domingo, 6 de abril de 2025

Angola | Reconhecimento da Nação aos heróis da liberdade e do progresso

As 247 personalidades distinguidas, ontem, em Luanda, pelo Presidente da República, João Lourenço, com diploma e medalha comemorativa dos 50 anos da Independência, entre angolanos e estrangeiros, figuras da política, economia, cultura e do desporto, não conseguiram esconder a enorme satisfação pelo reconhecimento do contributo à causa da Independência Nacional, a sua preservação, desenvolvimento e progresso do país.

Paulo Caculo, jornalista | Jornal de Angola | Imagem: @ Contreiras Pipa | Edições Novembro

Uns expressando palavras, outros manifestando alegria e emoção, todos esbanjaram satisfação por fazerem parte do vasto grupo merecedor do título de “bravos heróis da liberdade e do progresso”.

DECLARAÇÕES DE ALGUNS DOS CONDECORADOS

As medalhas e diplomas distinguiram personalidades distribuídas por duas categorias, sendo 99 para a classe “Independência” e 148 correspondente à categoria “Paz e Desenvolvimento”. -- José Tuta “Ouro de Angola”

“Essa medalha significa que aquela decisão e compromisso que os jovens tomaram, naquela altura, para arrancar a Independência de Angola, foi certa. Hoje, a juventude pode ver em nós os verdadeiros defensores deste país. Conseguimos trazer a Independência Nacional. Ainda há muitos passos que têm que ser dados. E se eu, antes, fui jovem, decidi lutar pela Independência, acho que os jovens de hoje devem criar as condições que a Independência trouxe para criar bem-estar ao seu povo”. -- Dinho Chingunji

“É um acto de muita importância para mim, em particular, porque entrei muito cedo na luta pela Independência. Tinha apenas quatro anos quando, na altura, os meus pais me levaram para as matas, enquanto os guerrilheiros estavam a fazer acções contra o colono. Depois da Independência, fiquei um pouco fora, no exílio, e quando veio a questão do trabalho para o alcance da paz, fui mais uma pessoa que desde o início esteve muito engajado e trabalhei com o meu falecido tio Tito Chingunji”. -- Jorge Valentim

“A condecoração é uma mensagem que Angola dá ao mundo de que é um grande país, que o povo angolano vai continuar unido e que nós esperamos sempre que a unidade nacional possa ajudar todos a serem mais lúcidos, aproveitando todos os momentos para fortalecermos a unidade do país. Nós fizemos a nossa parte. Esperamos que a juventude seja responsável e que, também, faça o seu trabalho. Os jovens não podem dizer que não trabalhamos. Trabalhamos e guardamos sempre a nossa esperança para melhores resultados, mas sempre na linha da unidade nacional”. -- Luzia Inglês

“Sinto-me feliz e gratificada, na medida em que fiz parte de todos os processos para que Angola fosse uma pátria, uma nação independente. Fiz o meu trabalho para o efeito e dia 23 de Março deste ano completei 64 anos de processo revolucionário, para que Angola completasse 23 anos de paz. Quanto aos principais ganhos, devo dizer que quando Angola ficou independente só tínhamos um único edifício com mais de 20 andares. Hoje temos vários edifícios com mais de 20 andares. Precisamos, agora, trabalhar para que haja maior desenvolvimento económico e social”. -- Fernando Heitor

“É um acto reconciliador, um dia de paz e os organizadores, particularmente o Presidente, entenderam que deviam homenagear algumas pessoas que se destacaram ao longo destes 50 anos. Sei que estão figuras que foram exemplarmente homenageadas, mas o processo não acaba aqui e acho que as pessoas que não foram homenageadas, poderão sê-lo no dia 11 de Novembro, que poderá ser o culminar destas comemorações”. -- André Pitra “Petroff”

“Isso representa para nós o sacrifício que fizemos e que a juventude possa, de facto, aproveitar. Espero que que haja mais esforço, particularmente da juventude, apesar de todas as dificuldades, porque tudo aquilo que nós tínhamos pensado realizar, infelizmente não realizámos, mas a juventude não deve perder a confiança no amanhã, porque se nós, durante a guerra, não tivéssemos confiança o amanhã, não estaríamos independentes”. -- José Diogo Ventura

“Ser condecorado no Dia da Paz, para quem lutou pel Venturaa Independência, 10 anos no Tarrafal, até chegar à Independência. É uma grande honra e satisfação. Acho que todo o povo angolano sente, também, essa satisfação do Dia da Paz, que confirma a Independência pela qual lutámos. Passamos 400 anos de colonialismo e por diversas vicissitudes. Devemos estar satisfeitos com o que de bom está feito e reflectir sobre todo o mal que fizemos, inclusive as lutas fratricidas”. -- Jean Jacques da Conceição

“Este acto é muito importante porque, hoje, somos reconhecidos pelo contributo que demos ao país, por via do desporto. É importante que reconheçamos as pessoas que fizeram muito por Angola e nós fizemos muito por Angola. É uma verdade, é uma realidade. Demos tudo, o nosso sangue e suor, para que o nosso país pudesse estar na posição em que está e somos imensamente gratos por este reconhecimento”. -- Emílio de Carvalho

“Foi uma surpresa. Eu nunca esperava. O meu envolvimento na luta da libertação foi desde o princípio. Tenho que dar graças a Deus que há um hospital com o meu nome, valeu a pena. E a Igreja sempre tem um papel muito importante. Estou muito satisfeito. Saio daqui muito satisfeito”. 

“Para mim é, sobretudo, uma grande gratidão ao país e ao Presidente por se lembrar de mim e estar incluída neste grupo. Nem acredito que a minha participação merecesse tanto. Foi pouco o que fizemos, mas foi feito com a intenção de cumprir aquilo que eram os objectivos e os propósitos do MPLA, quando se atingiu a Independência. Demos a nossa modesta participação. Penso que isto, hoje, é motivo de satisfação”. -- Teresa Cohen

Rui Monteiro e Ruth Neto emocionados

A cerimónia de outorga da medalha dos 50 anos da Independência Nacional, a assinalar-se a 11 de Novembro deste ano, foi marcada por momentos de grande emoção e júbilo, como aqueles protagonizados pelos octogenários Manuel Rui Monteiro, de 84 anos, e Maria Ruth Neto, de 89, irmã do primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto.

Embora fisicamente limitados, o escritor e a antiga secretária-geral da OMA não se deixaram demover da ocasião, tendo, ambos, surgido à cerimónia transportados em cadeira de rodas.

Sobre Manuel Rui Monteiro se reconhece o facto de poucos dias antes da proclamação da Independência, a 11 de Novembro de 1975, ter escrito a letra (música de Ruy Mingas) do Hino Nacional, “Angola Avante”. Manuel Rui Monteiro, o jurista que integrou o primeiro grupo que participou na primeiro julgamento e condenação de mercenários da história contemporânea, é membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA).

Maria Ruth Neto é um rosto marcante da sociedade angolana, de mulher lutadora, guerreira, que sempre transportou e transmitiu liberdade. Foi secretária-geral da Organização da Mulher Angolana (OMA), durante 21 anos, assim como presidente da Organização Panafricana da Mulher e deputada pelo Grupo Parlamentar do MPLA. É a única sobrevivente dos nove irmãos do antigo Presidente António Agostinho Neto.

Jornal de Angola

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