quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Cessar-fogo no Líbano já em vigor. Beirute celebra mas ameaça mantém-se

Durante os próximos dois meses, e se todos cumprirem a sua parte, conflito entre Israel e Hezbollah viverá momentos mais tranquilos.

Já está em vigor o cessar-fogo no Líbano. Desde as 4 horas desta quarta-feira (menos duas horas em Lisboa) e durante os próximos 60 dias vigorará a paz entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah.

A notícia foi inicialmente avançada por Benjamin Netanyahu, após uma reunião com o Gabinete de Segurança de Israel, dando conta que o objetivo desta pausa seria o foco na frente iraniana, para refrescar a força militar e o equipamento e para isolar o Hamas.

A proposta - que exige que o Hezbollah ponha termo à presença armada no sul do Líbano, enquanto as tropas israelitas devem regressar ao outro lado da fronteira - foi mais tarde apresentada em Conselho de Ministros de Israel e aprovada, mas sob a ameaça de que Israel manterá a "liberdade de ação" se o Hezbollah violar o compromisso.

"A duração do cessar-fogo dependerá do que acontecer no Líbano e manteremos total liberdade de movimentos", declarou Netanyahu, acrescentando que "se o Hezbollah tentar atacar-nos, se se armar e reconstruir infraestruturas perto da fronteira, vamos atacar".

Comunidade internacional é chamada e assume compromisso

Depois do anúncio, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, apelou à comunidade internacional para "agir rapidamente" para "implementar imediatamente um cessar-fogo". "A comunidade internacional é chamada a atuar rapidamente para pôr fim a esta agressão e implementar imediatamente um cessar-fogo", afirmou o governante libanês.

E essa intervenção não demorou, com várias personalidades da quadrante internacional a reagirem à decisão de Israel.

O presidente norte-americano, Joe Biden falou à nação para informar que os Estados Unidos, com a ajuda de França e de outros aliados, "acordou trabalhar com Israel e com o Líbano para garantir que o acordo é implementado".

"Vamos ser claros, Israel não lançou esta guerra. E o povo libanês também não procurou esta guerra. Nem os Estados Unidos", disse Biden.

Na companhia de Emmanuel Macron, ambos garantiram que este acordo "protegerá Israel da ameaça representada pelo Hezbollah e outras organizações terroristas que operam a partir do Líbano". Os dois governantes comprometerem-se a trabalhar para reforçar as "capacidades" do Exército libanês e a recuperação da economia do país.

Em Portugal, o Executivo nacional apelou a que o "espírito de compromisso" se espalhe por toda a região do Médio Oriente. "Este é um passo essencial para uma solução de paz e segurança, apelando a que este espírito de compromisso se possa espalhar a toda a região", pode ler-se no X (ex-Twitter) do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

A mensagem foi defendida também por António Guterres. O  secretário-geral da ONU apelou para que o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano seja respeitado e implementado rapidamente, desejando que "ponha fim à violência, destruição e sofrimento das populações" dos dois países.

Opiniões dissonantes surgiram, porém, do próprio governo israelita com o ministro da Segurança Nacional do país, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, a expressar repúdio pela proposta de cessar-fogo, advertindo tratar-se de um "erro histórico".

Considerando que não pode confiar nas Forças Armadas Libanesas, este afirmou que "para sairmos do Líbano, temos de ter a nossa própria cintura de segurança. Já vimos que não devemos confiar em ninguém a não ser em nós mesmos. Caso contrário, serão lançados mísseis contra (...) todo o norte e todo o Estado de Israel e, por fim, teremos de regressar ao Líbano", sustentou o polémico ministro, conhecido pelas suas posições racistas e xenófobas.

Antes das tréguas, últimos ataques

Depois da declaração do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sirenes de alerta antiaéreo foram acionadas no centro e norte de Israel, devido a disparos de drones pelo Hezbollah contra instalações militares israelitas.

O ataque terá sido em "resposta aos ataques à capital Beirute e aos massacres cometidos pelo inimigo israelita", disse o Hezbollah, referindo que foram lançados drones sobre vários alvos militares sensíveis em Telavive e nos arredores.

Já depois da entrada em vigor do cessar-fogo não há, até ao momento, indicações de violações e terá havido sinais de celebração em Beirute, capital do Líbano.

Também o exército libanês anunciou que tomou "as medidas necessárias" para se reposicionar no sul do país, onde está em vigor o cessar-fogo.

Apesar de pausa no conflito, Israel mantém ameaça

Após a entrada em vigor do cessar-fogo, o exército de Israel avisou os habitantes do sul do Líbano para não se aproximarem das posições israelitas. "É proibido deslocarem-se para as aldeias que as IDF ordenaram evacuar ou em direção às forças das IDF na região", acrescentou. 

Israel, note-se, prometeu que vai atacar se o Hezbollah violar o acordo.

Anunciada na terça-feira, a trégua é um passo importante para pôr fim a quase 14 meses de combates desencadeados pela guerra em curso em Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.

Notícias ao Minuto | Lusa

Leia em NM: Depois do Líbano, Gaza? Hamas "está pronto" paratrégua com Israel

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