terça-feira, 4 de julho de 2023

O MOMENTO 3 HORAS DA MADRUGADA DE BIDEN NA UCRÂNIA – Scott Ritter

Em junho, Biden foi confrontado com o derradeiro momento do "telefonema das 3 da manhã". Ele poderia ter feito um apelo que teria ajudado a reduzir a ameaça de uma crise nuclear ou pior.

Scott Ritter* | Especial para Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Durante as primárias democratas de 2008, Hillary Clinton veiculou um anúncio que buscava diminuir seu rival para a indicação presidencial democrata, Barack Obama, aos olhos dos eleitores.

Com base na falta de experiência de Obama em assuntos de segurança nacional, e qual seria o custo potencial se Obama vacilasse em um momento crítico, o anúncio de Clinton procurou tornar a questão pessoal, estabelecendo um cenário que poderia ser qualquer casa nos subúrbios americanos à noite.

"São 3h da manhã e seus filhos estão seguros e dormindo, mas há um telefone na Casa Branca e ele está tocando. Alguma coisa está acontecendo no mundo." O ouvinte foi então desafiado a decidir quem era melhor para atender ao chamado, concluindo que a melhor escolha seria alguém já "testado e pronto para liderar em um mundo perigoso".

São 3h da manhã, o narrador pergunta: "Quem você quer que atenda o telefone?"

Os eleitores escolheram Obama em vez de Clinton.

Mas isso não impediu que o campo de Clinton revivesse o tema "3h da manhã, é um mundo perigoso" em um anúncio veiculado oito anos depois, quando Hillary enfrentou Donald Trump pela presidência.

"O mundo é um lugar perigoso", diz um narrador, enquanto os espectadores são brindados com uma imagem da Casa Branca às 3h. "A qualquer hora, nosso presidente pode ser chamado a agir com calma, determinação, inteligência."

Um ator que interpreta Donald Trump está sentado por perto, empolgado em seu Twitter.

"Alguém vai pegar o maldito telefone?", grita o personagem de Trump. "Que chato. Quem está me ligando às 3h da manhã? Perdedor total."

Clinton também perdeu essa corrida.

PARIS ARDE E A CENSURA COMANDA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A doce França está amargamente violenta. Paris já arde tumultuosamente nos bairros dos ricaços. Tudo se resume a esta fórmula: 719 um mais uma. A noite passada a polícia prendeu 719 manifestantes, um político foi atacado no lar, fugiu desordenadamente e Macron adiou uma viagem de sonho a Berlim onde ia tratar do negócio milionário que é a guerra na Ucrânia. Duvidam? Só a União Europeia já despachou 70 mil milhões de euros para os nazis de Kiev. Mais a remessa de libras do Reino Unido e dólares do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Imaginem o número de bilionários nascidos desde Fevereiro de 2022!

A França mobilizou 50 mil polícias, fora os ameaços, para enfrentar os miúdos que protestam nas ruas. Se em Angola o ministro Laborinho mobilizasse sete mil para enfrentar os sicários da UNITA que se escondem atrás das ONG em fúria, até o Guterres protestava. Se no golpe de 17 de Junho a polícia tivesse detido metade de manifestantes que esta noite as forças de segurança francesas prenderam, reunia de emergência o Conselho de Segurança da ONU. Se depois da passeata do senhor Perigozinho o Presidente Putin adiasse uma ida ao espectácuio de ballet no Bolshoi, tínhamos os Media do ocidente alargado a falar de golpe de estado.

É verdade. Estou a falar de censura. O Presidente Ramaphosa discursou na cimeira de Paris sobre o Clima e disse educadamente ao anfitrião, o senhor Macron, que existia a promessa de disponibilizar 100 mil milhões de euros a África, para infra-estruturas. Até agora nem um cêntimo. Ninguém deu a notícia. Censura férrea. Mas pelas palavras do Chefe de Estado sul-africano soubemos que o problema foi levantado pelo Presidente Denis Sassou-Nguesso, nosso vizinho do Norte. Disse na cara da potência colonial que a França e a União Europeia são enganadoras. Prometem tudo e não cumprem. Só são fiáveis a roubar África e os africanos.

Censura também é manipular. Um exemplo. A nazi belicista que preside à Comissão Europeia anunciou, empolgada, que ia mandar mais 50 mil milhões de euros para a Ucrânia. Como se fosse a dona do bocado. Quando os estados-membros reuniram, o primeiro-ministro da Hungria, Victor Orbán, bloqueou o negócio da Úrsula von der Leyen. Argumento do político húngaro: - Já enviámos 70 mil milhões para a Ucrânia. Só vai mais dinheiro quando Kiev apresentar contas. Queremos saber em que gastaram tanto dinheiro. 

