sábado, 23 de abril de 2011

EUA: A REELEIÇÃO É AGORA




JOSÉ INÁCIO WERNECK – DIRETO DA REDAÇÃO

Bristol (EUA)  - É difícil acreditar que em um país politicamente maduro possa haver um "candidato a candidato" à Presidência da República tão absurdo quanto Donald Trump (foto), o especulador imobiliário que nos legou  as Trump Towers, enveredou pela exploração de jogos de azar e finalmente se fez notar como o homem que grita “you’re fired” - “você está despedido” - em um "reality show" de televisão.
Ele agora quer despedir Barack Obama da Casa Branca, embora no passado já tenha declarado que o atual presidente “é um gênio”. A principal arma de Trump para ser escolhido como candidato nas primárias do  Partido Republicano é alimentar a teoria dos chamados “birthers” - aqueles elementos lunáticos do Tea Party convencidos de que  Barack Obama nasceu no Quênia e não no Havaí, como proclama sua certidão de nascimento.
Para tanto, Donald Trump já desencavou até uma gravação da avó queniana de Barack Obama, afirmando que estava presente ao nascimento, na África, embora já tenha sido demonstrado que ela, falando através de um intérprete, quis  mesmo dizer que estava presente ao nascimento no Havaí.
Mas, como afirmava Nélson Rodrigues, “se os fatos me contradizem, bolas para os fatos”. Ou, como  ensinava Joseph Göbbels, uma mentira repetida muitas vezes acaba virando uma verdade. Para Trump, o importante é estar sempre no noticiário e muitos observadores acham mesmo que sua pretensa candidatura é apenas uma maneira de aumentar a audiência de seu programa na rede NBC.
Os Estados Unidos são uma nação em que dificilmente você encontra alguém que não tenha pais ou avós imigrantes, o que é o caso do próprio Trump, descendente de imigrantes escoceses e alemães (o nome original da família era Drumpf). Quanto a imigrantes ilegais, muitos são europeus embora toda a grita em relação a Barack Obama não ter nascido nos Estados Unidos ocorra por um único e condenável fato: o de que seu pai era africano.
Divorciado duas vezes, tendo ido à bancarrota outras tantas e  apenas recentemente entrado em acordo judicial quanto a um empréstimo que não pagou e no qual se viu acusado de fraude, Donald Trump dificilmente poderia ser apresentado como um brilhante exemplo de lisura em sua vida familiar e empresarial. As especulações mais bem fundadas no momento são de que ele está apenas praticando um espectacular gesto de publicidade, tanto que já anunciou que fará a declaração oficial quanto a ser candidato às primárias do Partido Republicano em seu programa de televisão.
Em matéria de audiência, será um êxito incontestável. Resta saber o que aconteceria ao Partido Repulicano com um candidato de tal ordem. Se Trump realmente se apresentar como candidato nas primárias, sua demagogia obrigará os demais republicanos a levar o Partido a um tal extremo de partidarismo que acabará facilitando a reeleição de Barack Obama.
Há ainda a incógnita da situação econômica do país. Barack Obama está pagando o preço de uma recuperação lenta, embora segura, do mercado de trabalho. Nas próximas semanas a jogada republicana de ameaçar outra vez com uma paralisação do governo se os democratas não concordarem com cortes selvagens em serviços sociais para o orçamento do próximo ano deverá ser exposta como um blefe inconsequente. A própria Wall Street, aliada natural dos republicanos, já deixou claro que este caminho representará um suicídio político para os conservadores.
Barack Obama já iniciou sua campanha. Será confirmado sem dificuldades pelo Partido Democrata. Seu caminho para um segundo mandato, salvo alguma nova e inesperada catástrofe financeira, será muito facilitado se os republicanos apresentarem como oponente um cidadão tão chegado a uma vigarice quanto Donald Trump.

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