quinta-feira, 12 de outubro de 2023

OS BÁRBAROS

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Os palestinianos têm direito a um país. E os israelitas não têm o direito de impor, pela força, a solução de um único Estado. E menos ainda de impor um regime em que os palestinianos são tratados como cidadãos de segunda e encerrados nos “bantustões” da Cisjordânia e de Gaza. Nos atuais territórios de Israel e da Palestina, vigora, na prática, um regime político de “apartheid” (separação racial e discriminação política e económica) semelhante ao que, no século XX, transformou a África do Sul num Estado pária. E prolongar esta situação terá como único efeito a multiplicação da violência e da morte.

Defender uma solução equilibrada e a convivência pacífica entre palestinianos e israelitas não é incompatível com uma condenação inequívoca do terrorismo palestiniano. Bem pelo contrário. A barbárie que testemunhámos nos últimos dias é desumana. Executar civis, violar mulheres, matar crianças, decapitar bebés, raptar centenas de pessoas, incluindo crianças, mulheres e velhos, para as usar como escudo e moeda de troca, é inaceitável e injustificável. Quem não o diz com todas as letras, quem se refugia em conceitos equívocos como o direito à resistência, quem usa argumentos próximos do “olho por olho, dente por dente”, só pode ser descrito de três formas: ou é um bárbaro, ou é um fanático, ou é um ignorante (há quem acumule).

Não há alturas melhores nem piores para opinar ou debater o conflito entre a Palestina e Israel. Mas há momentos absurdos para convocar ou participar em manifestações de solidariedade para com os palestinianos como as que, por estes dias, acontecem em Portugal. Quando, como é o caso, se sucedem a um ataque terrorista, a mensagem que passa é a de que vale tudo. Promover ou participar passa a ser uma forma de dizer que se está confortável com a barbárie, que há desculpa para tamanha selvajaria. Podem fazê-lo, porque vivemos em democracia (algo que os terroristas palestinianos com quem também se estão a solidarizar desprezam e combatem), mas, ao menos que tenham a noção de que a maioria dos cidadãos assistirá a esses exercícios de cinismo com um sentimento de repulsa.

*Diretor-adjunto

Ler em Página Global:

Mentiras de Ben Zion sobre “bebés decapitados” pelo Hamas serviu a muitos e a Biden

Oren Ziv, um repórter israelense que se juntou à visita oficial dos militares a Kfar Aza, comentou no Twitter

“Estou recebendo muitas perguntas sobre os relatos de 'Bebês decapitados pelo Hamas' que foram publicados após a visita da mídia à aldeia. Durante a visita não vimos nenhuma evidência disso, e o porta-voz ou comandantes do exército também não mencionaram nenhum incidente desse tipo.”

Sem comentários:

Mais lidas da semana