Sabem como foi dada a notícia nos Media do ocidente alargado? O político de extrema-direita húngaro, Victor Orbán, bloqueou o reforço de 50 mil milhões de euros à Ucrânia porque é aliado de Putin! Censura pura e dura nas vestes de manipulação acéfala. A Ucrânia é governada por políticos de extrema-direita. A Polónia nem se fala. A Comissão Europeia aplicou-lhe uma multa diária de milhões de euros, porque os nazis de serviço puseram os Tribunais sob as ordens do poder político. A Suécia, antigo paraíso da social-democracia, é governada por políticos de extrema-direita. O mesmo se passa com a Estónia, Letónia e Lituânia. Roménia igualmente. E não são aliados de Putin, pelo contrário. 

Jornalismo a sério é procurar as contas e revelar ao ocidente alargado como os nazis de Kiev gastaram o dinheiro. Jornalismo profissional é obrigar a Comissão Europeia a informar detalhadamente o porquê de despachar 120 mil milhões de euros para a Ucrânia se o país está destruído e metade da população fugiu. O negócio desta guerra é tão asqueroso que os ricaços até já fizeram uma cimeira para angariar fundos destinados à “reconstrução” da Ucrânia. Proposta em cima da mesa: Roubar os fundos soberanos russos ou as fortunas de cidadãos da Federação Russa depositados na banca do ocidente alargado. Querem festa.

As comissões de censura dos colonialistas e fascistas foram instaladas nos Media! Os censores funcionam nas Redacções. Os jornalistas foram escorraçados e no seu lugar estão moças e moços de recados. Tenho pena das e dos jornalistas que sobraram desse holocausto. Imagino o que é viver cercado de criadagem dos donos, atenta, veneranda e obrigada. Tudo a troco de um pratito de comida requentada. Uma tragédia. 

A CNN transformou-se no modelo de censura multinacional. Se é verdade que Angola tentou entrar no matadouro, nem imaginam como lamento. Passei mais de metade da minha vida a estudar o fabuloso Jornalismo Angolano desde o Século XIX ao dealbar da Imprensa Industrial, quando a notícia triunfou como mercadoria e os jornalistas passaram a assalariados.

Para o caso de termos alguém distraído na tutela informo que quem domina os Media tem o poder total. Chamar a CNN para Angola é entregar o ouro ao bandido que é o estado terrorista mais perigoso do mundo. Comunicar melhor não é censura. Comunicar não é conversa fiada. Tenho uma má notícia. Comunicar é coisa de técnicos, não de acomodados, protegidos e outros equivocados. Não há fórmulas. Cada momento exige uma resposta diferente. É preciso ler o acontecimento antes de acontecer e encontrar a resposta eficaz. A solução de hoje pode não funcionar para o mesmo problema amanhã. Há mil situações, mil soluções, mil intervenções que só técnicos conhecem.

Um exemplo. Em 1974, o MPLA tinha a hostilidade de todos os Media. Os jornais e revistas eram dos ricaços que defendiam a independência branca. Os Media públicos estavam alinhados na mesma onda. Uma minoria conseguiu controlar a direcção de informação e a redacção da Emissora Oficial de Angola. Uns dez por cento da mão-de-obra. O mesmo aconteceu na Voz de Angola, mas com menos profissionais. A minha homenagem a Manuel Berenguel, Artur Arriscado, Fernando Neves, José ZAN Andrade, Jofre Neto e aos miúdos do Kudbanguela que começaram a trabalhar connosco. Constituíam as equipas dos programas Contacto Popular e Voz Livre do Povo. 

A minoria sabia comunicar. Sabia como amplificar as mensagens do MPLA. Soube derrotar os gigantes da comunicação social. A minha homenagem ao comandante Garrido Borges e ao capitão Alcântara de Melo (militares dos MFA), à Concha de Mascarenhas, ao Mais Velho Rúbio (era ainda mais chato do que eu…) ao Horácio da Fonseca e aos grandes chefes: Manuel Rodrigues Vaz e António Cardoso. Eu era uma espécie de subchefe da família. Tenho a meu crédito a paridade de género numa época em que não existiam noticiaristas na Rádio! 

