terça-feira, 29 de novembro de 2011

GUINÉ EQUATORIAL APRENDE COM ANGOLA




ANTÓNIO LUVUALU DE CARVALHO* - JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Desde que o país alcançou a paz definitiva no ano de 2002, temos assistido uma dinâmica “sui generis” em termos de política externa do Estado. Em tempos idos, Angola ficou conhecida como sendo a “trincheira firme da revolução” na África Austral liderando os países da linha da frente e travando uma luta feroz que foi heroicamente vencida para o fim do regime racista apartheid na África do Sul que levou também ao surgimento de mais uma nação no mundo neste caso a vizinha Namíbia.

Entretanto, depois de um processo de reconciliação nacional exemplar reconhecido a todos os títulos e níveis pelas instancias mundiais inclusive distinguido com mérito pela própria Organização das Nações Unidas ONU, Angola transformou-se num guia exemplar a seguir para o alcance da paz interna não só para líderes africanos como para líderes mundiais que todos os anos visitam o palácio da Cidade Alta para receberem as melhores linhas de orientação do chefe de Estado José Eduardo dos Santos para saírem de situações difíceis em que se encontrem não só de guerra como também económico-sociais.

Nesta senda, lembro-me de visitas de chefes de Estado da África do Sul, Namíbia, Zimbabwe, República Democrática do Congo, República do Congo Brazzaville, República Centro Africana, Costa do Marfim, Guiné Bissau, Guiné Conacri, Cabo Verde, São Tome e Príncipe, e outros países não menos importantes do nosso continente, sem mencionar os líderes das grandes potências mundiais e não só que passam por Luanda a procura de alianças estratégicas e de melhores oportunidades de negócios como a secretaria de Estado Norte-Americana Hillary Clinton, o ex. secretário de Estado Collin Powell, dos presidentes de Portugal, França, Venezuela, Brasil, Federação Russa, Timor Leste, sem falar de vários primeiros-ministros como o da China, Portugal da Chanceler Alemã, vários vice-presidentes, presidentes de Assembleias nacionais entre outras altas figuras.

Durante este mesmo tempo de paz, Angola ocupou vários cargos de destaque a nível regional como a presidência da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral SADC, da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa CPLP e a nível mundial destacando-se a presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas ONU e a participação de vários fóruns tendo como a Cimeira do G8 Grupo dos 8 países mais ricos do mundo.

Assim sendo, a enorme experiencia do executivo nacional, faz com que todas as semanas líderes mundiais visitem o nosso país. Na semana passada, depois de ter recebido o primeiro-ministro português, o Chefe de Estado recebeu Teodoro Obiang Nguema Mbasongo presidente da República da Guiné Equatorial. Foi uma visita considerada de muito importante pelo próprio presidente equato-guineense que nesta altura é também o presidente da União Africana. Em Angola, Teodoro Obiang Nguema veio colher experiencias políticas e económicas passando pela vertente social já que mostrou um grande interesse em colher experiencias nacionais tendo sido convidado a visitar a cidade do Kilamba aonde foi recebido pelo ministro do Urbanismo e Construção e pelo presidente da administração da aludida cidade. Teodoro Obiang Nguema deslocou-se ao nosso país para consolidar cada vez mais os laços que unem os dois povos. Na última cimeira da CPLP realizada em Luanda, soube-se que o presidente Nguema tinha promulgado um decreto de lei que tornou a língua portuguesa na terceira língua oficial do seu país depois do espanhol e o francês o que não foi suficiente para que o país fosse aceite como membro de pleno direito na organização já que a “Declaração de Luanda” da VIII a Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa recomendou “reformas a concretizar pela Guiné Equatorial para dar pleno cumprimento às disposições estatutárias da CPLP, particularmente no que respeita à adopção e utilização efectiva da Língua Portuguesa”. De Luanda, Obiang Nguema espera levar a melhor experiencia já que como se sabe, Angola é líder na comunidade no que se refere a construção de escolas e expansão do ensino dos grandes centros urbanos para o interior do país.

Apesar de ser um dos menores países de África, a República da Guiné Equatorial tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo. A expectativa das grandes companhias petrolíferas mundiais para o país são tão grandes que denominam o país de “Kuwait de África”.

Actualmente, a Guiné Equatorial é um país próspero segundo o CIA World Fact Book com 616 mil habitantes com um Produto Interno Bruto PIB de 24,66 mil milhões de dólares norte-americanos. Ainda segundo a mesma fonte, o país tinha em Janeiro do presente ano reservas comprovadas de 1, 1 mil milhões barris de petróleo com uma produção diária de 362 mil barris sendo que exporta 360 mil barris, tendo um consumo de apenas mil barris por dia. O país tem reservas comprovadas de 36,81 mil milhões de metros cúbicos de gás natural. A Guiné Equatorial tem uma produção de 28 milhões de Kilowatts consumindo 26, 4 milhões do que produz. Em termos financeiros, o país teve em 2010 um saldo de conta corrente de 1.477 mil milhões de dólares possuindo reservas em moeda estrangeira e ouro em 2011 no valor de 4. 086 mil milhões de dólares.

*Docente universitário

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