quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O FUTURO DO PORTUGUÊS EM TIMOR-LESTE (1) – A ELIMINAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA




DAVI B. DE ALBUQUERQUE* - EAST TIMOR LINGUISTICS: state of the art

Logo no início deste mês, dia 09 de agosto para ser mais exato, a PNN (Portuguese News Network) divulgou a notícia polêmica de que o CMT (Conselho de Ministros Timorenses) está preparando o currículo do ensino básico (ou o diploma como chamam em outros países lusófonos) com o objetivo de retirar a língua portuguesa deste.

Segundo a mesma notícia, a medida tem apoio do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Instituto Nacional de Linguística (INL) e tem a frente como principais defensores o Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão, e  sua esposa, Kirsty Gusmão. Porém, no blog Página Global, onde a notícia foi amplamente divulgada (há na realidade um post publicado e logo depois um outro), diversas pessoas se manifestaram contra ou a favor da medida, incluindo a própria Kirsty Gusmão, que além de esposa do Primeiro-Ministro leste-timorense é Embaixadora da Boa Vontade para Educação. 

Acusada de ter interesses em abolir o português de Timor-Leste, Kirsty Gusmão se defendeu de tais alegações, argumentando com dados a respeito da realidade da educação de ensino básico em Timor Leste, assim como se utilizando de seu projeto de política nacional intitulado Educação multilíngue baseada na língua materna. 

O link para a primeira notícia é:
neste constam informações a respeito da proposta governamental, juntamente com um grande número de comentários de pessoas contra e a favor, e discussões de natureza cultural e política.

O link para a segunda notícia é:
neste constam informações complementares à notícia principal.

O link para o comentário de Kirsty Gusmão, junto com o endereço para acesso a seu projeto é:

Estas notícias provocaram uma grande polêmica e vários blogs, páginas da internet e outros meios de comunicação e da mídia acabaram por divulgá-la ou reproduzir tal notícia da Página Global. A polêmica está longe de seu fim, mas parece que tudo já está determinado mesmo e sem possibilidade de diálogo. Afinal, este tipo de decisão política não consulta o povo e muito menos os especialistas no assunto, no caso os especialistas em língua são os linguistas. 

Em próximos posts, eu escreverei mais informações a respeito da proposta, como está caminhando e questões sobre sua legalidade. Ainda, eu também analisarei, como linguista de formação e profissão, e com experiência em Timor-Leste, a validade da Educação multilíngue baseada na língua materna e as consequências para a língua portuguesa e para as línguas nativas leste-timorenses desta política linguística a ser adotada para um futuro próximo.

*Davi B. de Albuquerque é linguista na Universidade de Brasília

1 comentário:

TRYGON disse...

Meu caro Davi, primeiro fico feliz em saber que continua se manifestando nas causas timorenses, segundo, todos nós que demos aulas em Timor-Leste sabemos da dificuldade que os professores sentem com a língua portuguesa, esse quadro só muda quando as estratégias de implementação da língua mudarem. Nào se reintroduz uma lingua que não foi introduzida nas mentes pensantes do país, nos timorenses formadores de opinião. mas como bem disse um professor timorense no encerramento da pos graduação em 2010: A LÍNGUA PORTUGUESA É O BODE EXPIATÓRIO DOS PROBLEMAS DO SISTEMA EDUCACIONAL TIMORENSE.

Mais lidas da semana