Novas tecnologias valem mesmo. Mas é preciso saber usá-las. O pessoal da TPA não sabe. Apostem na Rádio Nacional. Vale mesmo a pena. E na Empresa Edições Novembro. Dá grande retorno. Por favor, acabem com os acomodados e os protegidos na comunicação social. Esse sector só dá mesmo para técnicos altamente qualificados. Ninguém põe uns oportunistas enfatuados a fazer cirurgias cardiotorácicas. Por falar nisso. Hoje a TPA Notícias está em baixo! Será que a EDEL lhe cortou a luz ou as novas tecnologias atrapalham? Kavanza!

*Jornalista

Angola | SÁBADO COM SOL E TRISTEZA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Aos sábados há sempre sol mesmo quando o cacimbo desce lentamente das alturas do Pingano e aterra na Capopa. Não se via um palmo à frente do nariz. Mas Tata Tuma sempre dizia: Não há sábado sem sol nem domingo sem missa na aldeia da missão. Lá onde o guarda-fiscal tinha uma corrente de ferro que ia de um ao outro lado da picada para ninguém passar com os sacos de café sem pagar portagem.

O cacimbo levantava ao início da tarde e lá vinha o sol pletórico de claridade. Tenho saudades desses sábados, com mergulhos nas águas do Kanuangu onde havia caranguejos e camarões como se fosse o mar. O assustador mar que exercia grande fascínio no Rui de Matos (filho dilecto do grande Chico Matos, rei dos Coqueiros), o nosso poeta de maios e artista de todas as artes, também conhecido pelo Ideias  Gerais.

Os sábados no Bairro Operário eram de cachupa no quintal do Belini e do Dideus. Depois mornas e koladeras de crucutir. Cesária da boca grande e nariz de clarinete! Ó teresinha dinheiro de Angola já acabou… Esta está muito actual. Quem trata da moeda ainda não leu o último livro (está em PDF se quiserem eu mando!) de José Cerqueira onde ele explica como se resolve o problema do dólar falso e fugitivo.

O regime democrático “organizou o esquecimento” da violência colonial portuguesa

MIGUEL CARDINA entrevistado por João Biscaia para o Setenta e Quatro

O historiador crê ser necessária uma reflexão sobre a descolonização do espaço e dos discursos públicos para se combater os resultados perniciosos de um lusotropicalismo hegemónico que se vem reconfigurando há décadas.

Pouco depois da aprovação e promulgação da atual carta constitucional portuguesa, a 2 de abril de 1976, chegou às livrarias o tomo Massacres na guerra colonial — Tete, um exemplo. Escrito pelo jornalista José Amaro Dionísio e publicado pela editora Ulmeiro, o livro reuniu documentos secretos, à altura inéditos, sobre uma operação militar portuguesa na zona de Tete, em Moçambique, a 16 de dezembro de 1972.

Em suposta retaliação a um ataque contra um avião civil dos Transportes Aéreos de Tete, a tropa portuguesa bombardeou as aldeias de Wiriyamu e Juwau. De seguida, lê-se no livro, avançaram sobre as aldeias “4 grupos da 6.ª companhia de Comandos, grupos especiais de pára-quedistas, de pistoleiros profissionais e de agentes da PIDE/DGS” que se entregaram a uma “fúnebre orgia de matança”. Pelo menos 358 pessoas foram massacradas nessa “Operação Marosca”, hoje conhecida como o Massacre de Wiriyamu.

O livro depressa vendeu mais de dez mil exemplares. O Estado-Maior-General das Forças Armadas, encabeçado pelo General Ramalho Eanes, decidiu levar José Amaro Dionísio e José Antunes Ribeiro, editor da Ulmeiro, a tribunal pela divulgação de documentos secretos e por atentarem contra as forças armadas portuguesas. Nunca houve julgamento e ambos acabaram amnistiados, em 1983, quando o papa João Paulo II visitou Portugal.

Para o historiador Miguel Cardina, este é um dos principais exemplos de como “houve processos de organização do esquecimento da guerra”, findo o processo revolucionário. Um entre muitos outros descritos num livro que pretende traçar uma “história da memória” da guerra colonial e da hegemonia que o “feitiço imperial” tem sobre a sociedade portuguesa.

Investigador do colonialismo português tardio e das dinâmicas entre a História e a memória, Cardina considera que houve a coordenação de um silêncio em relação à Guerra Colonial, e aos seus massacres, que serviu para manter a ideia de que o colonialismo português foi brando e civilizador, secundarizando a violência da dominação portuguesa em África, sobretudo.

