Isabel Leiria, jornalista | Expresso (curto)
Bom dia,
É assim há 179 anos. De cada vez que há eleições federais é a uma terça-feira
de novembro que os norte-americanos se deslocam às urnas para votar. No caso da
eleição do Presidente, o partido mais votado
Se na maioria dos Estados pode ser dada como certa a vitória de um ou outro
candidato, o facto é que nem Harris nem Trump têm garantidos os 270 delegados
que asseguram a sua eleição.
Mas na verdade, tudo pode acontecer, desde uma vitória relativamente folgada de
um dos candidatos até a um empate. Problema: quanto mais renhida for a votação,
maior a probabilidade de se agravarem as divisões numa América profundamente
polarizada e que assistiu a uma campanha que ficou marcada pelos insultos entre
candidatos – “burra” e “estúpida” foram apenas dois dos nomes que Trump usou em
relação a Harris.
Se o desfecho for uma vitória da candidata democrata, que promete governar para a classe média, investir no combate às
alterações climáticas e apoiar a Ucrânia pelo tempo que for preciso, então
é quase certo que Donald Trump irá contestar a votação e dizer que foi vítima
de fraude eleitoral. Tal como o fez há quatro anos, precipitando o ataque ao
Capitólio, em janeiro de 2021. Se o recandidato republicano voltar à Casa
Branca, são esperadas decisões controversas, sobretudo na área da imigração, dos
direitos das mulheres ou na política externa.
Na melhor das hipóteses, os resultados serão conhecidos a meio da madrugada de
quarta-feira (em Portugal), mas é possível que a expectativa se prolongue por
mais tempo se a disputa estiver muito renhida nos Estados decisivos e houver até
necessidade de recontagens de votos. Há quatro anos, foi só no sábado seguinte
que Joe Biden foi declarado vencedor. Depois se verá se o país do sonho
americano não voltará a viver um pesadelo. O Expresso acompanhará em permanência o dia e a longa noite
eleitoral.
Amanhã, o “Junte-se à Conversa” será dedicado ao dia seguinte às eleições e
contará com a participação do diretor-adjunto do Expresso David Dinis e do
editor de Internacional, Pedro Cordeiro. Inscreva-se aqui
OUTRAS NOTÍCIAS
Tragédia em Espanha Uma semana depois das chuvas torrenciais que caíram
sobre Valência, a região continua a contar os mortos, a procurar vivos entre as
muitas centenas de desaparecidos e a limpar ruas, casas, lojas, caves e tudo
aquilo que foi abalroado por uma torrente de água, lama e pedras. Oficialmente,
o balanço da tempestade vai em 217 vítimas mortais, número que irá seguramente
subir. Os prejuízos materiais são ainda incalculáveis e mais de 100 mil carros ficaram destruídos e levados para abate.
7500 militares foram deslocados para a região. Já ontem, as chuvas torrenciais
provocadas pelo DANA (Depressão Isolada nos Níveis Altos) atingiram Barcelona e Tarragona, na Catalunha, inundando
estradas e provocando a suspensão de voos e comboios. O mau tempo em Portugal também motivou o alerta da
Proteção Civil: chuvas fortes podem provocar inundações em zonas urbanas ou em
locais nas margens dos rios.
“Um mau momento” O líder do PS visitou ontem os bairros do Zambujal e da
Cova da Moura para chamar a atenção para os problemas e dificuldades de muitos
dos bairros desfavorecidos que rodeiam a capital, mas acabou por ter de falar
também das polémicas declarações do presidente da Câmara de Loures e presidente
da federação distrital do PS. Ricardo Leão defendeu numa reunião de câmara que
um “criminoso” que tenha participado nos distúrbios que se seguiram à morte de
Odair Moniz - baleado por um agente da PSP -, e que seja titular de um contrato
de arrendamento de uma casa gerida pelo município é para despejar “sem dó nem
piedade”, tendo votado favoravelmente uma proposta do Chega nesse sentido.
As posições do autarca de Loures mereceram críticas de vários elementos do PS,
mas Pedro Nuno Santos optou por classificar como apenas um “mau momento” que não invalida o “trabalho muito
importante para a população de Loures” que tem desenvolvido Ricardo Leão. E criticou o Governo por não ter ido ao terreno após os
distúrbios que ocorreram. Esta terça-feira, o líder do PS reúne com
sindicatos da PSP.
Aumentos na Função Pública Em 2025 e 2026, os funcionários públicos com
vencimentos até 2674 euros terão garantida uma atualização nominal de 56,58
euros. Já as remunerações acima deste patamar serão atualizadas em 2,15%. Estes
são alguns dos números que integram a última proposta do Governo apresentada aos sindicatos da
Administração Pública.
Liga dos Campeões Hoje é dia de competição europeia e o ainda treinador do
Sporting e futuro treinador do Manchester United, Rúben Amorim, vai defrontar
aquele que será um dos seus principais rivais em Inglaterra, o Manchester City,
de Pep Guardiola. Outro duelo que irá acontecer em Alvalade irá opor Vikor
Gyökeres, o avançado atualmente com mais golos a jogar nos campeonatos na
Europa, e Erling Halland, considerado um dos melhores atacantes do mundo. O
jogo começa às 20h00 e será o último de Amorim no Estádio de Alvalade enquanto treinador do
Sporting.
FRASES
“Esta noite, com o coração cheio, mas partido, devemos partilhar a notícia da
morte do nosso pai e irmão Quincy Jones”, comunicado da família de Quincy
Jones, após a morte do lendário produtor e compositor, aos 91 anos.
Quincy Jones trabalhou com Michael Jackson, Frank Sinatra, Ray Charles, Louis
Armstrong, Tony Bennet e dezenas de outros artistas e ficará para sempre
conhecido como produtor da música “We are the World.
“O Estado não chega a estas pessoas, mas o carro da polícia chega sempre”, José
António Pinto, sociólogo e assistente social, mais conhecido nos bairros mais complicados do Porto, com os quais trabalha há
décadas, por “Chalana”.
OS NOSSOS PODCASTS
EUA estão “mais conservadores do que em
Há uma nova operadora de telecomunicações a operar
O QUE ANDO A LER
"Caos Calmo", por Sandro Veronesi (Ed. Asa)
Depois da morte repentina da mulher, Pietro Paladini decide deixar de ir ao
escritório e passar todos os dias da semana dentro do carro ou sentado num
banco em frente à escola da filha, enquanto espera pela sua saída e que Cláudia
o veja ali pela janela da sala de aula. Enquanto aguarda, trabalha, faz listas
mentais – as companhias aéreas em que já viajou, as mulheres que beijou, os
cometas que viu passar – e recebe visitas, num estranho luto e uma aparente
incapacidade de sofrer pela perda que teve.
Ao invés de desfiar mágoas, é o mundo à sua volta que parece estar a desabar,
com as invejas e traições no local de trabalho relatadas pelos colegas, a
instabilidade da vida amorosa da cunhada ou as discussões de condutores
enfurecidos no trânsito numa rua de Milão. O livro de Veronesi, um dos mais
reconhecidos escritores italianos da sua geração, foi adaptado ao cinema em
2008, com o realizador e ator Nani Moretti a assumir o papel de protagonista.
Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma ótima semana.
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