectivo se encontra representado no dia da Vitória.

O Dia da Vitória representa, primeiro que tudo, a luta contra o nazi-fascismo. Uma luta que os apoiantes, financiadores e instigadores, mais ou menos ocultos, do nazismo e do fascismo pressupunham não ser possível de ser ganha, em especial pela URSS. A URSS tratava-se do país, que por excelência, não poderia viver lado a lado com a ameaça fascista. Daí a URSS constituir o tão desejado prémio da ofensiva nazi-fascista. Como prova a história ocidental, principalmente nas colónias, praticar o fascismo e a tirania não era algo com que o bloco imperialista anglo-saxónico, francês, português, belga ou espanhol, não pudesse conviver. Perguntem aos povos colonizados como foram – e são – tão “bem” tratados pelas potências ocidentais e eles dir-vos-ão o que significa o “Dia da Europa”.

Ora, a esta luz, e descontando a hipocrisia do pseudo antifascismo caviar, poderá a Europa actual rever-se numa vitória antifascista? Jamais. Como disse Marx, “a história repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa”. Edmund Burke disse também que “um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”. Se não honrar o Dia da Vitória, deturpar a sua memória e significado profundos, implica o esquecimento da história, o apoio da UE ao regime brutal de Zelinsky representa a farsa – a tragédia foi nos anos 30 – e a repetição da história.

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