MARIA CAETANO - PONTO FINAL Macau
A UMAC recebe no final de Agosto o III Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa. O idioma é antigo, mas ganhou um novo enquadramento – é mais internacional. O encontro debruça-se sobre os novos falantes de português.
Aqueles que aprendem o português mudaram e o próprio idioma tem vindo a alterar o seu estatuto na arena mundial, mas a Ásia – onde se concentra uma parte importante dos novos falantes da língua – tem pouco protagonismo no circuito dos debates académicos sobre a matéria. A Universidade de Macau (UMAC) responde à concepção do português como “língua internacional” com um encontro de académicos e alunos para pensar sobre o que mudou no ensino do idioma. Acontece já no final do próximo mês.
O departamento de Português da instituição organiza o III Simpósio Mundial de estudos de Língua Portuguesa (SIMELP), a decorrer entre 30 de Agosto e 2 de Setembro, a contar com três centenas de participantes – duas dezenas dos quais oradores inscritos para proporem temas ao debate.
O programa inclui mais de meia centena de sessões relativas às novas motivações e processos de aprendizagem inerentes a uma maior projecção do português, que vão ter lugar na Escola Portuguesa de Macau, e são convidados a usar da palavra alguns dos principais investigadores da matéria.
A concepção do português como “língua internacional” implica “uma perspectiva diferente na forma de ensinar, na forma de motivar”, salienta o coordenador do encontro, Roberval Silva, docente de português na UMAC. “Mesmo a procura pela língua traz uma grande diferença em termos sociais, culturais e económicos”, acrescenta.
O programa do III SIMELP – o primeiro e o segundo realizara-se, respectivamente, no Brasil e em Portugal – foi ontem apresentado, e ambiciona “construir” ligações entre o território e o resto do mundo académico que se debruça sobre a língua portuguesa.
“O que estamos a fazer é tirar esse pólo Portugal-Brasil e a trazer [o debate] para um outro espaço, em que a língua portuguesa também é significativa e que pode abrir caminhos para outros contactos”, explicou o coordenador, avançando que se procura no simpósio de quatro dias “valorizar as pessoas que trabalham em Macau com o português, tanto profissionais como estudantes”.
Aprendizagem mais rica
O tema – a formação de novas gerações de falantes de português no mundo – foi escolhido pelos organizadores da UMAC. “A motivação para a aprendizagem do português como uma língua estrangeira, como segunda língua, é muito diferente da que havia, digamos, há 100 anos”, admite Roberval Silva, professor brasileiro a leccionar português nesta região administrativa especial da China.
“Estes estudantes são uma geração que tem uma motivação diferenciada. Portanto, a motivação faz com que todo o processo de aprendizagem seja muito mais profundo, rico e significativo”, entende.
Por outro lado, há os países que adoptaram o português como língua oficial após os processos de descolonização, como é o caso de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Timor-Leste, e onde há também novas realidades de aprendizagem. “Também representam um grupo significativamente grande de crianças e adolescentes que precisa de aprender o português”, destaca.
A inscrição no III SIMELP é gratuita para alunos, professores e investigadores de Macau, e alguns dos estudantes da UMAC irão preparar apresentações para o encontro também num trabalho conjunto com outros jovens da Universidade de São Paulo.
A possibilidade de intercâmbio é uma das experiências que o simpósio oferece. A Casa Garden será um lugar de “convívio” entre estudantes brasileiros e chineses, que vão ser recebidos pela Fundação Oriente. “Já conseguimos fazer várias conexões entre os estudantes de Macau – da universidade, especificamente – com outros estudantes de outros países”, congratula-se o coordenador do SIMELP.
Além das sessões de debate, está previsto também o lançamento de 15 obras académicas e literárias no território. “Organizaremos os autores em mesas para que as pessoas possam conhecer, circular, conversar e descobrir essas novas obras”, avançou o docente.
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