Artur Queiroz*, Luanda
Um ano depois das eleições os resultados continuam a ser rejeitados pelos perdedores. É normal porque eles odeiam a democracia representativa e na Jamba só votavam quando era preciso decidir se os generais eram degolados pelo assassino Beja ou mortos à paulada pelo Kamy Pena. Se as mulheres eram violadas pelo chefe Savimbi na presença dos maridos ou em grupo, sobretudo as que tinham elevada escolaridade. Ninguém duvide que nas próximas eleições eles vão novamente invocar a fraude e rejeitar os resultados.
Nas últimas, o eleitorado das províncias de Luanda, Cabinda e Zaire deu-lhes a vitória. Mas eles não valorizam esses resultados nem nenhuns. Não querem eleições, ganhem ou percam. O projecto político do Galo Negro e seus aliados é fazerem em Angola toda o que Savimbi, os racistas da África do Sul e os EUA fizeram na Jamba: Um supermercado de drogas e paraíso dos traficantes de diamantes, marfim e madeiras preciosas. Por isso as eleições só atrapalham.
A veneranda presidente do Tribunal Constitucional, Laurinda Prazeres Cardoso, concedeu uma entrevista à TPA que me causou ao mesmo tempo indignação e perplexidade. Serenamente, num tom conciliatório e pedagógico, denunciou actos terroristas gravíssimos desencadeados contra si e a sua família. Recebeu ameaças de morte e insultos soezes em chamadas de voz ou mensagens no telemóvel. E até presenciais! As redes sociais divulgaram enxurradas de insultos e ameaças. Não nomeou os autores. Não responsabilizou os perdedores das eleições por esses actos terroristas. Esses crimes de ódio.
Ouvi estas denúncias com grande perplexidade. Mas sobretudo com indignação. As autoridades competentes tinham o dever de informar a opinião pública destes crimes perpetrados contra a titular de um órgão de soberania. Tinham a obrigação de investigar e abrir imediatamente processos contra os criminosos e instigadores. Era facílimo. Bastava ouvir ver e ler as declarações dos dirigentes da UNITA e seus comparsas na hilariante “coligação” que nasceu morta. Todos cometeram ou instigaram esses crimes. Se os titulares da investigação e acção penal ignoram gravíssimos crimes (públicos!) estão a promover oficialmente a impunidade. Estão a apoiar o vale tudo até tirar olhos na política.
Esta revelação da veneranda presidente do Tribunal Constitucional, um ano depois das eleições, exige imediatamente a abertura de inquéritos judiciais. Os crimes de terrorismo e de ódio não prescrevem. O que prescreve é a incompetência e a negligência. Aliás nem podem ser admitidas na investigação e acção penal e muito menos nos Tribunais.
No audiovisual o tempo mede-se ao
segundo. Porque a atenção gerada pela expectativa tem pouca vida. Na Rádio
atinge o máximo aos 40/50 segundos e depois começa a cair abruptamente. Quem é
profissional sabe que acções deve desencadear para manter os consumidores
sempre com essa atenção