quinta-feira, 23 de junho de 2011

São Tomé e Príncipe: PM diz que número de candidatos às presidenciais é excessivo...




... e alerta para fenómeno "banho"

JF - LUSA

Porto, 23 jun (Lusa) - O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe considera que os 14 candidatos às eleições presidenciais no país correspondem "a uma confusão na interpretação dos poderes do Presidente da República" e alerta que o fenómeno do "banho" ainda vai existir.

Em entrevista à Agência Lusa durante a visita que está a realizar ao Norte de Portugal, Patrice Trovoada considerou o número de candidatos às presidenciais, a realizar a 17 julho no seu país, excessivo.

Defendendo que é "fundamental que se encontre um Presidente da República que possa garantir estabilidade e apoiar o Governo nas reformas necessárias", o primeiro-ministro admitiu que os 14 candidatos às presidenciais podem ser um fator de alguma instabilidade, antecipando uma "campanha um bocadinho agitada".

Patrice Trovoada prefere que das eleições saia um presidente da sua cor política, realçando que isto "não é, em nada, um fator de controlo totalitário do poder".

"O Presidente da República tem que estar alinhado com o Governo. Se é para controlar, se é para amanhã deixar cair o Governo, a Assembleia pode fazê-lo", observou, explicando que Evaristo de Carvalho, apoiado pelo seu partido, Acção Democrática Independente (ADI), é "de todos os candidatos, o mais experiente".

"O clima de campanha está muito frio e não sinto muito trabalho político e nós sofremos muito com o fenómeno de banho (pagamentos a eleitores) em São Tomé e Príncipe", explicou, acrescentando que "não havendo candidatos a mover-se", receia que "muitos candidatos estejam a pensar naquele estímulo do último dia para poder influenciar os votos".

Trovoada quer por isso "combater esse risco potencial, quer do banho (pagamentos a eleitores), quer da abstenção", e questionado sobre as medidas necessárias, respondeu que "é preciso legislação e também que se deixe passar um contingente de alguns políticos que patologicamente só veem a política dessa maneira".

"É uma questão de tempo e de legislação. Nestas eleições ainda teremos o fenómeno ("banho"). Nas eleições passadas houve um estudo para saber o que é que determinou o voto das pessoas e chegou-se à conclusão que houve banho mas este não foi determinante, o que me faz pensar que o povo aproveitou-se dos políticos, ou seja, as pessoas receberam os dinheiros mas já sabiam em quem iam votar", enfatizou.

O filho do ex-presidente da República, Miguel Trovoada, explicou que não concorreu às presidenciais porque há dez meses fez uma campanha legislativa onde apresentou "um programa de transformação do país para quatro anos".

"É verdade que o cadeirão presidencial é um cadeirão com seguro contra todos os riscos, mas assumi um compromisso com o meu país e entendo que a palavra dada tem muito valor", sublinhou.

Questionado sobre se temia que o seu Governo minoritário não chegasse ao final do mandato, o primeiro-ministro recordou que governa "sob o controlo e fiscalização do Parlamento" mas mais do que ao Parlamento, deve "contas ao povo são-tomense".

"Enquanto eu governar com o apoio da maioria dos são-tomenses eu acho perfeitamente difícil nós regressarmos aos pequenos golpes parlamentares. Não sou ingénuo e acho que há muitos políticos que gostavam de ver este Governo cair, mas a oposição sabe que o povo também está atento", explicou.

*Foto em Lusa

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