Desenterrar esse passado intencionalmente esquecido é, para o autor do livro O atrito da memória — Colonialismo, guerra e descolonização no Portugal contemporâneo, uma maneira de “reparar o nosso passado de desigualdades”, para combater “a manutenção dos efeitos claros de uma sociedade racista” e de uma persistente “afasia colonial” que ainda carregamos.

Angola | ARRANJADORES E ESTRAGADORES – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Sempre fui um grande estragador mas quando minha Mãe protestava logo demonstrava ser também um grande arranjador. Um dia desmontei, peça a peça, a máquina “hipólito” que trabalhava a pitrol. O arroz na fogueira de lenha demorava três horas a cozinhar. Na “primus” meia hora e já está. Deixou de funcionar, desmontei-a toda, desentupi o canal do combustível, arranjei o “espalhador” das chamas e ficou como nova. Ganhei o estatuto de engenheiro das obras feitas. Grande arranjador.

Sendo um especialista, estou muito atento a arranjadores e estragadores. São mais do que as dívidas dos pobres. Um dia destes apareceu um sujeito com ar de sábio anunciando que em Malange estão a arrancar tudo quanto é pé de liamba. O homem falava em plantações. Esta mania de imitarem os brancos burros tem que acabar. Na Europa é que arrasam as plantações do produto. Tempo perdido, porque a erva que sai desses arbustos nem para chá serve. No fundo estão a promover o negócio das drogas de altíssimas cavalarias.

Não percam tempo a arrancar os pés de liamba porque o arbusto é espontâneo e nasce por tudo quanto é sítio, até em cima dos morros de salalé. Entre Malange, Cuanza Norte e a fronteira de Maquela é negro e parece cola. Duas baforadas e o consumidor fica com os pés no ar, bem-disposto e a ver estrelas no céu mesmo de dia. Um charro de média dimensão dá grandes poemas e especulações filosóficas que deixam Protágoras a milhas. O boi do Cuando Cubango é clarinho, mais sólido e meio charro atira-nos para o paraíso sem passar pelo bordel da Dona Mariazinha. Tudo espontâneo. Isso de plantações é conversa de estragadores.

O senhor ministro de Estado para a Coordenação Económica foi apresentado pelo Titular do Poder Executivo como o homem certo para o lugar certo. Hoje teve uma intervenção na TPA que me convenceu. Grande arranjador! O Dr. Massano avisou os estragadores. Não é viável um Estado que importa coxas de frango ao preço de 20 milhões de dólares por mês. O Estado gasta mais 20 milhões de dólares para pagar o açúcar. E 20 milhões de dólares mensais para comprar  óleo alimentar.

O meu amigo Maciel (regente agrícola) fez uma fazenda em Quilengues, da Algodoeira Agrícola de Angola, que produzia para o mercado angolano. Grandes plantações de girassol e algodão. A refinaria era na Catumbela. Hoje a fábrica está desmantelada e a fazenda foi engolida pela voracidade da mata. Esses arranjadores abasteciam o mercado angolano de óleo alimentar e ainda sobrava muito produto para exportar. Os estragadores entraram em acção e foi tudo à vida.

Pedido da Polónia para sediar armas nucleares dos EUA é espetáculo eleitoral

O pedido da Polónia para sediar armas nucleares dos EUA é o mais recente espetáculo eleitoral do partido no poder

O PiS está apostando que dar aos EUA uma vantagem estratégica contra a Rússia por meio do acolhimento de suas armas nucleares poderia fazer com que sua elite liberal-globalista governante as considerasse valiosas o suficiente para não substituir seus aliados ideológicos na oposição como punição por restringir o aborto e não glorificar LGBT.

Andrew Korybko* | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, está explorando a decisão da Rússia de armazenar armas nucleares táticas em Belarus como pretexto para solicitar que seu país hospede armas semelhantes dos EUA, assim como alguns membros da Otan já fazem. Não há necessidade legítima de os EUA concordarem com isso, uma vez que sua atual postura de força nuclear nesta parte do mundo é suficiente para garantir seus interesses. Além disso, o Artigo 5 da Otan obriga os EUA a defender a Polônia no caso rebuscado de que ela seja atacada pela Rússia.

A única razão pela qual a Polônia quer hospedar armas nucleares dos EUA é porque sua liderança quer sinalizar a confiabilidade de seu país como um aliado americano, o que é previsto para promover seus interesses de várias maneiras. Em primeiro lugar, o prestígio associado a isso serve para mostrar sua ascensão como potência regional, o que, em segundo lugar, serve para fortalecer o argumento de que eles supostamente merecem ter sua própria "esfera de influência" na Europa Central e Oriental (CEE).

