Ade Rostina morreu esta sexta-feira, 8 de Julho, pelas 23:32 , depois de estar em coma dois dias por hemorragia cerebral. Como activista pelos direitos humanos desenvolveu o seu trabalho em vários países, sempre em prol dos perseguidos políticos que conheceu ao longo da sua vida. Cinco décadas de trabalho intenso tornaram Rostina numa humanista , que mudou a vida de muitos timorenses.
Ade Rostina Sitompul nasceu em 12 de Dezembro de 1938 na fazenda do seu avô em Klapa Nuggal , Sukabumi. Filha de Kasianus Sitompul da tribo de Batak e Takapente Maartje de Borgo de Manado era a irmã mais nova de três irmãos. Rostina testemunhou e esteve diretamente envolvida na luta pela independência da Indonésia através do activismo do seu pai que foi responsável pelo "Movimento de Silêncio " e por uma casa secreta de acolhimento a presos políticos , actividades que levaram Rostina a trabalhar como mensageira dos rebeldes contra os Holandeses. Com o seu pai aprendeu a lutar pela igualdade e justiça social e a viver de perto com trabalhadores de plantações. Com o avô, Rostina aprendeu que até o inimigo deve ser tratado humanamente.
Os projectos desenvolvidos pela família no tempo do colonialismo levaram a que a preocupação e sensibilidade para as questões sociais começasse a ter efeito entre a população, o que forçou a família a fugir durante a guerra pela independência da Indonésia. Toda esta experiência moldou Ade Rostina que se envolveu na luta pela defesa dos direitos humanos na Indonésia.
Em 19 de Junho de 1959, Ade Rostina casou com John Suyanto, um jurista que mais tarde tornou-se funcionário da Marinha Indonésia. Desse casamento tiveram dois filhos e três filhas. Nos primeiros cinco anos do seu casamento, Rostina seguiu sempre o seu marido, que serviu em Surabaya. E foi ai que começou a envolver-se activamente em diversas organizações, principalmente no “Wanita Partindo” . Foi também Presidente da Organização Conjunta para as Mulheres de Surabaya (GOWS) e trabalhou como repórter no Diário de O, um jornal pró-Sukarno. No decorrer das suas funções conheceu Gerwani, Sudjinah e Sulami.
Em 1965, Rostina assume um novo compromisso humanitário no movimento de luta pela libertação do seu país. Um dos irmãos de Rostina, líder da Associação de Jornalistas pro-Sukarno foi detido e esteve preso 9 anos. . Perante esta situação, Rostina arranjou doações de medicamentos e alimentos para enviar a prisão, criou uma rede de cuidados para os presos políticos e as suas famílias, e salvou muitas pessoas perseguidas por militares. Os seus amigos também sofreram um destino semelhante, incluindo Sudjiah e Sulami. Estas atividades levaram Rostina a ser interrogada frequentemente pelo regime militar. Só mais tarde construiu alianças com outros ativistas indonésios, tais como Rev. Inez Marantika e o padre Eddy Raintung.
Em 1980, fundou o grupo de trabalho Humaika, uma organização para os presos políticos que foram libertados da ilha de Buru e Plantungan. Mais tarde juntou-se a Yayasan Hidup Baru (YHB) uma associação que chegou a dar apoio na prisão aos presos políticos timorenses. Em 1989, Rostina e Lasut irritaram o governo indonésio quando denunciaram junto da comunidade internacional a execução de quatro políticos que estavam presos desde 1965 e iniciaram campanhas para a abolição da pena de morte na Indónesia. No final de 1990, Rostina deixou YHB para liderar o Instituto de Apoio de Prisioneiros Políticos das Igrejas Indonésias.
Ade Rostina juntamente com Asmara Nababan e vários outros líderes religiosos e de direitos humanos, estabeleceram uma comissão mista para os timorenses em situações de emergência devido ao massacre de Santa Cruz, de 12 de Novembro de 1991. Pela primeira vez Rostina envolveu-se na investigação de violações dos direitos humanos. Desde então realizou várias visitas a Timor-Leste, mantendo um envolvimento cada vez mais profundo com as vítimas, especialmente com as vítimas de violação. As suas opiniões sobre a atitude e violência praticada pelas autoridades indonésias em Timor desencadearam novamente fortes ameaças à sua integridade física.
Mas não só os acontecimentos de 1965 e os de 1991 obtiveram a atenção de Rostina que esteve também ativamente envolvida em campanhas pela defesa dos direitos humanos, durante o regime da Nova Ordem do Suharto. Ao longo da sua vida organizou também várias campanhas de apoio às vítimas de desastres naturais ,em várias regiões da Indonésia ,e manteve boas relações com muitas outras organizações de direitos humanos como ELSAM, Kontras, Imparsial, Pokastin, Shmi e Setara.
Em 1995, esta ativista pioneira na Indonésia recebeu o prêmio de Yap Thiam Hien . A idade e saúde nunca foram um obstáculo para ser ativa e apesar das pressões da família para descansar, Rostina sempre respondia "Se eu descanso, eu subjugo-me à morte."
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