Artur Queiroz*, Luanda
Na minha juventude fez furor, uma canção com este refrão: O curioso é que estes tipos distraídos estão convencidos que são muito divertidos. Contínua actual. Organizações Não-Governamentais (ONG) angolanas exigiram que o MPLA manifeste a sua posição “sobre o que se está a passar no Tribunal Supremo de Angola". Os distraídos são OMUNGA, Friends of Angola (FOA), Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) e Mãos Livres (ML).
Eu sou a distracção em pessoa e nada divertido mas informo esses tipos distraídos que nas democracias representativas a separação de poderes é uma marca distintiva. No dia em que o Poder Político se intrometa no Poder Judicial, Angola fica no bolso do estado terrorista mais perigoso do mundo. Por enquanto só temos que aturar os seus serventes nas ONG com uma agenda secreta ao serviço dos donos.
O curioso é que estes tipos distraídos estão convencidos que são muito divertidos. Numa típica posição de classe, quem vive nas bordas do Orçamento-Geral do Estado aplaude entusiasticamente o aumento do preço da gasolina na ordem dos 100 por cento. O dobro, para já. Um tal Bicudo, a quem João Lourenço entregou as privatizações, deu este argumento: “Não fazia sentido o Estado subsidiar quem anda de Lexus!”
Este tipo distraído está convencido que é muito divertido. O condutor do Lexus paga mais taxas e impostos. É aí que se faz justiça. Pelos vistos é justo um camarada que faz processo com o seu Toyota rabo de pato pagar pelo litro de gasolina o mesmo que paga o Bicudo ou um qualquer deputado. É a justiça dos comilões que nem sobras deixam. Mas são muito divertidos.
A República Popular da China estava a despertar e espreguiçava-se na Zona Económica Especial de Shenzhen, ponto de partida para a política Um Estado (comunista) Dois Sistemas (socialista e capitalista). Fui ver como era. Parti de Guangzhou até Pequim (mais de 2.000 quilómetros) por terra, pernoitando em vilas e aldeias, para tirar a temperatura à China profunda. Foi aí que vi três porcos a andar de bicicleta, um amarrado no guiador, outro no quadro e o terceiro numa plataforma por trás do selim. Comi toneladas de melancia e numa cidadezinha cujo nome esqueci, vi uma menina com vestido cor-de-rosa, trancinhas, tocar piano no “hall” do hotel. Interpretava Sergei Rachmaninoff.
Na capital da República Popular da China fui assessorado por um antigo colega de faculdade em Paris. Levou-me à ópera, ensinou-me o vocabulário básico para me fazer entender nos bares e por fim deu-me a lição magistral: “Aqui o poder está nas mãos da Comissão Militar Central. O resto é paisagem. Uma espécie de ópera chinesa onde todos são actores de primeira, representando os papéis que o Partido Comunista lhes destina. Mas poder, poder de verdade, é a Comissão Militar Central.