terça-feira, 8 de abril de 2025

Angola | João das Medalhas Desafiado -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda >

A seita UNITA venera Jonas Savimbi acima de todos os deuses. Ele assassinou grandes dirigentes da organização como Jorge Sangumba, António Vakulukuta ou Wilson dos Santos. O Doutor Vakulukuta foi cruelmente morto à paulada na Jamba, pelo assassino e criminoso de guerra. Agora a direcção da UNITA vem propor que os assassinados sejam condecorados, no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional. E mais grave ainda. Querem que os assassinos sejam também condecorados. Desde logo Jonas Savimbi. Mas também aquele herói savimbista (Numa), que na hora da verdade deixou o chefe sozinho e fugiu para um morro. Pretexto: Vou ouvir o relato de um jogo do Sporting Clube de Portugal.

O chefe da internacional fascista, Donald Trump, diz que está chocado com as mortes de tantos jovens na guerra da Ucrânia. Diz todos os dias que é preciso acabar com a carnificina. Mas deu ordens aos nazis de Telavive para continuarem o genocídio na Palestina. Continuam a matar diariamente civis indefesos, sobretudo mulheres e crianças. Mais de um milhão de crianças palestinas correm riscos de vida, porque não comem nem têm medicamentos. Trump ameaça os palestinos com o inferno. Alguma diferença entre o fascista-mor e a quadrilha da UNITA? Nenhuma. 

O Jornalista José Ribeiro, na época presidente do Conselho de Administração da Empresa Edições Novembro, reagiu em editorial ao roubo de um contrato de trabalho entre mim e a instituição proprietária do “Jornal de Angola”. 

O Ladrão do Contrato foi Raul Danda, então deputado da UNITA, no roubo teve a conivência de administradores da empresa que tiveram acesso ao documento e lho entregaram. Um deles era administrador e director do Novo Jornal. Ao mesmo tempo administrador da Empresa Edições Novembro! Promiscuidade ao estilo de João Lourenço. Mal chegou ao poder colocou logo o patrão do Novo Jornal como PCA e director do Jornal de Angola!

Leiam o texto de José Ribeiro, agora que João Lourenço condecorou o Ladrão do Contrato: 

“O deputado Raul Danda apresentou no Parlamento um contrato de trabalho celebrado entre um técnico e a Empresa Edições Novembro, durante o debate sobre o papel da comunicação social pública e o regime democrático. Esse gesto tem pelo menos três pontos que preciso de esclarecer publicamente.  

O primeiro ponto e mais grave: o deputado da UNITA serviu-se desse contrato para fazer ataques xenófobos contra os técnicos estrangeiros que trabalham para a empresa da qual sou presidente do conselho de administração. Trabalham connosco espanhóis, congoleses, são-tomenses e portugueses. Aproveito para agradecer a todos, publicamente, o contributo que têm dado para o desempenho da empresa na comunicação social angolana.

O segundo ponto é muito grave e indigno de um deputado da Nação. O contrato exibido foi roubado das instalações da empresa. A UNITA não tem emenda. Antes de 2002 raptava mulheres, crianças, professores, bispos, padres ou médicos. Hoje rouba contratos livremente celebrados entre um técnico e a empresa da qual sou o primeiro responsável. A situação é gravíssima porque demonstra que o deputado Raul Danda não tem estatuto moral e ético para desempenhar as funções para as quais foi eleito.

Se o deputado Raul Danda ou qualquer outro deputado da Nação me pedisse os contratos celebrados com técnicos estrangeiros eu imediatamente os facultava. Se os senhores deputados quiserem consultar as folhas salariais, elas estão à sua disposição. Roubá-las é que não. Nesta empresa nada há a esconder. Aproveito para dizer ao senhor deputado Raul Danda que continuo à procura de jornalistas que tenham experiência e perfil para integrar o nosso Gabinete de Formação Permanente. Se ele estiver interessado ou conhecer alguém com essas competências, a contratação é imediata.  

O contrato que Raul Danda roubou foi celebrado com um técnico que já deu milhares de horas de formação. Graças ao seu contributo, dezenas de jornalistas da empresa melhoraram os seus conhecimentos e desempenho profissional. Se o senhor deputado Raul Danda tiver dúvidas, eu envio-lhe a lista dos jornalistas que frequentaram a formação com esse técnico. Pode depois perguntar-lhes o que quiser sobre a formação que frequentaram e os resultados obtidos. 

O terceiro ponto, gravíssimo e intolerável, tem a ver com as reiteradas ameaças e atitudes racistas e xenófobas do senhor Raul Danda. No debate parlamentar ele fez ameaças aos jornalistas que não podemos tolerar. Os serviços da Assembleia Nacional deviam mandar a intervenção do deputado da UNITA para todas as embaixadas e instituições internacionais de defesa da liberdade de imprensa. Assim ficava tudo mais claro. E de uma vez por todas, era melhor compreendida a atitude da ONU ao impor sanções à UNITA e aos seus dirigentes mais radicais, entre os quais sou forçado a incluir Raul Danda, o ladrão de contratos, o racista e xenófobo.

Ingenuamente pensei que o debate parlamentar pedido pela UNITA ia servir para refutar a série de reportagens que fizemos sobre o Triângulo do Tumpo e a derrota das forças do apartheid, onde a organização de Jonas Savimbi se incluía. Ou que iam ser apresentadas provas que desmentiam as reportagens e entrevistas onde revelámos ao mundo que a Jamba foi o centro de uma mafia internacional que se dedicava ao tráfico de diamantes, marfim e droga. Nada. Nenhum facto foi apresentado que desmentisse ou pusesse em causa a credibilidade do nosso trabalho. 

Raul Danda, em nome da UNITA, apenas insultou e injuriou. Fez ataques racistas e xenófobos. Ameaçou e ofendeu os jornalistas. Exibiu um contrato de trabalho que roubou da nossa empresa, para fazer demagogia e manipular a opinião pública. Deturpou o que escrevemos, fez-nos acusações gratuitas, pôs em causa a nossa capacidade profissional. Um desertor da Jamba, um papagaio da Vorgan, um coleccionador de tachos e mordomias definitivamente não tem estatuto para nos intimidar e muito menos para falar de democracia. Vamos enfrentar os inimigos da paz e da democracia, sem vacilações. 

Raul Danda e os seus apoiantes, sejam eles quem forem, não vão conseguir impor em Angola uma sociedade igual à que eles apoiaram de armas na mão e que prevaleceu até à derrota do apartheid na gloriosa batalha do Triângulo do Tumpo, no Cuito Cuanavale. Vamos continuar na primeira linha de defesa do regime democrático e da liberdade de imprensa. Podem contar connosco”.

* Jornalista

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