sexta-feira, 19 de agosto de 2011

COMUNIDADE INTERNACIONAL TEME ESCALADA DE VIOLÊNCIA NO MÉDIO ORIENTE


Destruição após bombas israelenses em Gaza

DEUTSCHE WELLE

Atentados no sul de Israel foram os mais violentos em três anos, dando início a uma escalada de violência, com bombardeios israelenses na Faixa de Gaza e contra-ataques palestinos. Israel vê corresponsabilidade egípcia.

A aparente trégua entre israelenses e palestinos está definitivamente rompida. Em resposta aos atentados em suas fronteiras com o Egito e a Jordânia, que mataram oito pessoas e feriram dezenas, Israel atacou diversos alvos na Faixa de Gaza, nesta sexta-feira (19/08). Em resposta, os palestinos contra-atacaram com mísseis de fabricação própria.

Segundo fontes palestinas, entre os vários mortos na cidade de Rafah, encontrava-se o líder da organização extremista Comitê da Resistência Popular, Awab Airab, apontada por Tel Aviv entre os responsáveis pelos atos terroristas.

Preocupação internacional

Cresce a preocupação internacional de que este seja o início de uma nova espiral de violência no Oriente Médio. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou os atentados em Israel – os mais sangrentos desde 6 março de 2008, quando oito estudantes israelenses perderam a vida em Jerusalém. Ele expressou suas condolências aos familiares das vítimas, porém instando todos os envolvidos a agirem com autocontrole.

A alta representante da União Europeia para Assuntos Externos, Catherine Ashton, igualmente lamentou as ocorrências. Também os Estados Unidos, a França e a Alemanha condenaram severamente as ações. A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, falou em "ataques brutais e covardes", os quais "parecem ser atos de terrorismo premeditados contra civis inocentes".

O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, alertou para que não se desista da busca de uma solução pacífica para a região: "A difícil luta pela paz e equanimidade no Oriente Médio não pode ser torpedeada pelo terror e violência", disse.

Corresponsabilidade egípcia?

Antes dos bombardeios de retaliação na Faixa de Gaza, o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, dissera crer que pelo menos os mentores se encontrassem entre os radicais islâmicos do Hamas, o qual domina a região desde meados de junho de 2007, e nega o direito de existência de Israel.

Ahmed Yussef, um dos líderes do grupo, distanciou-se dos atentados, embora sem muita convicção, e ajuntou: "Mas nós louvamos os autores, pois atacaram soldados israelenses". Barak disse considerar o Egito corresponsável pelos atos de violência, os quais seriam "uma prova do enfraquecimento do controle egípcio sobre a Península do Sinai, e do fortalecimento dos grupos terroristas no país".

A área esparsamente povoada forma uma enorme zona-tampão entre Israel e o Egito – os quais assinaram um tratado de paz em 1979, após duas guerras em menos de uma década. Tel Aviv gozava de boas relações com o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, também aliado dos EUA. Porém desde a queda de seu regime, em fevereiro último, autoridades israelenses têm expressado preocupação quanto à segurança na Península do Sinai.

"Problema maior do que o Irã"

A cidade balneária de Eilat, perto da qual ocorreram os atos que Israel atribui aos palestinos, era considerada segura, até então. Situada às margens do Mar Vermelho, no mês de agosto dezenas de milhares de pessoas de todo o mundo costumam passar lá suas férias. Portanto os quatro atentados coordenados atingem o país em plena temporada turística.

Para o especialista israelense em terrorismo Ely Karmon, os atentados fatais no extremo sul de seu país não foram surpresa: as repetidas investidas contra um gasoduto importante para Israel, desde a revolução no Egito, já haviam sido advertência suficiente. Karmon confirma que após a queda do regime Mubarak criou-se um vácuo de poder no Cairo, e o país se torna um problema estratégico, apontou.

"Do ponto de vista israelense, a fronteira sul é possivelmente um problema maior do que a do Líbano, ao norte", e maior até mesmo que o Irã, avaliou. O Exército israelense começou a construir uma cerca ao longo dos 180 quilômetros da fronteira com o Egito, que espera concluir até o fim de 2012.

AV/dpa/rtr - Revisão: Carlos Albuquerque

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