JOÃO MALHEIRO – DESTAK, opinião
Ganhou tudo, ganhou tanto. Ganhou a Supertaça, ganhou o Campeonato, ganhou a Taça de Portugal, ganhou a Liga Europa. André Villas-Boas, à frente do FC Porto, ganhou mais do que era suposto ganhar. Até ganhou a Liga nacional sem derrotas, coisa impensável de ser ganha numa actualidade mais competitiva do que outrora.
Villas-Boas deu cumprimento ao desígnio ganhador do FC Porto, deu comprimento inusitado ao palmarés pessoal, ainda que nos seus curtos 33 anos. Disse, num misto de paixão e de consagração, que estava sentado na cadeira do sonho. Disse e disse bem. A época azul, sob a sua liderança, foi mesmo de sonho. No Dragão, o sonho até desvaneceu a tese do aprendiz aplicado de Mourinho, da réplica imberbe de Mourinho.
Seduzido por um dos mais poderosos clubes do mundo, André Villas-Boas atirou-se da cadeira do sonho para a cadeira que poderá ser do paraíso. Ingressou no Chelsea, opção de risco, mas paga com o peso brutal e sedutor de notas e de intentos. Fez bem. Que mais poderia ganhar no FC Porto? A Liga dos Campeões. A hipótese tinha tudo de improvável e mais do que provável seria não reeditar a última temporada.
O presidente do FC Porto, infiel à máxima de Shakespeare, segundo a qual “a gratidão é o único tesouro dos humildes”, atirou-se a Villas-Boas com violência verbal e incontinência sentimental. Acusou-o de não se libertar do fantasma de Mourinho, acusou-o de menoridade perante o antigo mestre. Num mal disfarçado complexo de perda, o presidente do FC Porto não saiu da sua cadeira. Afinal, essa mesmo, a cadeira da ingratidão.
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