Artur Queiroz*, Luanda
O Corredor do Lobito ameaça a o Presidente João Lourenço. E sobretudo está a batê-lo na realização dos grandes feitos económicos, sociais e financeiros. Angola é auto-suficiente em sal marinho. Os comboios apitam e circulam nos carris. Luída Damião foi promovida a presidente de todas as igrejas e de uma comissão multirreligiosa. O Petro está suspenso virtualmente mas foi ao Songo de Moçambique ganhar um jogo de futebol verdadeiro. Francisca Van-Dúnem veio dar lições de Direitos Humanos. Foi abraçada e perdoada. Mas sem beijo, que isso é agressão sexual. Todos estes prodígios se devem ao Corredor do Lobito.
O Presidente João Lourenço continua em alta, mas está ameaçado pelo corredor que é uma espécie de porco gordinho oferecido à União Europeia e aos EUA. Por cortesia, daqui a 50 anos eles devolvem-nos um chouriço roubado numa loja do Kero. Bons negócios fazem grandes amigos. A popularidade do nosso presidente é suficiente para governar o barco nos próximos quatro anos. Até porque continua a fazer milagres. Os lutadores angolanos venceram o campeonato africano de artes marciais mistas. Graças ao Presidente João Lourenço. A aldeia Muno Waha tem uma escola nova. João Lourenço operou esse milagre.
O basquetebolista Ângelo Vitoriano tem o seu nome no “Hall da Fama” da Federação Internacional de Basquetebol. Um angolano de eleição. Foi homenageado em Luanda e a ministra de Estado Dalva Lingote discursou ao lado da pérola Palmira Barbosa, titular da Juventude e Desportos. Dona Ringote fez uma revelação. Tudo o que acontece no desporto deve-se ao Presidente João Lourenço. Sem dúvida. Graças a sua excelência eu vou correr a maratona nos Jogos Olímpicos de Paris. Mais um milagre do chefe.
Nunca meti a catana em lavra
alheia. Nunca me intrometi na vida dos outros. Mas há momentos que nos levam à
primeira vez. Com a vossa sagrada permissão vou opinar. Não gastem mais elogios
Longe de mim dar palpites de nomes mas Luzia Damião é a pessoa certa para o lugar certo. Porque reproduz fielmente o discurso de João Lourenço e como já estamos habituados ao estilo não estranhamos. Se os eleitores a colocarem no Palácio da Cidade Alta evita-se um cisma nas igrejas.
Hoje ela é uma ameaça aos líderes de todas as confissões religiosas. Sobretudo para Filomeno Vieira Dias (Igreja Católica). Afonso Nunes (Igreja Tocoísta). Gaspar João Domingos (Igreja Metodista) Alberto Segundo (Igreja Universal do Reino de Deus). Leo Nsumbo Bênção (Igreja Evangélica Baptista de Angola). Francisco Sebastião (Igreja Assembleia de Deus Pentecostal). Um perigo!
O ministro Emanuel Carneiro concedeu-me uma entrevista em 1993 e no final continuou a conversa mas sem autorização de publicar. Ele defendeu isto: “Se não acabarmos com a maquineta da economia informal é ela que acaba com Angola”. E explicou porquê. É importante publicar isto! Nem pensar, respondeu-me. Não autorizou. Hoje está claro que a maquineta é uma ameaça. Por isso, tudo o que se faça para minimizar ou acabar com o perigo, merece aplausos. O problema é como se faz.
Combater a zunga está correcto. Mas quando vendedoras e vendedores forem tirados das ruas é preciso ter condições para a sua integração na economia formal. Não chega criar praças e mercados. É necessário adoptar políticas de emprego e apoios sociais. Isso não acontece. Impedir a venda de alimentos com lixeiras ao lado é correcto. Mas a repressão não é solução. É preciso desencadear campanhas de informação e educação para a saúde.
O Governo Provincial de Luanda está a tentar pôr ordem no caótico trânsito da capital. Presumo que as medidas s foram estudadas por especialistas. A imposição de horários nas cargas e descargas é fundamental numa cidade com dez milhões de habitantes. Impedir a circulação dos kupapatas nas principais artérias da capital melhora o trânsito e combate a poluição. Mas antes de pôr essas medidas em marcha é preciso dar aos mototaxistas alternativas de emprego. E os utentes precisam de transportes públicos.
É uma piada de mau gosto prometer a construção do metro de superfície. Isso é obra para vários anos e milhões de luandenses precisam de transportes públicos eficazes já. Nem todos têm a sorte dos sicários da UNITA que recebem grandes carros, senhas de combustíveis e outras mordomias. Nem todos comem nos tachos públicos. Há muita gente que ganha o pão nosso de cada dia trabalhando no duro. Precisa de transportes públicos nas deslocações de casa para o emprego. Não há transportes públicos em quantidade e qualidade. Enquanto este problema não estiver resolvido deixem os kupapatas em paz.
Uma jovem entrou num comboio
O Tio Célito foi ao Canadá. Aquilo começou a cheirar a esturro quando um jovem doutorado em fascismo o invectivou por não demitir o governo socialista e chamar o partido neonazi Chega ao governo. Aquilo viu-se logo que foi combinado. Uma coisa deprimente. Se o homem quer despachar o governo de António Costa que o faça de uma vez e convoque eleições. Tem poderes para isso. Montar cenas daquelas é de tão baixo nível que me dá razão: A criadagem do poder não serve para nada. Não presta para nada. Não vale nada.
Ainda com a ficha no modo partido Chega, Marcelo Rebelo de Sousa foi abordado por emigrantes portuguesas para a fotografia da praxe. No grupo estava uma jovem que ostentava um grande decote. E o presidente da República Portuguesa disse-lhe que tivesse cuidado porque podia constipar-se. O Chefe de Estado português desceu ao nível do revisor da empresa Comboios de Portugal (CP). Afinal João Lourenço é muito bom Presidente.
*Jornalista
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