<> J. Bazeza, Luanda
O mês de Fevereiro tem muito significado para o povo da Sanzala que é um só e construiu uma só Nação. Mafioso ligou para o amigo Boca Azul para saber como estão a decorrer as comemorações de mais um aniversário da Luta Armada de Libertação que só acabou com a Independência Nacional
Boca Azul respondeu que dadas as
malambas que se vivem na Sanzala só está mesmo a dar fome prolongada. Beber
água sem cólera só nas quedas de Kalandula. Dinheiro só se a kingila dos
impostos distribuir kumbu pelo povo
Os ngavives dizem que quando pegaram nas kilunzas para libertar o povo da Sanzala, o combinado era viver melhor do que o Kambua do colono. Hoje todos estão a viver pior, até os kazucuteiros. Vida mesmo de cão.
Mafioso não gostou do que ouviu e pediu ao Boca Azul para não exagerar. E o amigo lançou um contra-ataque fulminante: Até aqui no Muceque há famílias que ficam um dia sem pancar o pão que o diabo amassou. O povão só não berra porque sabe que a fome é relativa. Aliás, o próprio chefe, que não é líder, porque aqui no Muceque não há líder, o titular do poder executivo, tem a consciência que a fome é relativa, por isso é que ninguém fica ngone. Só ficam zangados com a maka dos milhões surripiados pelos ajudantes da kingila que manda nas autoridades tributárias.
Mafioso deu um bom exemplo. Os auxiliares do titular do poder executivo dançam a música do chefe, que está a bater: Mesmo que não está bom, você dança só.
Boca Azul preferiu não comentar. Pediu ao amigo Mafioso para lhe arranjar discos de artistas angolanos que falam dos benefícios da independência. Na Sanzala dá para viver à príncipe, mas vivemos male, male, male. O alastramento das diarrumbas diz tudo.
David Zé cantou Ufolo. Pedia às manas para não chorarem mais, porque a independência está a chegar e a fome vai acabar. A outra canção tem como título Quem É Aquela mulher. Faz menção à mana que perdeu os seus filhos na guerra para libertar o país. Tem outra, Tambi. No óbito do soldado que morreu pela libertação do povo angolano, vamos chorar mas com as armas na mão.
O Paulo Flores canta que o filho do Pepe não tem um pambula para levar na escola.
Mafioso recordou que o primeiro e o segundo Presidente da Sanzala dançavam bem as danças do povo: Semba, kabetula, kizomba, marimba. Hoje na Sanzala essas músicas já ninguém dança. Os auxiliares do chefe não conseguem dar boas passadas. Assim não há festa e ninguém diz que são bem guiados nas passadas. Esses devem ser do MPLA comprado pelos camones.
Mafioso e Boca concluíram que o Executivo só está a dançar kazucuta. Um estilo de dança que não obedece a regras. Cada um dá o toque que quiser. Não é preciso pegar na dama. Sentir as suas vibrações, furores e alegrias. Grandes kazucuteiros. Só governam para a nguendagem.
Para ser directo, dançar kazucuta é como tirar sete mil milhões dos povitos. Não abastecer de água ali onde moram as diarrumbas. A inspecção ainda não foi ver como estão a viver os desgraçados. A culpa é do director das casas sociais. Para ele só interessam as reservas dos ministros, dos secretários de Estado, dos directores e das secretárias arrogantes.
Todos os sectores governativos da Sanzala estão a dançar Kazucuta. Sobre isso, Mafioso prefere não comentar. Diz apenas que na Sanzala é difícil comparar a mentira à verdade. Tanto faz.
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