sexta-feira, 20 de maio de 2011

TIMOR LESTE - UM PAÍS COM UM SONHO SECULAR




MANUEL CÁRCERES DA COSTA - TIMOR LESTE

Durante séculos o povo timorense sempre procurou meios que lhe permitissem tomar o destino nas suas próprias mãos – chegar ao sabor da liberdade! Séculos de dominação estrangeira tornaram o seu carácter mais firme e decidido, transmitindo de geração para geração, o anseio de se libertar e tornar independente! Anseio que começou desde os primeiros dias da chegada dos Portugueses.

A heroicidade praticada no dia-a-dia, de um povo que lutou, resistiu, muitas vezes ignorado pelo mundo, face a potências estrangeiras que se fizeram donas e agiram como senhores num país que nunca lhes pertenceu. Uma heroicidade que segue pela convivência com os ocupantes, pelas formas de luta com as suas vitórias e derrotas, com os seus erros, e com os seus momentos dramáticos e de júbilos. Tudo isso foi e continua a ser sinal da determinação e afirmação do patriotismo Timorense. Afirmação, determinação e heroicidade de um povo que lutou, com todas as suas forças, sem o apoio dos amigos e vizinhos, fazendo despertar concordâncias e discordâncias, muitos sentimentos contraditórios – mas sempre com empatia e fraternidade.

Uma luta e uma viagem pelos longos anos da sua própria história em busca da liberdade. E, depois de tantos martírios, lágrimas que tornaram o seu país como “algema de lágrimas” (assim referiu o líder carismático Xanana na sua mensagem ao povo), o povo Timorense conseguiu conquistar a sua liberdade. E foi no dia 20 de Maio de 2002, em Taci-Tolu, no parque onde a 12 de Outubro de 1989, sua Santidade o Papa João Paulo II presidiu a missa concelebrada, os timorenses mostraram ao mundo, às potências bélicas e aos amigos e vizinhos, a realização do seu sonho : a restauração da independência! O nascimento de uma jovem nação, o reconhecimento de um país, a existência de uma pátria livre e soberana!

Taci-Tolu, o palco das facetas históricas dos Timorenses! Em Outubro de 1989, Sua Santidade o Papa João Paulo II consagrou o povo Timorense como o “sal da terra e a luz do mundo”! Foi também em Taci-Tolu, que a resistência Timorense registou o desaparecimento de muitos patriotas, jovens corajosos que lutaram pela Independência! Em 20 de Maio de 2002, o mundo acolheu um novo membro na comunidade internacional, e na presença de amigos e vizinhos, apadrinhado por Portugal e pela Indonésia, os Timorenses gritaram bem alto : VIVA TIMOR -LESTE livre e independente! Naquele dia histórico, mais uma vez, Taci-Tolu testemunhou, partilhou a alegria dos abraços de fraternidade internacional, registou as lágrimas de alegria, ouviu as orações e acções de graças, chorou as amarguras que vivemos durante os anos da luta por um pais livre e independente e cantou connosco o hino nacional do Timor-Leste independente e soberano.

Na verdade não é fácil descrever o sentimento e a alegria sentida pelos Timorenses naquele dia de festa! Líderes de países amigos, políticos e militares de várias nações, jornalistas, e o aparato das Nações Unidas partilharam a alegria de um povo sofredor que soube suportar as directrizes do seu destino. Desta vez não chorámos a perda de um patriota, mas derramámos lágrimas de alegria.

Mostrámos ao mundo que somos um povo que sabe perdoar a sua historia recente. Vimos o nosso recém-empossado Presidente da República, Xanana Gusmão, abraçar o Presidente da República de Portugal! Gritamos histéricos com aplausos e salva de palmas ao vermos o nosso Presidente da República abraçar a Presidente da República da Indonésia! Não houve repúdio, nem vozes de zanga! Queríamos apenas afirmar que Timor-Leste, este pequeno e enorme, - enorme pais cheio de esperanças! Queríamos mostrar aos nossos amigos e vizinhos que lutámos pela paz, pelo respeito mútuo, pela dignidade e pelo nosso direito inalienável pela independência! E o sonho secular enfim é hoje uma realidade!

Temos a rédeas do nosso país nas nossas mãos! Vamos dar continuidade aos anseios dos nossos heróis, e se conseguirmos materializar o sonho da liberdade em propostas e projectos de servir e desenvolver o nosso país e o nosso povo, seremos dignos de ver “ o sorriso de amanhã” que todos bem merecemos.

Dili, 20 de Maio de 2011

Manuel Cárceres da Costa

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