Jonas Gerding | Deutsche Welle
Em exclusivo à DW, o Governo da RDC garantiu que está a combater o Ruanda em várias "frentes" e que procura, com urgência, uma justiça rápida. Patrick Muyaya, porta-voz, acusou o Ruanda de ser um "país de mentiras".
A pressão que está a ser feita ao Ruanda pela Alemanha e outros países europeus, com a aplicação de sanções e retirada de financiamento, é vista com bons olhos pela República Democrática do Congo (RDC). No entanto, numa entrevista exclusiva à DW, o porta-voz do Governo de Kinshasa, Patrick Muyaya, diz que "não é suficiente" e será preciso mais do que isso para forçar Kigali a retirar as suas tropas do seu território.
"Até o Presidente [Paul] Kagame já disse que as sanções não o impedirão de fazer o que está a fazer. É claro que ele não tem respeito pelo direito internacional e a União Europeia (UE)não pode tolerar esse comportamento. É por isso que deve tomar mais medidas para garantir que Kagame remova rapidamente as suas tropas do nosso país, porque não é lá que elas devem estar”, defende.
O também ministro das Comunicações e Media da RDC garante que Kinshasa está a lutar em várias "frentes" contra o Ruanda. Para além do campo militar, estão a ser feitos esforços ao nível diplomático e da justiça, explica Patrick Muyaya, que reitera as acusações de que Kigali está diretamente envolvida no conflito apoiando os rebeldes do M23.
"Eles continuam a bombardear campos de deslocados, a atacar hospitais, a matar pessoas inocentes. Isto não pode continuar", acusa.
E Muyaya ameaça: "Desta vez, entre as soluções que temos, inclui-se a justiça. Estamos a trabalhar, quer ao nível da justiça congolesa, quer com o Tribunal Penal Internacional”.
TPI pede partilha de informações
Face à nova escalada de violência no leste do país, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, na quarta-feira (05.03), um comunicado onde apelou à partilha urgente de qualquer informação sobre supostos crimes de guerra. No mesmo documento, o TPI deu conta que "há relatos confiáveis de que centenas de pessoas foram mortas em Goma e arredores, incluindo civis e forças de manutenção da paz”.
Nesta conversa com a DW, o porta-voz do Governo congolês disse ainda que o seu país está aberto a negociar uma garantia de segurança por parte dos Estados Unidos em troca de contratos de mineração.
"Se houver interesse, será, claro, discutido. A RDC precisa de segurança. Se essa segurança puder vir de alguma parceria com os Estados Unidos, não é mau", afirma.
Questionado sobre a incapacidade do Exército congolês de conter o avanço dos rebeldes do M23, Patrick Muyaya disse que a situação "é complexa”.
O porta-voz do Governo de Kinshasa garantiu, por fim, que o seu país "está comprometido com a paz” e que o mesmo não acontece com o Presidente do Ruanda. Caso contrário, constatou, "teria ido [à cimeira da paz de] Luanda, agendada para 15 de dezembro”.
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