quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ramos-Horta reafirma interesse de Timor-Leste em comprar dívida soberana portuguesa




i Online - Lusa

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, reiterou hoje o interesse do seu país em comprar dívida soberana portuguesa, numa operação que poderá envolver o Brasil e Angola.

Ramos-Horta, que se encontra em visita oficial a Cabo Verde, explicou que a proposta inicial foi reformulada e que neste momento Timor-Leste pretende comprar a dívida soberana de Portugal, juntamente com Brasil e Angola, numa operação que, segundo garantiu, tem o aval do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e do líder da oposição timorense.

A agência de notação financeira Moody''s cortou na terça-feira o rating de Portugal em quatro níveis, para ''junk'' (lixo).

“O que há de novo, aliás uma iniciativa que partiu de mim, mas secundada pelo senhor primeiro-ministro e o líder da oposição, Mari Alkatiri, portanto há um consenso nisto e para que haja impacto teríamos que estar associados com o Brasil e Angola numa operação que visaria comprar a dívida soberana portuguesa de cinco a dez anos de maturidade e não de um ano”, afirmou.

Ramos-Horta explicou que teria de ser a uma maturidade entre cinco a dez anos, já que no seu entender se for de um ano é uma “mera especulação para ganhar dinheiro rápido e fácil”.

“Nos compraríamos dívida soberana portuguesa de cinco e dez anos, negociando com Portugal a juros que sejam moralmente sustentáveis porque o que se passa é uma imoralidade dos mercados financeiros”, acrescentou.

O Presidente timorense esclareceu que esta operação não é “uma ajuda a Portugal”, mas sim um investimento.

“Eu clarifico a nossa postura, primeiro para contrariar alguma referência de que Timor-Leste pretende assim ajudar Portugal. Não parece ser uma descrição exata. Trata-se de um possível investimento que nós fazemos normalmente como qualquer país que tenha algum excedente financeiro e que decide fazê-lo. Fá-lo internamente no país em variados projetos ou regional e internacionalmente”, disse.

Ramos-Horta explicou ainda que a lei do Fundo Petrolífero do seu país, criado em 2004, obriga a um investimento de 90 por cento do fundo em títulos do tesouro norte-americano e 10 por cento em outros títulos.

“Os dez por cento já foram todos aplicados no ano passado e este ano. Agora o que se o prevê é a alteração da lei do Fundo do Petróleo para aumentar a percentagem de aplicação em outros investimentos que podem ser compra de dívida soberana ou investimentos estratégicos na Ásia ou em qualquer país do mundo que os nossos conselheiros entendem que seja a melhor aposta para Timor-leste”, disse.

“A compra da divida soberana portuguesa faz parte de todo este processo”, avançou.

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