Artur Queiroz*, Luanda
Os bombardeamentos de Israel à
prisão da Faixa de Gaza causaram em apenas cinco dias 380.000 desalojados.
Comparemos. O município do Namibe tem 295.000 habitantes. Todos sem casa,
cubata ou tugúrio. Sumbe, 280.000 habitantes, todos ao relento. Namibe 293.000
habitantes todos no deserto com as zebras. Portugal, país da União Europeia.
Faro (67.000 habitantes), Vila Real (49.574 e a mesma dimensão da Faixa de
Gaza), Bragança (39.000 habitantes) ou Guarda (
A morte alastrou da Palestina ocupada para Israel ocupante, desde o passado sábado dia 7 de Outubro. Não se iludam. Não mintam. As perdas de vidas humanas de um e outro lado começaram no dia em que nasceu o estado judaico. E vai continuar. Quem conhece bem a região pensa que só há paz e termina a mortandade quando nascer o Estado da Palestina autónomo. Pessoas bem-intencionadas. No seu coração querem que seja assim. Mas nesta altura do campeonato a paz definitiva e duradoura entre palestinos e israelitas já tem poucas possibilidades porque os sionistas estão a exterminar o outro lado.
No tempo em que andava de repórter estive no Líbano, ano de 1982. O massacre de Sabra e Chatila (arredores de Beirute) chamou ao país muitos jornalistas. O sul estava ocupado por Israel. Tropas israelitas, comandadas por Ariel Sharon, foram responsáveis pela tortura e assassinato de 5.000 refugiados palestinos. Cercaram o campo de refugiados, bloquearam as saídas para ninguém fugir e mandaram os “falangistas libaneses”, organização de extrema-direita, fazer a parte suja: Torturar e matar.
Os massacres começaram ao amanhecer de um sábado, dia 16 de Setembro de 1982. Ao meio-dia já os dois campos de refugiados tinham centenas de mortos e mutilados espalhados pelo chão. Os refugiados escondiam-se onde podiam. Veio a noite e Ariel Sharon mandou iluminar os campos de refugiados em Sabra e Chatila para a matança continuar. Um horror. O Tribunal Supremo de Israel considerou Ariel Sharon responsável pelos massacres porque “falhou na proteção aos refugiados”. Esta condenação abriu-lhe o caminho para o cargo de primeiro-ministro do governo de Israel, entre 2001 e 2006. Aprovado como bom matador de palestinos.
No dia 20 de Julho de 1992 fui para o Iraque. A guerra no país estava por um fio. No dia 2 de Agosto começou. Eu vi bombardear Bagdade, Ramadi e Rutbah. Estava lá. O estado terrorista mais perigoso do mundo e seus aliados do ocidente alargado começaram a matar indiscriminadamente no Iraque, que na época era o país mais progressista e mais próspero do Médio Oriente. Um estado socialista cercado de repúblicas islâmicas. Um país onde as mulheres tinham os mesmos direitos dos homens. Onde havia liberdade de culto. Existiam cristãos no governo. Deputadas curdas.
Com os jornalistas Jorge Uribe e
Zurita Reys fui ver a cidade de Bagdade, ao amanhecer da primeira noite de
bombardeamentos com “mísseis cruzeiro”. Morte e destruição. Um bairro moderno
foi destruído à bomba. A velha cidade de Bagdade, habitada por milhões de
pessoas, foi arrasada. O Museu do Homem