Apostolis Fotiadis – IPS – Carta Maior
A capital da Grécia vê multiplicarem-se os problemas sociais derivados da grave crise econômica. Desnutrição, Aids, prostituição, drogas e suicídios são ameaças crescentes. A economia teve uma contração de 5% este ano, enquanto o desemprego chegou a 20% da população economicamente ativa. Em consequência, muitos enfrentam a ameaça da extrema pobreza pela primeira vez nas suas vidas. Muitos ficaram sem teto e, apesar de se aproximar o inverno, reúnem-se em massa nas principais praças do país.
Apesar de o governo insistir em dizer que o ajuste fiscal é necessário para melhorar a posição do país frente aos mercados internacionais, os cidadãos vão se convencendo de que o custo social é muito alto.
Desde o ano passado, o governo vem aumentando impostos e reduzindo pensões e salários de funcionários públicos. No mês passado, as autoridades anunciaram que reduziriam o salário de 30 mil funcionários públicos como medida prévia à suspensão dos seus contratos, e também que diminuiria as pensões de quase meio milhão de aposentados do setor.
Além disso, o governo impôs um “imposto de solidariedade”, que varia de 1% a 4% do rendimento, lançando, dessa forma, sobre os contribuintes a carga dos apoios aos desempregados. Também introduziu taxas adicionais aos trabalhadores independentes. E, ainda, elevou o imposto sobre valor acrescentado da maioria dos bens e serviços. O dos alimentos subiu de 13% para 23%. Apesar de todas estas medidas, Atenas não conseguiu controlar a crise.
Na semana passada, a União Europeia concluiu o Acordo de Bruxelas, destinado a reduzir a metade a dívida grega. A economia teve uma contração de 5% este ano, enquanto o desemprego chegou a 20% da população economicamente ativa. Em consequência, muitos enfrentam a ameaça da extrema pobreza pela primeira vez nas suas vidas. Muitos ficaram sem teto e, apesar de se aproximar o inverno, reúnem-se em massa nas principais praças do país.
A organização sem fins lucrativos Médicos do Mundo realiza um programa voluntário para ajudar os sem-teto e também administra uma policlínica em Perama, distrito de Atenas, onde a maioria da população economicamente ativa dependia da construção e reparação das docas. O colapso dessa indústria nos últimos anos levou à pobreza centenas de famílias do distrito.
Nikitas Kanakis, director da Médicos do Mundo, disse que Atenas está à beira de uma crise humanitária. “Dos 40 meninos e meninas que o nosso pediatra examinou há duas semanas, 23 estavam desnutridos”, disse à IPS. “Há alguns anos pensávamos que este país havia passado a fase em que a falta de comida era um relevante problema social. Agora estamos a fazer pedidos públicos de abastecimento, para poder dar aos que necessitam rações secas e roupa, juntamente com os nossos medicamentos”, acrescentou Kanakis.
Segundo Giorgos Apostolopoulos, chefe do Centro de Atenas para Pessoas Sem Tecto, a falta de alimentos está a chegar a um ponto crítico. O centro, que distribui refeições várias vezes ao dia para pessoas necessitadas, experimentou um aumento de 30% nas visitas desde o começo deste ano. “Oferecemos três mil refeições diárias no nosso Centro, e a Igreja Ortodoxa Grega outras 3.200, por meio das nossas instalações”, disse Apostolopoulos à IPS. Há alguns dias, o Centro fez um pedido público de doações de macarrão e molho de tomate em lata para cobrir as rações do final de semana, que foram afetadas pela falta de recursos.
Cerca de 12 mil refeições são oferecidas em Atenas diariamente aos necessitados. “Embora tenha havido aumento no número de visitantes, é extremamente difícil calcular a quantidade exata de pessoas que sofrem carências, já que os que experimentam essa condição pela primeira vez tendem a ser muito reservados”, acrescentou Apostolopoulos.
Este ativista destacou que ele e os seus colegas atravessam sérias dificuldades diárias para manter o Centro a funcionar. “Consideramos que a crise econômica e política exerce enorme pressão nas estruturas administrativas, temos que lutar para sobreviver a cada dia. Acredite, é uma realidade muito difícil que temos de enfrentar”, contou à IPS.
Outro problema é o abuso de drogas, que agora tomou conta dos espaços públicos, sobretudo nas proximidades de universidades, sem que haja vigilância ou esforços de prevenção. Evvagelos Liapis, médico do Centro para o Controle e a Prevenção de Enfermidades, disse que as policlínicas móveis do instituto examinaram oito mil pessoas desde Junho.
“Embora ainda não possamos apresentar números exatos, já podemos constatar uma óbvia correlação entre a deterioração económica e as condições de saúde de grupos sociais específicos. Os impactos da crise são sentidos sobretudo pelas pessoas sem tecto, pelos imigrantes ilegais e os viciados em drogas no centro de Atenas”, ressaltou Liapis à IPS.
“Notamos um significativo aumento das doenças transmitidas por contacto da pele ou sexualmente, como a sífilis. Também estudamos um possível aumento nos casos de hepatite e do vírus HIV (vírus da deficiência imunológica humana, causador da Aids) entre esses grupos de pessoas”, acrescentou o médico.
