Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche Welle
Arrancou em 18.03 uma greve de três dias convocada pela Frente Social dos Sindicatos da Educação e Saúde que exige ao Governo o pagamento de salários. Paralisação afeta escolas e unidades de saúde em todo o país.
Os principais liceus públicos da capital guineense, Bissau, abriram esta segunda-feira (18.03) a meio-gás, com a ausência de vários professores e alunos. Já no Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM), o maior do país, os serviços mínimos são claramente insuficientes para dar resposta aos vários doentes que aguardam em fila de espera. Nos serviços de Pediatria, por exemplo, várias crianças ficaram sem atendimento esta manhã.
"Fomos ao centro de saúde do nosso bairro, não nos atenderam por causa da greve. Agora vamos para a casa", disse à DW uma das várias mães que procuraram tratamento médico no HNSM. "Esta situação não deve acontecer e o nosso Governo deve focar-se nos setores de saúde e educação", advertiu.
Salários em atraso
No setor da educação, a Frente Social dos Sindicatos da Educação e Saúde exige o pagamento de salários e subsídios aos professores, a resolução das irregularidades no cumprimento do Estatuto da Carreira Docente, a melhoria das condições laborais e a atualização do currículo escolar, em conformidade com a realidade guineense.
No setor da saúde, para além do pagamento de salários e subsídios em atraso, a plataforma sindical exige a aprovação da proposta de lei sobre a carreira dos profissionais de saúde, bem como a avalização do Código Deontológico dos Enfermeiros.
Seni Djassi, porta-voz dos grevistas, salienta que não há pontos prioritários e reivindica ao Executivo em Bissau mais abertura para a discussão. "O importante que pedimos ao Governo é no sentido de nos sentarmos à mesa e [o Governo] apresentar a fórmula de execução de cada ponto, porque os pontos não têm a mesma natureza", explicou.
"É preciso que o Governo indique quando é que cada um dos pontos vai ser resolvido. É só disso que precisamos", frisou.
Uma década de disputa entre sindicatos em Governo
O ano letivo de 2014/2015 foi o último período sem sobressaltos na Guiné-Bissau. Desde então, as escolas públicas mergulharam em constantes greves, o que acentuou as desigualdades entre o ensino público e privado, e originou uma debandada de estudantes para as escolas privadas.
Rosália Djejo, presidente da Confederação Nacional das Associações Estudantis da Guiné-Bissau (CONAEGUIB), alerta para os riscos das sucessivas greves.
"Nós estamos a falar de uma onda de paralisações que acaba por penalizar a classe estudantil em muitas vertentes", lamentou. "Temos a questão do não cumprimento dos conteúdos programados e a redução de horas letivas", exemplificou.
A DW procurou as autoridades, porém não obteve destas nenhuma reação.
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