Com base nessa motivação, o terceiro objetivo é reforçar a percepção nesta parte da Europa de que a Polônia é mais capaz de garantir a segurança desses países junto com os EUA do que a Alemanha, com quem está competindo ferozmente por influência. Em quarto lugar, ao simplesmente falar sobre a hospedagem de armas nucleares nos EUA, o partido governista "Lei e Justiça" (PiS) espera manter o apoio de sua base conservadora antes das eleições do outono, em meio a preocupações de que alguns possam desertar para terceiros para protestar contra suas políticas.

A maioria dos poloneses adora os Estados Unidos, então o PiS espera que flertar com a ideia de hospedar armas nucleares dos EUA possa fazer com que sua base os perdoe por abraçar fronteiras abertas com a Ucrânia e mudar escandalosamente a demografia amplamente homogênea de seu país no pós-guerra como resultado. Sobre o tema da estratégia de reeleição do partido no poder, a quinta razão pela qual eles querem essas armas em seu território é porque acham que isso fará com que os liberais-globalistas no poder nos EUA reduzam sua campanha de pressão contra eles.

A NATO ATACA A UNIÃO EUROPEIA

Manlio Dinucci*

Segundo o Wall Street Journal, a recessão que acaba de começar na União Europeia foi provocada pela sabotagem dos gasodutos Nord Stream. Sendo isto imputável à Aliança Atlântica, deve-se concluir que a OTAN declarou guerra à União Europeia tal como preconizava o straussiano Paul Wolfowitz, em 1991.

«Uma equipa de sabotadores usou a Polónia como base operacional para fazer explodir os gasodutos Nord Stream que transportavam gás da Rússia para a Alemanha através do Mar Báltico » : foi o que apurou uma investigação oficial alemã, divulgada pelo The Wall Street Journal. Os investigadores alemães refizeram a rota no Mar Báltico do iate Andromeda, proveniente da Polónia, a bordo do qual eles encontraram vestígios de HMX, um explosivo militar para a demolição de infraestruturas submarinas. Assim se acrescenta um novo capítulo explosivo à investigação do jornalista norte-americano Seymour Hersh Comment l’Amérique a démoli la gazoduc Nord Stream (Como a América demoliu o gasoduto Nord Stream-ndT). Tudo está agora provado. Em Dezembro de 2021, uma força-tarefa - composta por oficiais da CIA, do Estado-Maior e do Departamento de Estado - é convocada à Casa Branca com a missão de sabotar o Nord Stream. Em Junho de 2022, durante o exercício da OTAN “Baltops”, barcos de patrulha norte-americanos e noruegueses, operando a partir do iate Andromeda, enviado da Polónia, colocaram as cargas de profundidade. Três meses depois, em 26 de Setembro de 2022, um avião P8 da Marinha norueguesa lançou uma bóia de sonar, cujo sinal detonou as cargas.

O Wall Street Journal definiu-o como « um dos maiores actos de sabotagem na Europa desde a Segunda Guerra Mundial ». É um acto de guerra levado a cabo por três membros da Aliança Atlântica — Estados Unidos, Noruega e Polónia — contra a Alemanha, membro da OTAN, para impedir a União Europeia de importar gás russo a baixo custo. O Secretário de Estado, Anthony Blinken, qualificou o bloqueio do Nord Stream como « oportunidade extraordinária para eliminar de uma vez por todas a dependência da Europa da energia russa, uma enorme oportunidade estratégica para os anos vindouros » e sublinhou que « os Estados Unidos se tornaram o principal fornecedor de gás natural liquefeito à Europa ». GNL, evidentemente, muito mais caro que o gás russo. Agora, chegam à conquista do mercado energético europeu a Exxon, Chevron e outras companhias EUA que « registaram lucros recordes graças à subida dos preços do petróleo ». Devido ao preço crescente da energia —escreve o Wall Street Journal— «a Eurozona desliza para a recessão, porque a inflação faz cair o consumo, e a Europa está bloqueada pelo equivalente económico de um longo Covid ».

Nesta União Europeia começou « o maior destacamento de Forças Aéreas na história da NATO » com o exercício Air Defender que se desenrola na Alemanha sob comando dos EUA.

Breve resumo da revista de imprensa internacional Grandangolo de 16 de Junho, Sexta-Feira, às 20h30, na televisão italiana Byoblu.

