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Lisboa, 21 jun (Lusa) - O XIX Governo Constitucional tomou hoje posse, com o novo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a garantir que "Portugal não falhará", depois de o Presidente da República ter alertado para os "riscos catastróficos" de um eventual incumprimento dos compromissos internacionais.
A cerimónia decorreu, como habitual, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, tendo tomado posse, além do primeiro-ministro, onze ministros e dois secretários de Estado, naquele que é - ainda sem serem conhecidos os secretários de Estado - o executivo mais pequeno desde o 25 de Abril.
O primeiro discurso foi o do Presidente da República, Cavaco Silva, que sublinhou a importância de cumprir os compromissos internacionais no âmbito da ajuda externa, sob pena de a situação se tornar "economicamente irreversível e socialmente insustentável".
O chefe de Estado disse ainda esperar da coligação governativa - à qual prometeu cooperação ativa - "solidez, consistência e durabilidade", já que o país não está em condições de viver "crises políticas sucessivas", e alertou para que as eleições não servem para promover "o rotativismo das clientelas".
Na intervenção de tomada de posse, Passos Coelho propôs aos portugueses "um novo pacto de confiança" e anunciou que o Governo não nomeará novos governadores civis e promoverá um "Programa Nacional de Poupança".
O primeiro-ministro deixou também o compromisso de reduzir o endividamento do país e o que chamou de "embriaguez da dívida" e uma promessa: "Portugal não falhará".
A reforma da justiça mereceu uma referência especial de Passos Coelho, que defendeu uma revisão neste setor que passe pela simplificação processual e avaliação de desempenho dos agentes, entre outras medidas.
Durante a cerimónia, o único "incidente" foram problemas com as canetas de dois ministros do CDS, Assunção Cristas e Pedro Mota Soares. O novo ministro da Solidariedade e da Segurança Social - que chegou à cerimónia de mota e saiu em carro oficial - teve mesmo de recorrer à caneta suplente disponível em cima da mesa para assinar o auto de posse.
Cá fora, dois protestos: da dupla de humoristas "Homens da Luta", que já tinha marcado presença na última tomada de posse de José Sócrates, e dos 'estreantes' do Movimento "Democracia Verdadeira Já".
O ex-primeiro-ministro, José Sócrates, entrou e saiu da Ajuda sem prestar declarações aos jornalistas, ao contrário dos antigos ministros Teixeira dos Santos, Vieira da Silva, Ana Jorge e Luís Amado, que deixaram palavras de encorajamento ao novo executivo.
A única reação crítica aos discursos da cerimónia veio do presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, que lamentou que Passos Coelho não tenha feito "uma declaração de princípio mais inequívoca" quanto à necessidade de uma colaboração próxima com o PS.
Dos novos ministros ficaram as promessas de trabalho e empenho, com Nuno Crato a pedir uns dias para "aterrar" no Ministério da Educação, Paulo Macedo a garantir que já hoje terá reuniões de trabalho no Ministério da Saúde e o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, a garantir que a concertação social será uma grande prioridade.
O último a abandonar o Palácio da Ajuda foi o primeiro-ministro, que saiu em silêncio e de mão dada com a mulher, Laura.
*Foto em Lusa
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