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Macau, China, 11 out (Lusa) - O fundo de mil milhões de dólares a ser desbloqueado pela China para o desenvolvimento da cooperação com a lusofonia deveria ser aplicado na redução da pobreza e criação de riqueza, defende o secretário-geral adjunto do Fórum Macau.
A medida foi anunciada em novembro de 2010 pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, com o prazo de três anos para ser aplicada pela iniciativa de bancos do interior da China e da Região Administrativa Especial sob a liderança do China Development Bank.
Wen Jiabao também anunciou na ocasião a concessão de créditos de 1.600 milhões de yuan (176 milhões de euros) para os países lusófonos de África e Ásia.
Em entrevista à Agência Lusa, o novo secretário-geral adjunto do Secretariado Permanente do Fórum Macau, Marcelo Pedro D' Almeida, representante da Guiné-Bissau, salienta a "grande expetativa" com que os países de língua portuguesa membros da organização, "sobretudo os de África e Ásia", aguardam o desbloqueio do fundo, que poderá acontecer no próximo ano.
"Cerca de 70 por cento das questões que têm chegado ao Fórum [por parte dos países membros] estão relacionadas com este fundo, o que revela uma grande expetativa, pois 1.000 milhões de dólares [733 milhões de euros] numa primeira fase, segundo o anunciado, é uma boa ajuda ao desenvolvimento dos nossos países", indica.
Ao salientar que o plano de ação do Fórum Macau em vigor até 2013 motivou uma confiança reforçada em relação ao futuro das relações China-lusofonia e dos frutos que poderão gerar, "sobretudo pela promessa do fundo", Marcelo D' Almeida manifesta-se convicto de que a medida "vai catalisar o comércio, a cooperação e projetos" nos países lusófonos.
"É que só a boa vontade não chega, é preciso um financiamento dessas ações e estamos a contar precisamente com isso, de ver esse fundo desbloqueado em condições bastante favoráveis e de acesso fácil, com mecanismos acessíveis", sustenta.
Apesar de não serem ainda conhecidas as condições de acesso ao fundo, o responsável considera que "para cada um dos países membros [do Fórum] deverá ser realizado um estudo que permita que aquele incida em áreas que possam criar riqueza".
Para Marcelo D' Almeida, os 1.000 milhões de dólares deveriam beneficiar os "projetos e setores que refletem a potencialidade de cada país, em que têm vantagens competitivas e que tenham possibilidades de criação de riqueza e redução da pobreza", sendo uma "outra perspetiva" além do fundo já existente para África, de que alguns países membros do Fórum são beneficiários.
O Fórum Macau "tem a esperança de vir a ter um papel ativo na distribuição e utilização desse fundo, até pelo seu conhecimento profundo das necessidades e prioridades dos países membros".
A expetativa é de que a medida seja aprovada pelo Conselho de Estado chinês até ao final do ano, sendo depois "necessário mais um tempo para ser lançado e conhecido como será utilizado, se apoiará a expansão das empresas de Macau e da China para os países lusófonos ou se apoiará os projetos individuais de cada um deles", explicou.
"Neste momento, o que se sabe é que ainda está em estudo, estando a decorrer os trâmites normais para a sua aprovação, mas penso que dentro de mais alguns meses teremos uma certeza sobre os contornos e condições de acesso a este fundo", concluiu.
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