... seja a maior de sempre
EL - LUSA
Lisboa, 27 ago (Lusa) -- Os organizadores da manifestação marcada para o próximo dia 03 em Luanda pretendem que esta seja a maior de sempre, disse à Lusa o porta-voz da iniciativa.
Contactado telefonicamente a partir de Lisboa, Carbono Casimiro, um dos mais conhecidos "rappers" angolanos, disse à Lusa que o trabalho de mobilização está a ser feito em moldes diferentes das anteriores manifestações contra o regime de Luanda.
"Estamos a dar muita luta para que saia da melhor forma e mais populosa possível. Estamos a fazer um trabalho de campo no sentido de mobilizar localmente, em cada bairro. Isso nunca houve até agora. Nunca fizemos mobilização a nível dos bairros. Estamos a levar a informação a sítios mais distantes. Estamos com fé que a manifestação terá agora muito maior aderência por parte das pessoas", salientou.
Carbono Casimiro tem estado na linha da frente das manifestações que se realizaram este ano na Praça da Independência, em Luanda, todas com o mesmo pretexto: contra o Presidente José Eduardo dos Santos.
A primeira tentativa, a 07 de março foi frustrada pela polícia, que deteve cerca de 20 pessoas, a segunda, a 02 de abril, foi bem sucedida, sem interferência da polícia e permitiu juntar cerca de 300 pessoas.
Desta feita, o objetivo, frisou Carbono Casimiro, é "exigir a destituição de José Eduardo dos Santos, que até agora não legitimou o seu poder".
"É a primeira coisa que nós queremos. A segunda coisa é a democratização dos órgãos públicos, que são praticamente partidários e outras exigências", disse.
Os órgãos públicos a que se refere Carbono Casimiro são a comunicação social e a polícia.
O Presidente José Eduardo dos Santos, cujo 69º aniversário se celebra no próximo dia 28, um pretexto para dezenas de atividades já realizadas e a realizar pelo MPLA, partido no poder, é para estes jovens o símbolo do que está errado na sociedade angolana.
"Nesta altura vemos um culto de personalidade da imagem do senhor Presidente muito grande. Esse culto de personalidade está cada vez mais exagerado. Eles (MPLA) andam por aí a procurar, de todas as formas, a bajulação para agradar ao presidente", considerou.
Carbono Casimiro dá como exemplo a recente inauguração da sede da Organização da Mulher Angolana (OMA).
"Há pouco tempo houve a inauguração do edifício da OMA. Inauguraram um prédio novo, moderno - não sei como é aquilo, mas pronto, tem uma boa aparência -, e há uma imagem enorme nesse edifício, um prédio de sete ou oito andares, com a imagem do presidente", recordou.
"Então eu pergunto: mas não deve haver aí uma mulher, que represente de facto a OMA. Tem que ser a imagem do presidente? É o cúmulo do culto de personalidade", acrescentou.
Outros dos exemplos que deu foi o da utilização da figura de José Eduardo dos Santos no papel-moeda e nos bilhetes de identidade.
"Acho que eles querem perpetuar a imagem. Querem endeusar a imagem do presidente", criticou.
Para os organizadores da manifestação de 03 de setembro o Presidente angolano "não é legítimo", porque, acusam, "não foi eleito".
No dia 03 de setembro asseguram que vão fazer uma "manifestação pacífica".
*Foto em Lusa
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