sábado, 19 de outubro de 2024

Solidão de Um Genocida -- Artur Queiroz


Artur Queiroz*, Luanda

Eugène Ionesco espantou o mundo com o seu teatro do absurdo. Ainda estavam todos de boca aberta e ele descobriu que o chão fica no chão, o tecto fica no texto, o Verão de Paris é quente, o Inverno muito húmido e frio. Tudo de rastos ante o génio Eugénio. Hoje os criadores não se atrevem a falar da solidão humana. Do absurdo da existência. Ou duvidar da própria dúvida.

O chão é no chão mas primeiro dinheiro na mão. Assim fala o senhor Silva TS Reginaldo. O tecto é no tecto e assim sendo, Joe Biden vai visitar Angola em Outubro. Que maravilha. O chefe do estado terrorista mais perigoso do mundo vem visitar-nos porque mais nenhum país africano o recebe no seu chão e lhe dá tecto. Os colonialistas e terroristas foram escorraçados do Burkina Faso, do Mali, do Níger, da República Centro Africana, da Guiné Equatorial, de tudo quanto é sítio em África. 

Na região apenas a Zâmbia abre portas aos colonialistas mas de Londres. Negócios da  Commonwealth. Nem mais um passo no sentido da desonra. João Lourenço recebe o terrorista com pompa, circunstância e de joelhos. O tecto é no tecto e o chão é no chão, o campeão é campeão. Semeia a paz no Sudão, no Leste da República Democrática do Congo e, se for preciso, dá uma mão aos nazis de Telavive no genocídio da faixa de Gaza e Cisjordânia.

Biden vem a Luanda para ver se o tecto é no chão e o chão é no tecto. Ninguém duvida que vai usar João Lourenço para salvar da morte os três terroristas norte-americanos que participaram no golpe de Estado na República Democrática do Congo. Todos os golpistas condenados à morte. 

Os mercenários prisioneiros que invadiram Angola foram julgados e condenados em Luanda. Eu fui adjunto do Procurador Popular, Manuel Rui Monteiro, e participei na redacção da Acusação. Uma honra! A rainha Isabel II pediu clemência ao Presidente Agostinho Neto, para os mercenários britânicos condenados, um deles à morte. O líder do MPLA e da República Popular de Angola recusou! Comemoremos com orgulho o Dia do Herói Nacional. 

O tecto ainda é no texto e o chão no chão. Os governantes de Kinshasa aprenderam com os angolanos o tratamento que se deve dar aos mercenários. E não se esqueçam que o chão fica no chão. O M23 é Ruanda e o Ruanda é M23. Quente, muito quente como o Inverno em Paris.

Kinshsa não esquece que o estado terrorista mais perigoso do mundo, a França e a Bélgica mataram Lumumba porque desde essa época querem o chão dos minerais valiosos e das terras raras no Leste da República Democrática do Congo. Biden vem a Luanda tratar desses negócios. O problema é que João Lourenço no Leste da RDC não é João Lourenço e o Presidente de Angola não é o Presidente do Ruanda ou da RDC. No clímax da comédia entre em cena o campeão da paz em África armado até aos dentes pelo estado terrorista mais perigoso do mundo. Ionesco estás despedido!

A UNITA, durante a rebelião armada iniciada em 1992, tinha o chão no chão e o tecto no tecto do Norte de Angola, à custa das tropas ruandesas. Levaram uma tareia militar inesquecível. Perguntem ao General Zumbi, ele sabe como foi. Os invasores do Ruanda marchavam sobre Kinshasa para repor um qualquer lacaio no trono do deposto Mobutu.

Levaram uma corrida tão grande que só pararam no tecto do tecto do Ruanda e respiraram aliviados o chão do chão do Presidente Kagame. No mês do Herói Nacional é bom recordar os heroicos militares angolanos que libertaram Angola, a região e o continente do colonialismo, do regime racista de Pretória e do estado terrorista mais perigoso do mundo. Biden está de volta às costas de João Lourenço.

Neste teatro do absurdo o genocida que habita a Casa dos Brancos é escorraçado do trono e o fascista Trump, tonitrua impante: Vai morrer longe! E ele, segundo um “exclusivo” da agência noticiosa Reuters, bem morrer a Angola, daqui a umas semanas. Vai ser a sua primeira e única viagem a África. 

Isto se Angola nessa altura for Angola e África ainda for África. Com Ionesco nunca se sabe. A Casa dos Brancos deu a notícia sensacional mas não a confirmou. Noticiou mas não noticiou. Ao contrário de Ionesco! Fica tudo nas mãos de sua excelência Mário de Oliveira onde mora a competência incompetente. O mais competente destruidor da Língua Portuguesa. Ele e a TPA. 

Não admira se este ministro for o jovem que João Lourenço nos quer impingir na liderança do MPLA. Já os vi mais kaxikos e amigos do assassino Biden. E este sabe bem que o tecto é no texto. O chão é no chão. Está apto a dominar todos os corredores do poder. Até o contrabando de combustíveis e a venda de água porta a porta.

O Procurador-Geral da República anunciou que está a investigar as denúncias do ministro de Estado Francisco Furtado, sobre o contrabando. Não perca tempo! Somos todos contrabandistas. Todos vendemos ilusões. Todos escondemos a verdade quando passamos a fronteira do absurdo. Mesmo sabendo que a solidão humana é uma fatalidade que atinge os recuperadores de activos, candongueiros e outros artistas de baixo coturno.

Mesmo que Pita Grós tenha muita vontade de dar espectáculo, por favor, perguntem ao Doutor José Cerqueira como se acaba com isso do contrabando de combustíveis É facílimo. Nem precisam de saber que o chão é no chão e o tecto no tecto.

Os delegados ao Congresso Internacional Contra o Fascismo e seus derivados, que decorreu em Caracas, decidiram criar uma comissão permanente para coordenar essa luta em todo o mundo. Mesmo sabendo que notícia é notícia os Media do ocidente alargado mais Angola ignoraram o acontecimento. Angola teve uma representação de excelente nível. Não vou identificar os delegados porque correm perigo de vida, Os fascistas angolanos são mais do que muitos e João Lourenço é a sua Vox. Que arrepio!

* Jornalista

Nota PG: Esta crónica de Artur Queiroz foi escrita em 14.9.2024 que no PG não foi atempadamente publicada por nós por motivos de doença e que agora recuperámos optando por publicá-la. Vide a publicação a seguir.

Joe Biden visita Angola na primeira semana de Dezembro

A visita oficial a Luanda esteve agendada para esta semana, de 13 a 15 de outubro, mas na semana passada a Casa Branca anunciou o adiamento, justificando com os impactos de furacões que afetavam várias regiões norte-americanas.

- em Jornal de Negócios

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