Manlio Dinucci* | Voltairenet.org | Tradução Alva

‘ Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016; Guerra nucleare. Il giorno prima. Da Hiroshima a oggi: chi e come ci porta alla catastrofe, Zambon 2017; Diario di guerra. Escalation verso la catastrofe (2016 - 2018), Asterios Editores 2018.

Soldados de elite do Reino Unido assassinaram 80 civis afegãos entre 2010 e 2013

Os soldados do SAS teriam recebido ordens para eliminar "todos os homens em idade de combate, independentemente da ameaça que representavam" durante incursões domiciliares na província de Helmand

The Cradle | # Traduzido em português do Brasil

Soldados britânicos de elite executaram sumariamente 80 civis afegãos durante incursões realizadas no país entre 2010 e 2013, disseram advogados que representam as famílias das vítimas a um inquérito público no Reino Unido, noticiou o jornal britânico The Guardian em 3 de junho.

Acredita-se que um dos soldados do Serviço Aéreo Especial (SAS) tenha "matado pessoalmente" 35 afegãos como parte de uma suposta política para acabar com "todos os homens em idade de combate (...) independentemente da ameaça que representavam" durante as incursões domiciliares.

Com base em revelações anteriores do Ministério da Defesa no tribunal, as novas alegações são citadas em um documento enviado pelo escritório de advocacia Leigh Day a um novo inquérito público sobre alegações de crimes de guerra cometidos por soldados do SAS no Afeganistão.

O escritório de advocacia argumenta que houve "pelo menos 30 incidentes suspeitos que resultaram na morte de mais de 80 indivíduos" entre 2010 e 2013, mas até agora não houve uma investigação pública independente sobre o que aconteceu.

Soldados de elite do SAS realizavam regularmente incursões noturnas em complexos familiares em busca de combatentes do Talibã durante as operações militares de Londres na província de Helmand, que terminaram em 2014.

Esses ataques incluíram a execução de civis afegãos e o plantio de armas ao lado de seus corpos para justificar as mortes.

A BBC obteve relatórios militares detalhados de ataques noturnos do SAS e descobriu um "padrão de relatos surpreendentemente semelhantes de homens afegãos sendo mortos a tiros porque puxaram fuzis AK-47 ou granadas de mão por trás de móveis depois de terem sido detidos".

O assassinato de 54 pessoas em circunstâncias suspeitas por uma única unidade da SAS em Helmand entre 2010 e 2011 provocou alarme entre oficiais superiores, que se preocuparam com uma "política deliberada" de assassinato ilegal.

O inquérito público sobre as mortes deve começar neste outono, liderado pelo juiz do tribunal de apelação Lord Justice Haddon-Cave.

No entanto, o Ministério da Defesa do Reino Unido solicitou que grande parte do inquérito fosse mantido em segredo, sem a presença de membros da imprensa ou do público. Os principais jornais britânicos contestam esse pedido de sigilo.

Em 2014, a polícia militar do Reino Unido lançou uma investigação sobre alegações de mais de 600 crimes cometidos pelas forças britânicas no Afeganistão, incluindo a suposta morte de civis pelo SAS. No entanto, nenhum processo contra soldados resultou.

A Polícia Militar ordenou à chefia das forças especiais do Reino Unido que não apagasse nenhum material retido em seu servidor.

No entanto, "em desafio direto a essa ordem", os funcionários do quartel-general das forças especiais "apagaram permanentemente uma quantidade desconhecida de dados" antes que os investigadores da Polícia Militar pudessem examiná-los.

Investigadores disseram à BBC que foram obstruídos pelos militares britânicos em seus esforços para reunir provas.

De acordo com o The Guardian, isso pode explicar por que não havia evidências suficientes para acusar alguém, especialmente à luz das evidências descobertas pela BBC mostrando "que as forças especiais britânicas executaram detidos e assassinaram pessoas desarmadas a sangue frio no Afeganistão".

Artigos sobre ataque a bomba suja escritos pela imprensa britânica culpando a Rússia

Os campos de extermínio da Ucrânia são o cenário de uma guerra ainda maior, de propaganda, escreve Martin Jay.

Martin Jay* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

John Pilger tinha razão. Os campos de extermínio da Ucrânia são o cenário de uma guerra ainda maior, de propaganda. É extraordinário como muito do que lemos na imprensa do Reino Unido tem origem num gabinete de propaganda financiado pelos EUA em Kiev, tanto que se tornou norma que um evento seja "noticiado" com base no que o Presidente Zelensky apenas diz.

