segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Brasil - Porto Alegre: EX-VICE-CÔNSUL DIZ-SE VÍTIMA DE GOLPE CONTRA ARQUIDIOCESE





Adelino Pinto diz que também perdeu dinheiro

O ex-vice-cônsul de Portugal Adelino Pinto afirmou que também é vítima do golpe que gerou um prejuízo de 2,5 milhões de reais (1,08 milhão de euros) à arquidiocese de Porto Alegre, no sul do Brasil, noticia a Lusa.

«Eu fiquei sem nada. Acabei colocando dinheiro meu também que ainda não foi restituído», declarou em entrevista por telefone ao jornal «Zero Hora», do Rio Grande do Sul. Adelino Pinto afirmou que não ficou com o dinheiro da arquidiocese.

Segundo os padres brasileiros, Adelino Pinto ofereceu-se, em nome do Governo de Portugal, para intermediar o contrato com uma ONG belga que financiaria o restauro de duas igrejas de origem portuguesa no Brasil.

Para receber o dinheiro, a arquidiocese depositou os 2,5 milhões de reais como caução na conta bancária de Adelino Pinto. O financiamento para as reconstruções, porém, nunca chegou.

Segundo as investigações da polícia brasileira, o dinheiro foi transferido pelo vice-cônsul, entretanto exonerado de funções, para contas no Brasil e no estrangeiro.

Do dinheiro que ficou no Brasil, foram gastos 447 mil reais (194 mil euros). A polícia registou despesas com restaurantes, tratamentos estéticos e eletrodomésticos, entre outros.

O ex-vice-cônsul negou esses gastos. «Só se estou com amnésia muito grande, mas não lembro nada disso. Comprei coisas essenciais», declarou.

Sobre a transferência de 1,8 milhão de reais (780 mil euros) para uma conta no banco BBVA em Lisboa, Adelino declarou que esse dinheiro foi mandado para uma conta de Teresa Falcão e Cunha, representante da ONG belga que financiaria os restauros.

«Há provas documentais em que ela assume que ficou com o dinheiro», disse o português, que está a ser investigado em Portugal pelo Ministério Público.

Ele reconheceu que a mulher «desapareceu», mas afirmou que ela disse, por intermédio de uma colaboradora, que devolveria o dinheiro à arquidiocese até ao final do ano.

Segundo Adelino Pinto, Teresa Falcão e Cunha é portuguesa, do Algarve. A colaboradora é uma funcionária pública chamada Teresa Almeida.

O ex-vice-cônsul disse ao jornal que está em Roma, a resolver assuntos pessoais. No entanto, ele foi avistado na semana passada em Lisboa, segundo testemunhas contactadas pela Lusa.

Na entrevista, Adelino afirmou que voltaria ao Brasil na terça-feira para se apresentar no Consulado de Portugal. «Sou vice-cônsul aí. Preciso dar a cara e me apresentar às pessoas», declarou.

Ao ser confrontado com o facto de que já foi afastado do cargo, disse que «não tem qualquer problema» em se apresentar até a conclusão das investigações.

Adelino Pinto disse também que quer se apresentar à polícia em Porto Alegre ainda este mês.

Na sexta-feira, a Justiça brasileira decretou a prisão de Adelino, que é considerado foragido. A polícia brasileira disse que comunicaria a Interpol sobre a ordem de prisão.

Contactado pela Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal comunicou que, até ao fim dos processos judiciais, não produzirá comentários.

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