O presidente Vladimir Putin afirmou que a tríade nuclear russa, ou seja, as três formas de lançar armas nucleares, por terra, mar e ar, é "muito mais" avançada e moderna que a dos Estados Unidos.
A Rússia está pronta para usar armas nucleares se houver uma ameaça ao Estado, à soberania ou à independência do país, declarou o Presidente russo, numa entrevista transmitida esta quarta-feira na televisão estatal. Vladimir Putin disse esperar que os Estados Unidos evitem qualquer escalada que possa desencadear uma guerra nuclear, mas sublinhou que as forças nucleares da Rússia estão prontas.
Questionado se alguma vez considerou usar armas nucleares na frente de batalha na Ucrânia, o líder russo respondeu que não havia necessidade.
"Por que deveríamos utilizar meios de destruição em massa? Nunca houve tal necessidade", declarou, antes de destacar que a doutrina militar russa prevê o uso de armas desse tipo apenas se a existência da Rússia estiver ameaçada ou no caso de "um ataque à soberania e independência".
O presidente Vladimir Putin afirmou que a tríade nuclear russa, ou seja, as três formas de lançar armas nucleares, por terra, mar e ar, é "muito mais" avançada e moderna que a dos Estados Unidos.
"A nossa tríade, a tríade nuclear, é mais moderna que qualquer outra tríade. Apenas nós e os americanos temos estas tríades. E nós avançamos muito mais aqui", disse.
Os Estados Unidos "estão a desenvolver os os seus componentes, nós também, na minha opinião isso não significa que queiram iniciar uma guerra nuclear, mas se quiserem (...) estamos prontos", acrescentou.
Putin também expressou confiança de que Moscovo alcançará os objetivos na Ucrânia, mas disse estar aberto a negociações, acrescentando que qualquer acordo exigiria garantias firmes do Ocidente.
"Estamos preparados, mas apenas para negociações que não se baseiem em alguns desejos após o uso de psicotrópicos, mas nas realidades que foram criadas, como dizem nestes casos, no terreno", frisou.
Putin tem repetidamente descrito o Governo da Ucrânia, liderado por Volodymyr Zelensky, como "um grupo de toxicodependentes e neonazis".
Na mesma entrevista, o Presidente da Rússia acusou a Ucrânia de lançar ataques em solo russo numa tentativa de interferir nas eleições presidenciais marcadas para 15 e 17 de março.
Várias regiões russas, nomeadamente Belgorod e Kursk, na fronteira com a Ucrânia, foram alvo de múltiplos ataques de drones [aparelhos aéreos não tripulados] ucranianos pelo segundo dia consecutivo, tendo como alvo infraestruturas de energia.
Uma refinaria de petróleo foi
alvo de um drone esta madrugada, em Ryazan, a cerca de
Quase 60 drones atingiram também outras regiões russas, incluindo Belgorod, Bryansk, Kursk e Voronezh, todas na fronteira com a Ucrânia, sem causar feridos, de acordo com as respetivas autoridades regionais.
Na terça-feira, voluntários russos que lutam pela Ucrânia também alegaram terem-se infiltrado na Rússia e assumido o controlo de uma aldeia fronteiriça na região de Kursk, uma incursão que o exército de Moscovo garantiu ter repelido.
Estes ataques podem ser explicados de uma "forma muito simples. Tudo isto está a acontecer num contexto de falhas [ucranianas] na linha da frente", disse Putin.
"No entanto, o objetivo principal, não tenho dúvidas, se não conseguirem minar as eleições presidenciais na Rússia, é pelo menos tentar impedir de alguma forma os cidadãos de expressarem a sua vontade", garantiu o líder russo.
Vladimir Putin, no poder há mais de duas décadas e candidato à reeleição, é o favorito nas presidenciais, na ausência de qualquer oposição.
A eleição deverá manter Putin no poder até 2030, ano em que completará 77 anos, com a possibilidade de um mandato adicional até 2036, graças a uma alteração constitucional feita em 2020.
Diário de Notícias com AFP
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