O contraste e a hipocrisia são impressionantes. Vejam-se as divagações de repórteres da CNN de todo o mundo que nos pediram para nos levar pelos acontecimentos da chamada "tentativa de golpe de Estado". Eles estavam baseados nos EUA, em Londres e, claro, na Ucrânia, no caso do obscuro Ben Wedeman. Todos em coro, falando de Putin "no limite" ou olhando "o abismo nos olhos", mas nenhum deles capaz de dizer "de acordo com minhas fontes" ou "de pessoas com quem estou falando na Rússia". Não. Isso seria muito próximo de uma era passada de reportagens que nos deixou há muito tempo. Tudo o que temos agora são bufões acima do peso como o nosso Ben – que, apesar de ser um falante de árabe, era tão pobre no Líbano que conseguiu relatar falsamente a dívida do país como "principalmente estrangeira" – que apenas "relatam" a Rússia através de um prisma ucraniano que provavelmente foi escrito para ele. É assim que a mídia ocidental é ruim. Para ser jornalista nos dias de hoje, você precisa de duas habilidades pungentes. Primeiro, ter uma ótima memória para a narrativa que você tem que replicar. E dois, ter um medo quase mórbido de nuances ou detalhes. Esses repórteres da CNN eram basicamente sem noção e apenas inventaram à medida que avançavam. Eles eram, como a maioria de nós, nada mais do que espectadores, afogados em sua própria intolerância e dogma cego.

Serão esses mesmos moralmente falidos, que nem sequer perderão um batimento cardíaco quando um ataque nuclear for feito a uma central eléctrica na Ucrânia e o atribuírem inteiramente à Rússia? Claro que sim. Logicamente, eles devem seguir com seu traiçoeiro comércio obscuro. Eles têm preparado seus leitores para isso, desde o ataque de Novaya Kakhovka, há poucas semanas, onde teceram no jornalismo de call center avisos de que em breve haveria um ataque a uma usina nuclear pelos russos!

Será que os jornalistas que escreveram esse lixo o fizeram por senso de lealdade ou patriotismo a um ideal ocidental? Ou porque precisavam de atribuir alguns pontos a quem lhes deu a linha? Esses jornalistas serão os únicos que terão sangue nas mãos, no entanto, se Zelensky seguir em frente com o ataque de bandeira falsa, como o presidente ucraniano só faria com a confiança de que a maioria, se não todos, da mídia ocidental o noticiará – falsamente – para fazer parecer que a Rússia foi culpada.

França | REVOLTA CONTRA RACISMO, DISCRIMINAÇÃO E EXCLUSÃO SOCIAL

Sétima noite consecutiva de protestos em França termina com 72 detidos (e uma ameaça de Macron para punir "financeiramente" os manifestantes)

Pelo menos 72 pessoas foram detidas durante a noite desta segunda-feira (4/6) em França, a sétima noite consecutiva de tumultos em França na sequência do homicídio de um jovem de 17 anos, morto a tiro por um polícia num controlo de trânsito, na terça-feira passada.

O número foi avançado esta manhã pelo Ministério do Interior, que tem vindo a acompanhar as consequências da violência nas ruas com relatórios diários. Pela primeira vez em sete noite de protestos, o número de detenções ficou abaixo dos 100 - na noite de domingo, foram registadas 157 detenções, enquanto no sábado foram registadas mais de 700 detenções, e na sexta-feira 1.300.

Esta foi também a terceira noite consecutiva em que 45.000 agentes da polícia estiveram mobilizados em todo o país, num esforço do Governo para conter os tumultos. Ao contrário da noite de domingo, na qual três agentes ficaram feridos na sequência dos protestos, na noite desta segunda-feira não há feridos a registar entre os elementos da polícia.

Mas, de acordo com aquele ministério, foram registados quatro ataques a instalações da polícia, além de centenas de incêndios na via pública que destruíram pelo menos 159 veículos.

Desde a primeira noite de protestos, cerca de 200 estabelecimentos comerciais foram totalmente pilhados e 300 agências bancárias ficaram completamente destruídas, somando danos avaliados em cerca de mil milhões de euros.

