foto Jonathan Ernst/Reuters |
ELMANO MADAIL – JORNAL DE NOTÍCIAS
Grupos terroristas foram brutalmente liquidados num confronto que incluiu a tortura e a devassa.
Reagindo ao golpe da al-Qaeda no coração dos EUA a 11 de Setembro de 2001, o presidente George W. Bush ordenou missão inusitada - a Guerra ao Terror. Sem fim nem vitória possíveis, ganhou, porém, bastas batalhas. Derrotando, também, os direitos humanos.
O golpe de Osama bin Laden no santuário norte-americano (o primeiro e único até hoje) catapultou uma Presidência que parecia fadada à irrelevância para uma viragem radical no panorama geopolítico e, mais do que isso, na própria essência constitucional dos EUA. Foi um Bush ferido que o anunciou ao Mundo, na ressaca dos atentados às Twin Towers: "Ou estão connosco ou contra nós". Sem neutralidade possível, Bush lançou uma guerra global e total ao terrorismo, reivindicando até o direito ao ataque preventivo, alegando o carácter da guerra informal contra um inimigo difuso e sem território definido.
Muitos estadistas, a braços com guerrilhas internas, exultaram. Vladimir Putin, o frio czar russo que emergiu do ex-KGB, por exemplo, esqueceu a rivalidade com a potência sobrante da Guerra Fria e apoiou o ensejo de Bush, cujos acólitos neoconservadores e juristas do Pentágono criaram um conceito para evitar constrangimentos: o "inimigo combatente", que os retirava do âmbito da Convenção de Genebra. Washington abandonava o policiamento dos direitos humanos, enquanto aumentava verbas para o antiterrorismo e forçava aliados e países terceiros a cruzar informações sobre organizações consideradas terroristas.
Tamanho investimento deu frutos: enfraqueceu as guerrilhas que, como ficou provado no caso da ETA (organização separatista basca) e das FARC (guerrilha marxista da Colômbia), mantinham laços estreitos, mesmo que transatlânticos. A primeira está reduzida a um grupo acossado e liderado por chefias jovens e algo incompetentes; a segunda foi desbaratada por Bogotá em 2009. O mesmo ano, aliás, em que o Governo do Sri Lanka aniquilou completamente os Tigres Tamil, abatendo o seu mítico líder Velupillai Prabhakaran. De igual modo, a guerrilha islamita da Chechénia ressentiu-se imediatamente, com o incremento de tropas e da brutalidade russa naquele território e o sucessivo extermínio dos seus dirigentes.
Os danos colaterais da Guerra ao Terror revelaram-se cedo, porém: estadistas pouco dados à compaixão dos direitos humanos aproveitaram para esmagar dissidências, como no Egipto e no Paquistão. E até mesmo no berço da democracia contemporânea, os EUA, se notaram, com o cerco às liberdades individuais.
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