Liapis acredita que a deterioração das condições de saúde é o resultado direto do colapso dos programas sociais, como os de troca de seringas para viciados em drogas. “Um viciado sem dinheiro seguramente prefere economizar um euro para a sua dose do que comprar uma nova seringa”, o que o deixa sob o risco de contrair o HIV. “Além do aumento das doenças sexualmente transmissíveis, também temos fortes indícios de aumento da prostituição nas ruas”, acrescentou. E, em Setembro, o ministro da Saúde, Andreas Loverdos, informou que os suicídios aumentaram 40% nos primeiros meses de 2011. (Envolverde/IPS)
Desde o ano passado, o governo vem aumentando impostos e reduzindo pensões e salários de funcionários públicos. No mês passado, as autoridades anunciaram que reduziriam o salário de 30 mil funcionários públicos como medida prévia à suspensão dos seus contratos, e também que diminuiria as pensões de quase meio milhão de aposentados do setor.
Além disso, o governo impôs um “imposto de solidariedade”, que varia de 1% a 4% do rendimento, lançando, dessa forma, sobre os contribuintes a carga dos apoios aos desempregados. Também introduziu taxas adicionais aos trabalhadores independentes. E, ainda, elevou o imposto sobre valor acrescentado da maioria dos bens e serviços. O dos alimentos subiu de 13% para 23%. Apesar de todas estas medidas, Atenas não conseguiu controlar a crise.
Na semana passada, a União Europeia concluiu o Acordo de Bruxelas, destinado a reduzir a metade a dívida grega. A economia teve uma contração de 5% este ano, enquanto o desemprego chegou a 20% da população economicamente ativa. Em consequência, muitos enfrentam a ameaça da extrema pobreza pela primeira vez nas suas vidas. Muitos ficaram sem teto e, apesar de se aproximar o inverno, reúnem-se em massa nas principais praças do país.
A organização sem fins lucrativos Médicos do Mundo realiza um programa voluntário para ajudar os sem-teto e também administra uma policlínica em Perama, distrito de Atenas, onde a maioria da população economicamente ativa dependia da construção e reparação das docas. O colapso dessa indústria nos últimos anos levou à pobreza centenas de famílias do distrito.
Nikitas Kanakis, director da Médicos do Mundo, disse que Atenas está à beira de uma crise humanitária. “Dos 40 meninos e meninas que o nosso pediatra examinou há duas semanas, 23 estavam desnutridos”, disse à IPS. “Há alguns anos pensávamos que este país havia passado a fase em que a falta de comida era um relevante problema social. Agora estamos a fazer pedidos públicos de abastecimento, para poder dar aos que necessitam rações secas e roupa, juntamente com os nossos medicamentos”, acrescentou Kanakis.
Segundo Giorgos Apostolopoulos, chefe do Centro de Atenas para Pessoas Sem Tecto, a falta de alimentos está a chegar a um ponto crítico. O centro, que distribui refeições várias vezes ao dia para pessoas necessitadas, experimentou um aumento de 30% nas visitas desde o começo deste ano. “Oferecemos três mil refeições diárias no nosso Centro, e a Igreja Ortodoxa Grega outras 3.200, por meio das nossas instalações”, disse Apostolopoulos à IPS. Há alguns dias, o Centro fez um pedido público de doações de macarrão e molho de tomate em lata para cobrir as rações do final de semana, que foram afetadas pela falta de recursos.
Cerca de 12 mil refeições são oferecidas em Atenas diariamente aos necessitados. “Embora tenha havido aumento no número de visitantes, é extremamente difícil calcular a quantidade exata de pessoas que sofrem carências, já que os que experimentam essa condição pela primeira vez tendem a ser muito reservados”, acrescentou Apostolopoulos.
Este ativista destacou que ele e os seus colegas atravessam sérias dificuldades diárias para manter o Centro a funcionar. “Consideramos que a crise econômica e política exerce enorme pressão nas estruturas administrativas, temos que lutar para sobreviver a cada dia. Acredite, é uma realidade muito difícil que temos de enfrentar”, contou à IPS.
Outro problema é o abuso de drogas, que agora tomou conta dos espaços públicos, sobretudo nas proximidades de universidades, sem que haja vigilância ou esforços de prevenção. Evvagelos Liapis, médico do Centro para o Controle e a Prevenção de Enfermidades, disse que as policlínicas móveis do instituto examinaram oito mil pessoas desde Junho.
“Embora ainda não possamos apresentar números exatos, já podemos constatar uma óbvia correlação entre a deterioração económica e as condições de saúde de grupos sociais específicos. Os impactos da crise são sentidos sobretudo pelas pessoas sem tecto, pelos imigrantes ilegais e os viciados em drogas no centro de Atenas”, ressaltou Liapis à IPS.
“Notamos um significativo aumento das doenças transmitidas por contacto da pele ou sexualmente, como a sífilis. Também estudamos um possível aumento nos casos de hepatite e do vírus HIV (vírus da deficiência imunológica humana, causador da Aids) entre esses grupos de pessoas”, acrescentou o médico.
Liapis acredita que a deterioração das condições de saúde é o resultado direto do colapso dos programas sociais, como os de troca de seringas para viciados em drogas. “Um viciado sem dinheiro seguramente prefere economizar um euro para a sua dose do que comprar uma nova seringa”, o que o deixa sob o risco de contrair o HIV. “Além do aumento das doenças sexualmente transmissíveis, também temos fortes indícios de aumento da prostituição nas ruas”, acrescentou. E, em Setembro, o ministro da Saúde, Andreas Loverdos, informou que os suicídios aumentaram 40% nos primeiros meses de 2011. (Envolverde/IPS)
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