Esta terça-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, que tem sido muito criticado pela forma como tem gerido a escalada de violência no país, encontrou-se com um grupo de agentes da polícia, em Paris, para manifestar o seu "apoio" na contenção dos protestos. De acordo com jornal Le Parisien, Macron admitiu punir "financeiramente" as famílias dos menores de idade que têm provocado desacatos nas ruas 

"Seria preciso que à primeira infração conseguíssemos sancionar as famílias financeiramente de forma fácil. Uma espécie de tarifa mínima a ser paga logo à primeira infração cometida", defendeu o presidente francês, citado por aquele jornal, que adianta que o Palácio do Eliseu não anunciou este encontro com os polícias antecipadamente, tal como o fez com a reunião desta terça-feira entre Macron e os mais de 200 autarcas das localidades mais afetadas pelos distúrbios.

Os distúrbios foram desencadeados no passado dia 27 de junho quando um jovem de 17 anos foi alvejado mortalmente por um polícia num posto de controlo de trânsito.

O jovem, que não tinha carta de condução, foi atingido quando tentava evitar o controlo policial em Nanterre, arredores de Paris.

CNN Portugal | Título PG

FRANCESES SÃO CEGOS QUE NÃO QUEREM VER QUE SÃO XENÓFOBOS E RACISTAS

Caso Nahel: França critica acusação da ONU e nega que sua polícia é racista

A França considerou "totalmente infundada" a acusação do Alto Comissariado das Nações Unidas pelos Direitos Humanos, nesta sexta-feira (30), de "discriminação racial dentro da polícia". O órgão da ONU havia se pronunciado após a morte de um adolescente durante uma operação policial nos arredores de Paris.

# Publicado em português do Brasil

A porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani, havia dito que "é hora do país se debruçar seriamente sobre os problemas profundos de racismo e discriminação racial na polícia." 

Ela também frisou que esta não é a primeira vez que as polícias militar e civil francesas recebem críticas por visar, de maneira "desproporcional", algumas minorias. Quase 900 pessoas foram presas nos protestos na noite de quinta-feira (29) para sexta-feira (30/5).

"Qualquer acusação de racismo ou discriminação sistêmicas pela polícia francesa é totalmente infundada", reagiu o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado, poucas horas mais tarde.

"O último exame periódico universal a que fomos submetidos é a prova disso", ressaltou o ministério, acrescentando que "a polícia luta com determinação contra o racismo" e todas as formas de discriminação. "Não há dúvidas em relação a esse compromisso", reitera o texto.

O governo anunciou que mobilizará veículos blindados da polícia militar para conter violência, saques e destruições dos equipamentos públicos após o assassinato do jovem Nahel durante uma blitz, na terça-feira (27/5).

Violência também atinge policiais

Diversas cidades são alvos de tumultos na França desde o drama, e o governo reforçou o dispositivo de segurança para conter os tumultos.

O ministério das Relações Exteriores também explicou que os policiais enfrentam com um grande profissionalismo situações e atos de extrema violência.

"O uso da força pela polícia civil e militar é determinado pelos princípios de absoluta necessidade e proporcionalidade e controla: 249 policiais foram feridos nos últimos dias", lembrou o ministério.

RFI | Com informações da AFP - 30/6/2023 -- Título PG

“Racismo e colonialismo” estão na origem dos tumultos em França -- diz Erdogan

Ancara, 03 jul 2023 (Lusa) – O Presidente da Turquia considerou hoje que o “passado colonial” e o “racismo institucional” em França estão na origem dos tumultos urbanos registados no país e manifestou receio que conduzam “a mais opressão dos muçulmanos e migrantes”.

Em declarações transmitidas pela televisão, após uma reunião do Governo turco, Recep Tayyip Erdogan relacionou a violência observada nos últimos dias em França entre manifestantes e as forças policiais à “mentalidade colonial”, quando na terça-feira se completa uma semana da morte de um adolescente por um polícia, incidente que despoletou protestos em várias cidades do país.

“Sobretudo em países conhecidos pelo seu passado colonial, o racismo cultural converteu-se em racismo institucional. Na raiz dos acontecimentos iniciados em França está a arquitetura social construída por esta mentalidade”, acrescentou Erdogan.

“A maioria dos migrantes sistematicamente oprimidos e condenados a viver em bairros marginais e guetos são muçulmanos”, prosseguiu Erdogan, que se tem apresentado como um defensor dos migrantes muçulmanos na Europa.

Ao comparar a morte de centenas de migrantes no final de junho ao largo das costas gregas, e privados de socorro, ao mediatizado desaparecimento dos “cinco ricos que foram ver o Titanic e morreram”, Erdogan fustigou o que designou de “sinal da mentalidade colonial, arrogante, desumana, baseada na superioridade do homem branco”.

Mais lidas da semana