quinta-feira, 7 de julho de 2011

Economia deverá crescer 5% a 6% ao ano mas continua à espera da "era do petróleo




ANP – LUSA

Lisboa, 06 jul (Lusa) -- As projeções do FMI para a economia de São Tomé e Príncipe apontam para crescimentos de 5,0 por cento este ano e 6,0 por cento em 2012, mas tudo depende da conjuntura internacional e dos investimentos na exploração petrolífera.

"Até que as receitas do petróleo se materializem, o governo vai continuar altamente dependente do financiamento externo", sustenta o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) na análise do país feita no relatório "Perspetivas para a economia africana 2011".

Cerca de 70 por cento do valor do orçamento aprovado pelo governo para este ano depende da ajuda externa e, em 2010, foi a ajuda pública ao desenvolvimento que compensou a queda do investimento direto estrangeiro (IDE) no país.

Neste contexto, outro fator importante é a estabilidade política. "As perspetivas para a economia, no curto prazo, dependem da estabilidade do Governo" minoritário, eleito em agosto de 2010, e "do sucesso das presidenciais", agendadas para 17 de julho, afirmam os economistas do BAD.

No entanto, admitem, após as eleições o investimento estrangeiro poderá voltar aos níveis de antes da crise económica.

No final de 2008, o IDE atingiu 146 milhões de dólares - quando em 2000 não foi além de 11,4 milhões de dólares - com o incremento de fluxos, fundamentalmente, no setor petrolífero, graças ao início das atividades na Zona de Desenvolvimento Conjunta (ZDC), resultante de uma parceria entre São Tomé e Príncipe e a Nigéria.

A realidade do país "deverá mudar substancialmente logo que a exploração dos seus recursos petrolíferos comece a produzir resultados palpáveis", sustenta o AICEP Portugal Global, na sua análise ao mercado são-tomense.

Mas as previsões mais recentes indicam que as atividades de exploração não deverão começar antes de 2016, por isso as perspetivas económicas a mais longo prazo são conservadoras -- um aumento do Produto Interno Bruto de 5,6 por cento é a previsão do FMI para esse ano.

O projeto de construção de um porto de águas profundas no país é apontado como o principal impulsionador da economia do país, além dos investimentos na exploração petrolífera.

Com um custo global de 570 milhões de dólares, o projeto será financiado em grande parte pelo grupo a que pertence a vencedora do concurso, a francesa Terminal Link, e a outra parte caberá ao BAD, à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e ao Banco Mundial (BM).

Com a perspetiva da exploração do petróleo, um novo código de investimentos, desde final de 2008, e outras medidas tomadas mais recentemente, alguns países da região têm investido mais em São Tomé e Príncipe, como é o caso da Nigéria, Camarões e Togo, embora a maior parte do investimento ainda venha de Portugal e Angola e ainda de França, Itália, Holanda e Reino Unido.

Porém, o problema estrutural mais grave da economia de São Tomé e Príncipe reside no défice da balança corrente, que atingiu 58,1 milhões de dólares em 2009 (cerca de 26 por cento do PIB), segundo dados do FMI, e as estimativas apontam para agravamentos em 2010 (para cerca de 28 por cento do PIB) e para este ano (cerca de 35,8 por cento).

Isto porque "a produção de cacau, em tempos dominante e que ainda representa grande parte das exportações do país, tem vindo a registar um declínio" nos últimos anos, como especifica o AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal).

Por outro lado, o setor do turismo constitui uma fonte de receitas crescente mas está fortemente dependente de bens importados, o que agrava a situação.

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